Há quem queira comemorar o 25 de novembro? Muito bem. Eu, como militar de Abril, desejo que seja dado idêntico destaque oficial ao 28 de Setembro de 1974, em que "quebrámos os dentes à reação", e ao 11 de Março de 1975, em que derrotámos a golpada de Estado spinolista. Concordam?
22 comentários:
Porque não ? Tou nessa.
O que o pessoal quer é feriados. venham eles donde vierem, para 70% da população isso são estórias de pais e avós como era no meu (e seu) tempo o 28 de Maio. Quanto a vitórias e derrotas isso é sempre muito relativo.Só interessam os sobreviventes, estropiados ou não e infelizmente já faço parte do 1º grupo
É perguntar porque é que o franceses comemoram, como data nacional, o 14 juillet e não o 18 de Brumário...
Não.
Discordando quase sempre do que diz na filial norte-americana televisiva onde opina, discordando menos com o que escreve neste blogue, concordo inteiramente. Até porque, convenhamos, o 25 de novembro foi uma típica operaçãode de bandeira falsa.
Subentende-se que nenhuma dessas datas deve ser comemorada. No que estou de acordo.
A ideia de comemorar o 25 de Novembro não é nova. Contudo, Carlos Moedas, investido na pose de Presidente da CML, anunciou-a como se fosse original e algo muito importante, a marcar o seu mandato lisbonense.
O que o Presidente Carlos Moedas quer mesmo é que se fale dele (o que estou a fazer) e para isso ele tem de dizer umas coisas que saiam fora da rotina municipal. O que é que a CML tem a ver com o 25 de Novembro?
Pois não concordo.
Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa…
Onde iriam dar os acontecimentos que levaram ao 28 de Setembro de 1974 se não tivessem sido travados quase na hora? Ninguém sabe, nada se pode provar, “ses” e elucubrações variadas não interessam.
Onde iriam dar os acontecimentos que levaram ao 11 de Março de 1975 se não tivessem sido travados quase na hora? Ninguém sabe, nada se pode provar, “ses” e elucubrações variadas não interessam.
Onde LEVARAM os acontecimentos que desembocaram no 25 de Novembro de 1975?
Todos sabemos, pagamos desde essa altura (e ainda hoje andamos a pagar uns restos) os custos sociais, políticos, económicos e financeiros desses acontecimentos.
Não há “ses” nem elucubrações ao fim de meio século de vida vivida e contada por tantos de todos os quadrantes, com factos e números.
E “aguerreiro” tem razão quando diz que “isso são estórias de pais e avós como era no meu (e seu) tempo o 28 de Maio”.
Tirando as inevitáveis excepções, por interesse próprio ou por educação familiar, as gerações seguintes não querem saber disto para nada.
"Isso é História" todos dizemos do que já não nos interessa hoje: é o caso.
O problema é sempre o mesmo e não me canso de o repetir, quem não lida com alguma proximidade e frequência com as gerações seguintes, as ouve e é por elas ouvido, continua agarrado a “soixante-huitardismos” de todos os matizes.
Como eu lido com filhos, netos, conhecidos dos filhos, conhecidos dos netos e eles até parece que me acham um “cota porreiraço” com umas histórias divertidas, lá me vão ensinando qual é o mundo deles.
E ainda bem, o meu e dos da minha idade está em saldos de restos de colecção.
PS- Ter estado naquela minha fase “interina” na dependência também “interina” do Fittipaldi das Chaimites, de quem discordava, faz de mim um militar de Abril ou nem por isso?
Senhor Embaixador,
Permita-me que discorde.
Sem 25 de abril não haveria 25 de novembro, mas,sem este, e pelo rumo que o país levava, seguramente que não estaríamos aqui a opinar.
Fernando Neves
O 25 de Novembro não foi feito pela direita. Foi feito pela esquerda moderada do MFA.basicamente pelo nove e seus apoiantes. Foi oMelo Antunesa que salvou a direita de tomar conta desse dia, sacrificando o a sua eventual carreira política, como ele próprio disse, , ao impedir que fossem presos membros do PC. Acho bem que se comemore. O 25/11 ma vez no 50o aniversário. Constituiu a consolidação da daemocracia.
Concordo. Ora aí está uma proposta política muito interessante, to say the least.
a) P. Rufino
Comemorar os dias em que deixámos de ter partidos de Direita moderada em Portugal (28 de setembro de 1974) e o dia das nacionalizações e de aproximação à cubanização de Portugal (11 de março de 1975) - não obrigado... Já o dia em que a possibilidade de uma ditadura do proletariado "socialista" se esfumou para termos uma democracia ocidental parece-me uma boa ideia... Sem feriado, naturalmente.
nim.
