A série “The Crown”, de que agora passaram mais dez episódios na Netflix, tem um imenso e perverso defeito. Ao dar um tom de verosimilhança a cenas que mais não são do que um mero produto de ficção, esses filmes podem levar os espetadores incautos a tomarem por verdadeiro o que mais não é do que uma mera suposição, por muito imaginativa que esta seja, sobre o caráter das pessoas ali retratadas, sobre a plausibilidade das cenas e diálogos apresentados. Para quem não possa ter tido acesso a outras fontes de informação, a rainha Isabel II ou o seu marido, o príncipe Carlos ou Margareth Thatcher, a princesa Ana ou Diana Spencer, são “mesmo assim”, comportaram-se “dessa maneira”, tanto mais que os filmes, para credibilizarem os seus argumentos, colam factos verdadeiros com outros totalmente inventados, à luz da criatividade dos escribas do “script”. E, deste modo, na cabeça de milhões de visualizadores da série, tudo isso passa logo a ser “História”. Por muito bem construída que a série esteja, um seu espetador mais atento deve ter sempre a consciência de que aquilo a que está a assistir não é um documentário e que há um elevadíssimo grau de arbítrio interpretativo - e, às vezes, claramente preconceituoso - no modo como a família real britânica e outras figuras surgem caricaturadas. No sentido positivo ou negativo, note-se.
quinta-feira, novembro 19, 2020
“The Crown”
A série “The Crown”, de que agora passaram mais dez episódios na Netflix, tem um imenso e perverso defeito. Ao dar um tom de verosimilhança a cenas que mais não são do que um mero produto de ficção, esses filmes podem levar os espetadores incautos a tomarem por verdadeiro o que mais não é do que uma mera suposição, por muito imaginativa que esta seja, sobre o caráter das pessoas ali retratadas, sobre a plausibilidade das cenas e diálogos apresentados. Para quem não possa ter tido acesso a outras fontes de informação, a rainha Isabel II ou o seu marido, o príncipe Carlos ou Margareth Thatcher, a princesa Ana ou Diana Spencer, são “mesmo assim”, comportaram-se “dessa maneira”, tanto mais que os filmes, para credibilizarem os seus argumentos, colam factos verdadeiros com outros totalmente inventados, à luz da criatividade dos escribas do “script”. E, deste modo, na cabeça de milhões de visualizadores da série, tudo isso passa logo a ser “História”. Por muito bem construída que a série esteja, um seu espetador mais atento deve ter sempre a consciência de que aquilo a que está a assistir não é um documentário e que há um elevadíssimo grau de arbítrio interpretativo - e, às vezes, claramente preconceituoso - no modo como a família real britânica e outras figuras surgem caricaturadas. No sentido positivo ou negativo, note-se.
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Senado
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9 comentários:
Curiosamente, não há qualquer aviso (que se note, pelo menos), relativamente a esse aspeto.
Mas - atenção! -, nos episódios onde a princesinha tem crises de bulimia, aí, meus caros, há um enorme aviso antes para prevenir as pessoas sensíveis. Afinal de contas, ver uma mulher a comer doces e, depois, a vomitar, é chocante.
ver uma mulher a comer doces e, depois, a vomitar, é chocante
Ver um homem a beber aguardente e, depois, a vomitar também é chocante.
Vê-se todos os anos menos 2020 nas Queimas das Fitas.
Luís Lavoura, você devia começar a contar até 10 antes de escrever.
A sério, homem, era bom para todos.
é verdade que parece que cada um pode inventar a História à sua maneira!!!
Israel é quem controla por inteiro a política externa da administração Trump, mas os media não falam disto:
https://toranja-mecanica.blogspot.com/2020/11/israel-e-quem-controla-por-inteiro.html
Contra Trump vale tudo, menos acusá-lo de ser uma marioneta de Israel, não é assim seixas da costa?
Percebes porque é que já ninguém compra os jornais da imprensa terrorista? É que as pessoas estão fartas de mentiras e propaganda do sistema.
Quando o jornalixo ganhar tomates e começar a expor os EUA como aquilo que são, ou seja, um País inteiramente controlado pelo lobby judaico, nessa altura logo passam a ser jornalistas a sério. Até lá, são jornalixo...
«Ao dar um tom de verosimilhança a cenas que mais não são do que um mero produto de ficção, esses filmes podem levar os espetadores incautos a tomarem por verdadeiro o que mais não é do que uma mera suposição, por muito imaginativa que esta seja, sobre o caráter das pessoas ali retratadas, sobre a plausibilidade das cenas e diálogos apresentados.»
Caro embaixador, é também o caso dos "romances históricos" e é desse material, mistura de meias verdades(muitas vezes pequenas verdades jornalísticas e não verdades de facto) com verdades inventadas descritas por palavras ou imagens às quais se junta uma pitada de falácia lógica, para dar o tal tom de verosimilhança, que se faz opinião na Net; afinal esta não inventou nada de novo limitou-se a aplicar a receita que já era maná na literatura.
E não na antiga literatura de cordel, que essa não pretendia enganar ninguém ao contrário da actual que mais se parece com literatura de bordel.
E, coisa curiosa, muitos críticos de literatura e cinema encartados, embarcam no panegírico destas obras sem sequer fazerem um aviso aos leitores: e os cineclubes existentes estão em vias de extinção.
jose neves
Burgesso Lavoura, vomitar depois de ingerir bebidas alcoólicas em excesso é uma reação fisiológica normal. Vomitar depois de comer doces não é natural, exceto se uma pessoa se forçar a vomitar.
Percebeu a diferença, seu parolo, ou é preciso fazer um boneco?
Lavoura, o Rei dos Imbecis...
Isto é assustador...
Com o meu comentário sobre os avisos, eu queria, apenas, chamar a atenção para o disparate que é chamar a atenção dos espetadores para o facto de uma das personagens sofrer de bulimia (como se isso fosse algo de chocante), mas não achar importante avisar de que tudo se trata de uma obra de ficção.
É aquele paternalismo politicamente correto no qual o Reino Unido chafurda.
O Lavoura é um profissional dos blogues. Em poucos minutos encontrei comentários dele nos seguintes:
Corta Fitas, Aventar, Blasfémias, Cachimbo de Magrite, Delito de Opinião, 5 Dias, O insurgente, Aspirina B, Jugular, O insurgente, Banda Larga, Semiramis, Portugal Contemporâneo, Semiramis e, claro, Duas ou Três Coisas.
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