sábado, outubro 07, 2023

Ainda vamos a tempo?

A imensa tragédia que atravessa Israel é também o saldo de décadas de tibieza dos atores internacionais relevantes, que nunca revelaram coragem política para isolar politicamente os vários responsáveis pelos ciclos de radicalismo que se têm sucedido no conflito israelo-palestino.

14 comentários:

J. Carvalho disse...

Não me parece. O peso de Israel fora de Israel é tão, tão grande que nada demoverá a estratégia de colonização e ocupação total da Palestina. A ONU, entretanto, lamenta e aprova resoluções. Os países, como Portugal, lamentam e, pasme-se, pedem contenção. Depois, os grupos radicais palestinianos põem-se a jeito e dão jeito para justificar o que se segue.

Anónimo disse...

Essa " imensa tragédia" é um exclusivo de Israel, meu caro ?!

MRocha

João Nobre disse...

Não me revejo, de forma alguma, nas palavras de condenação dos líderes da UE, em relação à operação militar que o Hamas lançou hoje contra Israel.

Israel é um Estado terrorista e genocida, que faz da limpeza étnica dos povo palestiniano, uma política oficial.

Se qualquer outro País do Mundo fizesse a um povo, aquilo que Israel faz aos palestinianos há décadas, não tardariam a chover condenações, sanções e muito provavelmente, até mesmo alguma acção militar da parte do Ocidente liberal da hipócrita "rules based international order". Mas Israel faz o que faz e continua a contar com o apoio sólido da UE e dos EUA, porque o lobby sionista possui tentáculos profundíssimos no establishment político e mediático do Ocidente.

Anónimo disse...

Senhor embaixador:
...e a ainda "mais imensa" tragédia que atravessa o povo palestiniano?
O seu início é um desastre, senhor embaixador.
Mas é assim, é assim que estamos, que estão muitos.
Senhor embaixador: não imagina a quantidade de "literatura" que tenho sobre a "solução final" alemã. E fui a Aushwitz-Birkenau para gravar aquilo no meu "disco rígido"; e não imagina o que penso dos alemães e de outros vizinhos por causa disso.
E, de há tanto tempo a esta parte aquela imensa tragédia na "terra santa"...
Um começo desses significa o quê, senhor embaixador?
MB

Anónimo disse...

Sou um admirador do povo, da cultura, do humor dos israelitas.tento informa-sobre tudo o que posso sobre o holocausto, o maior frima da História. mas custa me ver o povo que durante séculos sofreu perseguições,que sofreu o holocausto, que continua a ser vítima de racismo trate os palestinos como um povo inferior e com preconceitos racistas.Israel é o maior violador do Direito Internacional,nunca cumpriu uma resolução do CSNU. É racista mesmo com os judeus não Eshkanazi,um Estado terrorista. , que assenta o seu poder na força e na superiodade étnica, estabeleceu um tegime devapartheid e a dar cabo da democracia mesmo para os judeus
Fernando Neves

manuel campos disse...


Alguém tinha que destoar dos comentários que por aqui vão, é a vida.
Destoar não é contrariar, é melhor avisar já que isto anda perigoso.

Uma tragédia é uma tragédia e eu não vejo que falar na "imensa tragédia que atravessa Israel" exclua a imensa tragédia que atravessa a Palestina ou outras zonas do mundo em situações semelhantes, mas isto nunca falha, ainda ontem ou anteontem aqui falei disso.
O hábito de os outros quererem que falemos do que eles querem, quando nós estamos a falar do que queremos, é coisa antiga, já muito abordei o tema.

Na minha (falsa) modesta opinião não foi só porque sim que os EUA, a UE e a NATO saltaram logo do sofá como se tivessem uma mola para condenar o Hamas e apoiar Israel.
Acho mesmo que há por aí uma espécie de "pânico" no ar.

Na Palestina os grupos radicais de há algum tempo para cá que tomaram conta da situação e têm um larguíssimo apoio da população como um todo.
Uma escalada da guerra por ali, numa altura em que o apoio à Ucrânia começa a ser visto com outros olhos, pois os Estados estão a chegar aos mínimos dos seus próprios meios de defesa e não vão gastar em armas o que nem sequer têm para gastar em saúde e educação, não é coisa entusiasmante.

E todos sabemos que sem os EUA não há apoio à Ucrânia que lhe valha.
E todos sabemos que se os EUA tiverem que escolher qual é que escolhem.
E todos sabemos que a UE, num caso desses, fica "agarrada à bronca".

