quarta-feira, agosto 31, 2022

Mesas de agosto - “Casas do Bragal” (Coimbra)


Coimbra, para mim, foi sempre um mistério em matéria de restauração recomendável - e deixo estas linhas expostas às balas de reação dos conimbricenses fanáticos. Por anos, e porque a abundante Bairrada era já ali perto, passávamos adiante. Nos tempos em que a sina rodoviária nos encafuava obrigatoriamente na EN 1, às vezes com longas filas para atravessar a cidade, um tio ensinou-me o “Pinto d’Ouro”, um clássico desaparecido há muito (os últimos anos foram de trágico declínio), à entrada da ponte. Do outro lado do Mondego, havia um restaurante simpático, cujo nome me escapa, logo à saída da Portagem, nos primeiros metros a caminho da estrada da Beira. Se com pressa, ia-se a uma espécie de snack-bar, cujo nome também esqueci, em frente à Auto-Industrial. Com mais tempo, numa de típico, fazia-se uma surtida ao Zé Manel, mas eu nunca fui muito de ossos. E que mais? A sério, havia o restaurante das piscinas e ainda há, mais p’ró fino e carote, mas muito bom, o “Arcadas da Capela”, na Quinta das Lágrimas. E uma ou outra coisa, como o restaurante do museu Machado de Castro, uma boa experiência. Mas tenho de me informar melhor sobre a atual oferta restaurativa em Coimbra.

Há já bastantes anos, tendo afazeres em Coimbra, telefonei a um oráculo de estimação, que sabe imenso sobre isto, perguntando por dicas. Foi ele quem me falou do “Casas do Bragal”, uma reconstrução como ideia, nas cercanias de Coimbra, de um restaurante que já tinha existido na Beira. Creio que ainda não tinha experimentado a casa, mas tinha boas referências, pelo que até lhe era útil uma “cobaia”. E lá fui. O “lá” é mais fácil de dizer do que de chegar. Não me vou pôr aqui com explicações. Metam o GPS ou telefonem, pedindo indicações. Fica a 10 minutos de carro do centro de Coimbra, embora esta seja uma cidade em que o conceito de centro é mais que discutível. 

O importante é que, em Coimbra, me “viciei” na cozinha da Manuela Cerca, com a sala sob o comando do Eugénio Martins. Um espaço interessantíssimo, numa moradia de bairro, em que os pratos são pedidos enquanto nos refastelamos com um gin numa zona de sofás, rodeados de livros e revistas, só partindo para a mesa mais tarde, quando por lá já estão as seis entradas e as vitualhas centrais se aprestam a chegar. A carta vai variando. Peçam ao Eugénio sugestões de vinhos: já me fez descobrir coisas interessantes. As sobremesas estão num lugar onde sempre vou petiscar várias doçarias, para crédito da minha taxa de glicémia. Os preços, bem, os preços estão na conta de um restaurante de qualidade.

Na noite de sexta-feira, enquanto me concentrava sobre o que ia dizer ao encontro do Bloco de Esquerda, na manhã seguinte, como orador exterior convidado para falar sobre um tema de política internacional, decidi ir recarregar as minhas baterias burguesas ao “Casas do Bragal”. 

12 comentários:

Flor disse...

A sala tem um aspecto belíssimo e as mesas muito bem postas. O resto... só provando:)

Unknown disse...

Diz bem: " baterias burguesas"!

Anónimo disse...

"... logo à saída da Portagem, nos primeiros metros da estrada da Beira"? Como? ;) Ah, o snack-bar em frente à Auto-Industrial é o Reduto.

Anónimo disse...

Só para clarificar que a famosa Estrada da Beira não começa exatamente ao lado da Portagem. Seria o mesmo que dizer que a estrada de Lisboa para Torres Vedras começa logo à saída do Terreiro do Paço. Acontece apenas que o troço da estrada da beira que agora fica em Coimbra cidade, foi sendo absorvido pela cidade, mais ou menos desde os fins do século XIX, com a sua expansão.
Quanto à questão do “centro” de Coimbra, é uma questão curiosa. Coimbra ganhou vários centros ao longo dos anos, ou melhor, várias “centralidades”, como agora se diz, cada um mais ou menos autónomo e com a sua vida própria. Mas o centro tradicional continua a ser a baixa histórica, entre a Portagem e a Rua da Sofia.

Francisco Seixas da Costa disse...

Alguém pode dar alguma dica sobre o nome desse restaurante, à saída da Portagem? Era muito simpático. E o Reduto estava lá há 40 anos?

afcm disse...

Napolitano ? ( Fica na Estrada da Beira )

Anónimo disse...

O Reduto estava lá já há 40 anos, sim. Restaurante à saída da Portagem, talvez a afamada Cervejaria do Parque, na Avenida Navarro, em frente ao parque da cidade, mais ou menos cem metros da Portagem?...não estou a ver, mas da Portagem também se sai para as ruelas todas da baixa, que tem montes de restaurantes e tascas.

Anónimo disse...

O clássico de Coimbra, na gastronomia, sempre foi bom marisco, boa cerveja própria e comida boa de tasca, os petiscos, desde os ossos às moelas. Para o resto havia a Mealhada, que ainda é mais ou menos Coimbra, e a Figueira, Coimbra-C. Agora há já outras imensas coisas, contemporâneas, luxo, etc. É preciso é a pessoa interessar-se, procurar. Eu também, de repente, não saberia dizer o que há em Braga, por exemplo.

Anónimo disse...

Seria o D Pedro, esse restaurante "depois da Portagem"?

Rui Guimaraes disse...

Será o restaurante Dom Pedro, na Avenida Emídio Navarro, mesmo à saída da Portagem?

Anónimo disse...

Bem visto, o Dom Pedro, não me tinha lembrado. Isto apenas se vai esclarecer quando um dia o senhor embaixador fizer por ali uma busca ;)

Corsil disse...

Não fez reserva,no Food Circle da Comporta,para o dia 17?
Paciência, já está esgotado!

25 de novembro