Não, não são comparáveis.
Concordo inteiramente!
E discordo totalmente da iniciativa do presidente da CML.
O Sr. embaixador sabe que tem leitores que têm pelo menos a sua idade e que acompanharam de perto os acontecimentos em causa.Por isso meter no mesmo saco as datas referidas é históricamente incorreto.
25 de abril é o Dia e a Data!
Os acontecimentos subsequentes até à a aprovação da CRP de 1976 são próprios de um período pós-natal, as datas mais marcantes desse período fazem parte desse percurso, todas com a sua importância, mas sempre aquém do Dia e da Data. O epílogo desse pós-natal dificilmente seria uma "Democracia Popular".
"Já agora"..o que é marcante é : por quê agora? A Gestão da CML é fraca e ..??
Então, temos uma direita incapaz de ter alguém capaz de propor alguma coisa estratégica e pensada, sobre seja o que for ( IRS, corporações, modelo de crescimento setores estratégicos),, a não ser coisas de um elevado nível demagógico:baixar impostos já ..aumentar a despesa pública ..
Portanto, temos um Presidente da CML sem equipa e sem estratégia para Lisboa, que vai ao baú buscar qualquer coisa fraturante para dar um sinal ao "centro direita", que é candidato a candidato unificador dessa direita.
Então o senhor não se fartou de falar durante a campanha para as autárquicas, em moderação e ..,.,e agora saltou para o "abismo" do radicalismo e de uma data que divide a sociedade portuguesa que , Ramalho Eanes não se atreve a propalar sem mais nem ontem?
Foi picado......
«25 de Novembro e rigor histórico
O 25 de Novembro não tem qualquer comparação com o 25 de Abril, misturá-los diminui o significado do primeiro. O 25 de Abril foi uma data fundadora que acabou com 48 anos de ditadura, e com três guerras coloniais, em Angola, Moçambique e Guiné. Foi um acontecimento de dimensão mundial. O 25 de Novembro, foi uma data correctora, comparável à derrota do golpe de 11 de Março, que teve o mesmo papel.
(…)
Quem foi derrotado no 25 de Novembro? Há dois derrotados, um, a 25, outro a 26. A 25, claramente a extrema-esquerda militar; a 26, todos os que queriam usar a derrota do dia anterior para proibir o PCP. Em ambos os casos quer uns quer outros, se ganhassem, podiam no limite abrir caminho para uma guerra civil, e a democracia ficaria em causa por muitos anos. É a derrota das duas tentativas que torna o 25 de Novembro importante, e, caso seja esse o conteúdo das comemorações, elas serão mais conformes com a verdade histórica.»
Comemorar o 25 de Novembro? Porque não, desde que o que se comemore seja o que aconteceu e não a interpretação da direita radical do que aconteceu.»
José Pacheco Pereira, PUBLICO, 8 de Outubro de 2023
Subscrevo inteiramente e na totalidade esta posição de JPP do 25 de Novembro!
E para o ano vão comemorar 50 anos do quê?
É que fora as liberdades políticas, o que não é pouco mas era provavelmente inevitável, falhou tudo.
Podem fazer o elogio dos progressos feitos, tipo antigamente poucos tinham carro, antigamente...só que no hic et nunc continuamos comparativamente tão atrasados como antes, uma fossa atrasada na periferia da Europa. Antigamente eram poucos os que tomavam o avião. Agora são aos magotes, one-way ticket, please. Mudaram foi da valise de cartão para a Samsonite.
O 25 de Novembro foi uma “operação especial”, bem programada e melhor executada, por quem nunca, verdadeiramente, perdeu o poder.
Em finais de 1974, Frank Carlucci foi mandado para Portugal com a missão de avaliar e conter o PREC. Entretanto, ocorreram uma série de eventos anormais, República, Renascença, assalto e incêndio da embaixada espanhola no Porto.
A semelhança destes eventos com as primaveras árabes e as praças não sei quê é evidente. Há uma mão invisível a comandar essas movimentações. No caso do português acredita-se ser a mão do Frank Carlucci.
O resultado foi o que se viu, a exemplo do que já sucedera em outros países, o regresso dos que temporariamente perderam o poder: Os Mello, Champalimaud, Espírito Santo e outros.
Ou seja, comemorar o 25 de Novembro é comemorar a vitória da finança, da banca, de quem hoje todos nos queixamos e ainda pagamos.
Nota final, cumprido com sucesso o seu papel em Portugal, Frank Carlucci ainda acabou por liderar a organização da qual fora agente, a CIA.
Daqui a uns daqui a uns anos já vão ser outros a mandar e a fazer a história.
Correção: em vez de "Democracia Popular" leia-se "República Popular".
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