Vou confessar uma coisa: durante anos, quase sempre que alguém do PSD combinava comigo um almoço, para tratar de uma questão de natureza política, tinha quase a certeza de que o restaurante sugerido seria o “Vela Latina”. O pessoal do CDS sugeria sempre coisas clássicas e centrais, às vezes clubes; os do PCP optavam por locais mais espartanos e discretos, na outra banda ou em bairros periféricos; os do Bloco eram lugares de ambiente leve mas “trendy”, com preços razoáveis; os do PS? Comem onde calha, mas sempre bem! Um dia, e no estado em que anda a academia, ainda veremos alguém fazer um doutoramento de sociologia política em torno das preferências de raíz gastronómica dos quadros políticos. Contem comigo como fonte!
O “Vela Latina”, que fica nas proximidades da Torre de Belém, tem a superior vantagem de sempre se poder estacionar o carro, usando os seus lugares privativos. Ora eu, como assumido comodista de alto coturno, faço parte de quantos, sendo tal possível, estacionam mesmo em frente à porta dos locais onde pretendem comer.
Numa certa altura, o restaurante acomodou-se, se assim se pode dizer: não evoluía, a comida era de qualidade mas não entusiasmante, o serviço era cuidado e sempre atento, mas dava ares de começar a ser uma casa “cansada”. Ia-se lá por comodismo, na lógica: “Onde vamos comer? Sei lá! Olha! Talvez ao “Vela Latina”. É fácil de estacionar…”
Depois, um dia, tudo mudou. O “Vela Latina” renovou-se. Melhorou a lista, atualizou os vinhos, reviu o mobiliário, arejou a varanda (e até parece que criou uma dimensão asiática, na antiga sala de espera. Mas essa não é a minha praia, porque, tal como dizia, com óbvio exagero, um velho amigo, há semanas desaparecido, “em matéria de restaurantes étnicos, eu não passo dos alentejanos!”). O serviço - que ali foi sempre muito simpático, note-se! - mantém-se com grande qualidade: informado e atento. E, o que é mais importante, está-se a comer muito bem.
Preço? Forte mas adequado ao conjunto do que nos proporcionam. Eu gosto, cada vez mais, do “Vela Latina”. E continuo a ver por lá amigos do PSD! Os que têm bom gosto, claro!
4 comentários:
Pois eu, qunado quero resolver "assuntos" e calho de estar em Lisboa, vou ao Gambrinus, encontro por lá ministros, wannabes a armar ao pingarelho e tipos obesos de dinheiro mais as suas tartes de limão, como diria Tom Wolf, uma fauna interessante. O Gambrinus é carote, mas come-se sempre bem e nada há a apontar ao serviço. Já estacionamento...
Não sei agora mas há uns anos a esplanada da cafetaria era virada para a linha do comboio e não achava graça. O que eu gostava mesmo eram os relvados que convidavam a descansar e entrar na Torre de Belém e sentar uns minutos dentro das ameias a observar o Tejo e os garotos a aprender a velejar nos barquinhos pequenos. Para mim é a zona mais bonita de Lisboa junto ao Tejo que vai de Pedroços a Alcântara. Uma zona onde vivi 22 anos e estudei. Desculpe Sr. Embaixador, agora "bateu" a saudade:)
Cara Flor. São duas coisas diferentes. A esplanada de que falei nada tem a ver com a que referiu. É para o lado da marina.
Sim, sim eu lembro-me que a esplanada virada para a Marina era a do restaurante. Era um ambiente mais "privé".
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