segunda-feira, agosto 22, 2022

Dom Pedro quantos?


Agora que o coração de dom Pedro vai sair da Lapa (não do meu bairro, em Lisboa, mas da Irmandade da Lapa, no Porto) para estar no bicentenário do Brasil, lembrei-me de uma velha anedota, que creio que já aqui contei.

Em 1972, o presidente português, Américo Tomaz, nos 150 anos da independência do Brasil, deslocou-se aí de barco, numa viagem que ficou famosa, para oferecer, em nome de Portugal, os restos mortais de dom Pedro, embora o seu coração ficasse, para sempre, na “invicta cidade”.

A acidez crítica da "vox populi" não desperdiçou a ocasião para dar uma bicada no “venerando chefe de Estado” ou “supremo magistrado da nação” - uma nação então sob ditadura, convém nunca esquecer, porque isso absolve e legitima toda a ironia.

Foi assim inventado um diálogo, que teria ocorrido, a meio do Atlântico, entre a mulher do presidente, dona Gertrudes Tomaz, e o marido.

Perguntava a senhora: "Ó Américo, por que razão é que nós, em Portugal, dizemos dom Pedro IV e os brasileiros lhe chamam dom Pedro I?".

O almirante, a quem a lenda pública atribuía (injusta ou justamente, a olhar alguns dos seus inenarráveis discursos) alguma simplicidade mental, terá respondido: "Ó mulher, então tu não sabes?! É por causa dos fusos horários, que são diferentes..."

7 comentários:

Leão do Fundão disse...

A Dª Gertrudes (Coitada), não foi aluna da Escola Naval!

Melhores cumprimentos Senhor Embaixador

Leão do Fundão

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Muito boa!!



Arber disse...

Eu ouvi outra, também interessante, há muito tempo.
E a resposta teria sido: "Foi IV cá e I no Brasil porque perdeu os três cá em Portugal"!

Anónimo disse...

Esta ficou célebre:
É a primeira vez que aqui venho desde a última em que cá estive.

aguerreiro disse...

O meu pai que foi enfermeiro na marinha, privou de perto com o comandante Tomãs como o (tratava) antes de ser almirante e presidente, tinha uma óptima opinião dele, como oficial da marinha honesto competente e sagaz, embora intovertido e ponderado. Nunca aceitou críticas de quem não o tinha conhecido e falavam por os outros ouvirem dizer.
É natural que com a idade fosse perdendo qualidades intelectuais e de avaliação, isso acontece com todos (os que lá chegam) e a Constituição republicana deveria ter em atenção a idade dos elegíveis para o cargo. Se estabelecem idade mínima devem estabelecer mãxima par o cargo.
Senão dá no que deu e não só em regimes ditatoriais. basta ouvir o quasi octogenário Lula da Silva. isto sem desmerecer o Bolsonaro que é mais novo e que o ultrapassa em dislates. Mas é assim a democracia,

Mal por Mal disse...

Também se dizia que Tomaz foi o primeiro presidente que virou cangalheiro.

Anónimo disse...

Caro Francisco,

Eu ouvi dizer na altura que se tratava do primeiro enterro em que os ossos iam ao lado do caixão.

Um abraço.

JPGarcia

25 de novembro