Eu não estou a dizer que A tem mais razão que B ou vice-versa.
Estou a perguntar como é que saímos todos de mais uma mas não estou à espera de respostas práticas, teóricas há muitas.

PS- Países que apoiaram de imediato a acção do Hamas foram o Irão, o Líbano, a Síria, o Iraque, o Qatar, um bonito conjunto para o efeito.

Joaquim de Freitas disse...

A ocupação colonial da Palestina dura há mais de 75 anos, depois de parte do seu território ter sido cedida – na ausência dos principais interessados, nomeadamente as autoridades palestinianas! – aos colonos judeus para desenvolverem ali o seu projecto sionista.

A Resolução 181 da ONU, de 29 de Novembro de 1947, decidiu dividir a Palestina em 54% para os judeus – embora fossem uma minoria – e os restantes 46% para os palestinos. Foi o início da Nakba e da resistência.

Ao longo dos anos e da recusa do roubo das suas terras, estes 54% originais atribuídos ao projecto sionista tornaram-se, pela força armada do regime israelita apoiada pelo Ocidente global, quase todos os territórios com excepção de algumas bolsas isoladas onde as autoridades palestinianas exercem controlo apenas sobre questões civis.

A chamada “Cisjordânia” é regularmente objecto de novos colonatos com a intenção mal disfarçada de assumir o controlo definitivo e absoluto. A Palestina seria então definitivamente relegada à categoria de memória da história.

Esta divisão de 1947 causou tantas vítimas, deslocou tantas famílias e despojou tantos habitantes palestinianos das suas propriedades e da sua autonomia que vários historiadores falam de etnocídio. Além disso, levou à fuga de um grande número de povos indígenas como refugiados para países vizinhos.

No entanto, o projecto sionista de um “Grande Israel” continua mais do que nunca combatido dentro das fronteiras da Palestina histórica. As sirenes de Israel não acabaram de uivar…

Muitas pessoas se cansam e às vezes reclamam de ler e ouvir notícias de mais uma deterioração da situação na Palestina, com a impressão de ouvir um disco quebrado. Imaginemos por um breve momento como os próprios palestinianos, que não têm escolha, devem sentir as coisas.

Por isso, a ocupação está na origem de todas as tensões e é o ocupante quem pratica o terrorismo de forma sistemática e contínua.

Joaquim de Freitas disse...


Ainda sobre a Palestina e os direitos desprezados dos povos, dos quais as resoluções da ONU são o perfeito exemplo.

Acreditar e/ou fazer acreditar que, em nome destes “valores” desprezados, podemos perpetuar indefinidamente tantas injustiças na gestão dos assuntos nacionais e/ou internacionais é uma ilusão, uma mentira, uma traição que dia ou dia outro valerá a pena.

E tudo o que contribui para persistir neste caminho alimenta tensões como as que se acumulam e condensam ao nível das placas tectónicas do fundo dos oceanos: quando a energia assim acumulada é libertada, os resultados são proporcionais.

Ao nível nacional, quem pode negar que é urgente impor a paz social nas nossas sociedades através de uma partilha mais equitativa da riqueza? Vivo num país onde a pressão social sobe de maneira inquietadora. E sabemos porquê.

Mais que nunca, fala-se muito de privatizar tudo o que ainda pertencia ao sector público para tirar o máximo partido, em detrimento da comunidade. Até as guerras se tornaram assunto de milícias privatizadas.

Os nossos grandes lideres, nos seus grandes discursos com toques de fantasia humanistas, vendem todos os sectores da sociedade aos licitantes mais elevados, com algumas comissões secretas negociadas ao longo do caminho. Estes nobres “valores” tantas vezes mencionados são apenas a tela para os seus cálculos sórdidos. Aos seus olhos, nada tem outro valor senão o das suas contas bancárias num ou noutro paraíso fiscal.

Ao nível internacional, claro que é urgente impor a paz entre a Rússia e a Ucrânia, deixando de alimentar esta última através de entregas massivas de novas armas e reconhecendo que a NATO continuou a aproximar-se das fronteiras russas, apesar das suas promessas. Sobretudo quando sabemos quem são os beneficiários deste negocio de armas…guerra que um senador considerou ser o melhor investimento do seu país… porque rende muito e não lhe custa a vida de soldados !

