Há por aí uma pequena confusão na análise dos dissídios europeus. Convém, assim, separar as águas. Os governos polaco e húngaro têm vindo a mostrar, desde há anos, comportamentos inconformes com os tratados europeus, em especial pela falta de respeito pela separação de poderes e outras "malfeitorias" anti-democráticas. Por essa razão, vivem sob escrutínio das instâncias comunitárias competentes. Curiosamente, a Polónia é ferozmente anti-russa (embora tenha tido um recente e pontual conflito cerealífero com a Ucrânia) e a Hungria é precisamente o contrário (embora com idêntico problema com Kiev). Surge agora, no mercado da polémica, o caso da Eslováquia, por coincidência também com um conflito com a Ucrânia por virtude dos cereais. Se, como tudo o indica, um futuro novo governo eslovaco vier a mostrar-se mais favorável a Moscovo e mais distanciado do apoio europeu maioritário à Ucrânia, nomeadamente opondo-se à entrada desta na NATO, a Eslováquia em nada incumprirá com os tratados europeus. O facto de não gostar do governo de Zelensky não tornará o novo líder popular junto da maioria dos parceiros europeus, mas, até prova em contrário, não o faz incorrer em qualquer ilegalidade face ao normativo comunitário. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
11 comentários:
Os chefes da diplomacia dos 27 do bloco europeu, estiveram hoje reunidos em Kiev. João Gomes Cravinho, que eu pessoalmente considero não passar de um moço de recados de Washington, veio mais uma vez repetir a cassete gasta sobre a "necessidade de apoiar a Ucrânia e durante todo o processo que for necessário para retirar as forças russas do território da Ucrânia para que haja paz."
Esta gente ainda não entendeu que já perdeu a guerra e que a única coisa que falta agora descobrir, é quais serão os termos de rendição que a Rússia vai impor à NATO na Europa. Sim, porque do ponto de vista geopolítico e geoestratégico, quem a Rússia está a combater e a derrotar na Ucrânia são as forças combinadas da NATO e do Império Ianque. À Ucrânia propriamente dita, resta-lhe agora apenas aceitar uma rendição total e incondicional a Moscovo, ou em contrapartida, cessar a sua existência por completo, em conjunto com a NATO, que vai sair completamente humilhada e descredibilizada deste conflito.
O objectivo maior da Operação Militar Especial da Rússia na Ucrânia é a destruição da NATO. Este objectivo está gradualmente a ser atingido em várias frentes, não apenas pela via militar, mas também pela económica, em conjunto com os parceiros da Rússia nos BRICS e na Organização para Cooperação de Xangai.
Exatamente, Francisco. Muito bem.
trabalho é trabalho, conhaque é conhaque.
sem coisa, não há coisa?
Sendo certo que a Eslováquia não incorreria em qualquer ilegalidade, o certo é que os eurocratas não deixarão de interferir nos rumos internos do país, veja-se o caso da Grécia e Hungria apenas para referir os mais notórios. Os restantes países incluindo PT serão sempre cordeirinhos amestrados e manietados pela voz do dono.
"O objectivo maior da Operação Militar Especial da Rússia na Ucrânia é a destruição da NATO. Este objectivo está gradualmente a ser atingido em várias frentes, não apenas pela via militar, mas também pela económica, em conjunto com os parceiros da Rússia nos BRICS e na Organização para Cooperação de Xangai."
Vamos apenas reter esta frase como exemplo do mundo alienado da propaganda.
Pls no more vodka prá table do canto!
É sempre salutar ler comentários de pessoas, como o leitor João Nobre, que não compram a narrativa oficial do trio "EUA/Nato/UE", que mais não é do que manipulação informativa e propagandista.
Naquela visita patética a Kiev, 26 MNEs (houve um que discordou do coro, ao que se veio a saber) debitaram obedientemente o apoio político-militar que Bruxelas e Washington lhes dita.
2. Não me admiraria que um dia, alguns bacanos das altas patentes militares ucranianas se cansassem da guerra e decidissem correr com o traste do Zelensky, iniciando negociações directas com Moscovo, com vista ao fim do conflito (com cedências territoriais ao Kremlin e a garantia de neutralidade, deixando cair esse devaneio de ser, um dia, membro da Nato).
a) P.Rufino
A caixa de comentários do blogue do Sr. Embaixador é um mar de submarinos. Aproveito para saudar a sua paciência e espírito democrático e corrigir a frase que deve ser, "uma coisa é uma coisa, outra coisa é uma coisa completamente diferente" ML
Senhor Embaixador : Se fossem so " comportamentos inconformes com os tratados europeus, em especial pela falta de respeito pela separação de poderes e outras "malfeitorias" anti-democráticas" ...
Desde Novembro de 2015, a Polónia e o seu governo ultraconservador PiS (Lei e Justiça) têm seguido uma política que visa erradicar os símbolos comunistas e o passado da República Popular Polaca.
Como Zelensky na Ucrânia.
Esta política é acompanhada por condenações de activistas e líderes do actual Partido Comunista Polaco, mas também, ao mesmo tempo, por um aumento do nacionalismo que é justamente preocupante.
Um governo reacionário para eliminar um passado progressista.
No poder desde 2015, o PiS foi rápido a aplicar o seu programa liberal, ultraconservador e anti-imigração, que corresponde à onda nacionalista que assola a Europa, os países bálticos, a Hungria e a Alemanha.
Anticomunista por natureza, o governo polaco não hesita em colocar as forças nazis e comunistas no mesmo cesto (imitando deste ponto de vista o governo húngaro), uma vergonha para um partido de extrema-direita.
Correndo o risco de surpreender os mais ignorantes, as democracias populares, e a República Popular da Polónia, nome oficial da Polónia socialista até 1989, não foram apenas os países que alguns tiveram prazer em criticar sempre, como se absolutamente tudo tivesse sido negativo.
Na época do socialismo, a saúde, a educação, a habitação, a cultura, o emprego, eram prioridades do Estado. supriu todas as necessidades básicas da população.
No entanto, desde a queda do campo socialista, salvo erro meu, a situação dos polacos não melhorou do ponto de vista económico e social, tende até a deteriorar-se.
Este "PIS" tem os dentes acerados ! A difamação atingiu novos patamares quando o presidente polaco Duda tentou banir o partido da oposição polaca liderado por Donald Tusk.
É preciso espírito democrático para se ser democrata?
E eu a julgar que isso era a coisa mais natural do mundo num democrata.
Está-se sempre a aprender.
E de facto uma coisa é ser-se democrata, outra coisa é dizer-se democrata, aí estou de acordo que é algo de completamente diferente.
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