Quem nega que é igualmente importante impô-la na Palestina, interrompendo o apoio imprudente ao regime israelita do apartheid, que já não tem nada a ver com os "valores" que as nossas agora disfarçadas "democracias ', sob o risco de uma conflagração suicida de uma região ultra-sensível sobre a qual ninguém terá mais controlo quando as forças antagónicas presentes cederem à pressão.

O governo russo tem alertado o Ocidente sobre os riscos com a Ucrânia há vários anos. Os palestinos há muito alertam sobre os riscos das colónias israelitas... Eu sei, vão me acusar de putinismo e radicalismo… Assim seja !

O direitolas irrevogável disse...

Coitados dos israelitas....um povo tão "fofinho", nunca atacaram os vizinhos, nunca ocuparam territórios dos árabes, nunca mataram em massa, sempre sossegadinhos no seu cantinho.... e agora os sacanas dos árabes, ao fim de décadas, fizeram esta maldade....A hipocrisia mundial não tem limites. Gostava era de saber quem foram os "inteligentes" que colocaram o estado de Israel no meio dos árabes.... assim tipo colocar a raposa ao lado do aviário.....essa é que é a questão básica. O resto.... tretas, e é um conflito que só acaba quando só existir um árabe e um judeu e se matarem os dois à dentada.

Luís Lavoura disse...

A imensa tragédia que atravessa Israel

Ainda ontem explodiu uma bomba em Hama, na Síria, que matou umas dezenas de pessoas. E a tragédia de que o Francisco fala é a israelita...

Anónimo disse...

Israel está a colher aquilo que semeou. Durante décadas martirizou o povo palestiniano, ocupa ilegalmente cerca de metade do seu território, destrói infraestruturas, hospitais, creches, escolas, vias públicas, para já não falar em itens de ajuda externa das NU, como medicamentos, água potável, etc (neste caso, sei do que falo).
Como aqui foi dito por um Leitor, Israel é um Estado terrorista, uma quinta coluna dos EUA para vigiar, controlar e ameaçar os países vizinhos do Médio Oriente. E, não esquecer, Israel foi fundado por uns tantos energúmenos, terroristas, que cometeram diversos actos terroristas, como, por exemplo o ataque ao hotel Rei David, em 1946, que resultou em 91 pessoas mortas, na sua maioria britânicos e 45 feridos graves. Curiosamente, a CM de Jerusalém, em 1995, decidiu homenagear esses terroristas e aquele acto terrorista, dando o nome a uma avenida com essa menção.
Não verto uma lágrima por Israel e pelo sucedido. Quem espalha ventos, colhe tempestades.
A finalizar, sugiro a leitura do excelente livro “A Line In The Sand”, de James Barr, que descreve magistralmente todo o processo que antecipou a criação do Estado de Israel.
Interessante de ver como falta coragem a esta patética UE (nem perco tempo com os EUA, por razões óbvias) em aplicar sanções, desde há décadas, a Israel por ocupar e martirizar o povo da Palestina. E é confrangedor assistir-se à posição dos nossos políticos cá por casa, sempre subservientes perante Washington e a UE a este respeito.
Já com a Rússia (com respeito à Ucrânia), houve “músculo”. Patético!
O Ocidente está desacreditado. E desde há muito tempo. Por culpa de si próprio.
O Médio Oriente é um vespeiro político-militar e os principais culpados são conhecidos.
a) P.Rufino

Joaquim de Freitas disse...

Já contei aqui esta história pessoal, vivida na Palestina, há uns anos.

Director comercial, na época, na firma onde trabalhava, tinha nomeado um agente em “Israel”, para a distribuição dos nossos equipamentos.

Depois de ter apresentado a minha firma a umas dezenas de industriais, numa palestra no Hotel Diplomata, em Tel-Aviv, muito bem organizada pelo agente, devo dizer, os primeiros negócios em algumas grandes firmas israelitas foram assinados.

Tudo corria bem até ao dia em que fui informado que o meu agente vendia em socapa um produto concorrente, em certos casos, onde este podia oferecer uma vantagem técnica particular.

Anulei imediatamente o contrato de representação, exclusivo, que nos ligava. E suspendi o pagamento de algumas comissões devidas.

Um dia recebi a citação a comparecer num tribunal israelita, para resolver o litígio. Um Domingo, no Tribunal da Nazaré, que me deu razão pois que tinha havido ruptura de contrato de “exclusividade”, da parte do agente.

Depois da passagem pelo tribunal, o meu advogado israelita convidou-me a participar a uma festa, numa aldeia próximo da fronteira libanesa. De vez em quando, sobrevoada pelos Mirage israelitas , em voo de observação permanente nesta zona fronteiriça.

Na estrada, em muito mau estado, que depois da nacional levava à tal aldeia, fui surpreendido pelas dezenas de ruínas de habitações, dos dois lados da estrada. E isto durante quilómetros…Perante a minha surpresa, o meu advogado explicou: “ Eram casas dos palestinianos, que expulsamos à medida que avançava-mos, não deixando ninguém para traz!"

Uma granada no interior e eles fugiam como coelhos! E nunca mais voltaram!

Era a NEBKA. Aprendi então o que significava esta palavra NEBKA : O “grande desastre” dos palestinianos!

Isto fez-me pensar numa história idêntica, que aconteceu aos franceses do Canada, quando os ingleses os venceram na batalha das planícies de Abraham, ocasionando a sua capitulação no Quebec, e à consequente expulsão para, no que é hoje, a Luisiana, de todos aqueles que não quiseram trocar a língua francesa pela inglesa. …Esta expulsão é ainda hoje celebrada como o “Grand Dérangement”.

Quando chegamos à festa, encontrei-me no meio de algumas dezenas de israelitas, entre os quais se falava mais de uma dezena de línguas…segundo o advogado. Esta é também uma explicação do grande drama que vivem os palestinianos, que viram as suas terras confiscadas e as suas casas destruídas, para as ceder aos judeus do mundo inteiro que de Moscovo, Kiev, Lviv e Lisboa vieram atrás do sonho da Terra Prometida, guiados pelo sionismo. Ao preço exorbitante da morte dum povo milenário, semita, o Povo de Palestina.

manuel campos disse...


Pelo que leio por aí (e até por aqui), não tarda nada e ainda aparece gente que se diz isto e aquilo mas que, num momento de distracção subconsciente, nos virá dizer que afinal Hitler (e não só) até eram capazes de ter alguma razão.

Carlos Antunes disse...

Como Portugal, se tivesse sido criado como Israel, seria hoje, um Algarve Palestiniano!
1946 – A Liga das Nações decidiu “doar” um pequeno território de Portugal a norte do rio Mondego, aos romanitas (italianos de Roma), herdeiros naturais da civilização romana, pois por razões históricas estiveram na Lusitânia legando-lhe o seu conhecimento civilizacional.
1956 – Numa ofensiva sem precedentes, o novo Estado a norte do Mondego, ataca e conquista todo o território até ao rio Tejo. Alega pertencer-lhes por direito de herança histórica. Os portugueses retaliam timidamente.
1962 – Verificam-se raids dos romanitas para lá da fronteira natural do rio Tejo e implantam-se colonatos. Os portugueses, fracos e quase desarmados defendem-se e são rotulados pela comunidade internacional, de terroristas.
1995 – É hasteada a bandeira da Romania no cimo do castelo de S. Jorge em Lisboa e a cidade é agora partilhada pelos dois povos (portugueses e romanitas)
1996 – Portugal, transfere a sua capital para Beja, por pressão da ONU.
2001 – A República de Romania bombardeia durante 4 dias a nova capital portuguesa (Beja) justificando o ataque com células terroristas da resistência lusa.
2018 – Beja capitula, e Portugal, que já não é considerado nação soberana pela comunidade internacional, está agora acantonado no que outrora foi conhecido pelo Reino dos Algarves.
2023 – ………………. e a ocupação continua!
Uma estória inventada pelo meu imaginário, mas que não deixa de ter alguma relação com aquilo que presidiu à criação do Estado sionista de Israel (o Acordo secreto negociado pelos diplomatas britânico de Mark Sykes e francês François Picot de 19 de Maio de 1916, sobre as esferas de influência britânica e francesa na sequência da derrota do Império Otomano na 1.ª Guerra Mundial, a Declaração do Secretário Britânico dos Assuntos Estrangeiros Arthur Balfour de 2 de Novembro de 1917, a Decisão Conselho da Sociedade das Nações de 24 de Julho de 1922 que reafirmou as áreas definidas pelo Acordo Sykes-Picot e, finalmente, a divisão pela ONU em 29 de Novembro de 1947 (Resolução n.º 181) da divisão do mandato britânico da Palestina em dois Estados: um judaico e um árabe e a colocação de Jerusalém sob estatuto internacional).
Como dizia Groucho Marx “o humor pode ser também uma forma como a razão está a enlouquecer”.

Isto é verdade?