A atenção que, nas últimas semanas, tem vindo a ser concedida aos políticos "centristas" na vida política francesa, por virtude da "contabilidade" da sua importância potencial no caminho para as eleições presidenciais de 2012, levou-me a recordar, numa visita de trabalho que fiz a Rouen, na passada sexta-feira, a figura de Jean Lecanuet (na foto), que foi "maire" da cidade durante um quarto de século. Lecanuet morreu em 1993.
Lecanuet foi uma figura importante na vida política francesa, em especial nas tentativas, quase sempre frustradas a prazo, de criar em França uma dinâmica centrista que pudesse abalar decisivamente a bipolarização esquerda-direita. Nesse esforço, logo no pós-guerra, desempenhou um papel relevante no democrata-cristão MRP (Mouvement Républicain Populaire), tendo obtido, como candidato presidencial, mais de 15% nas eleições de 1965, obrigando de Gaulle a uma segunda volta contra François Mittérrand. Aliás, este último político disse um dia (e cito de cor) que "o centro, em França, ou está à direita, ou está...à direita". Verdade seja que, com certas escassas exceções históricas (algumas das quais o beneficiariam), o líder socialista teve, as mais das vezes, razão nesta sua avaliação. Lecanuet fundou depois o Centre Democrate e, mais tarde, ajudou Giscard d'Estaing a chegar ao poder, tendo presidido à UDF (Union pour la Démocracie Française) que apoiava a ação presidencial. Foi ainda ministro, senador e deputado.
Nos contactos locais que tive, tentei perceber o que resta da memória de Lecanuet no imaginário de Rouen. Acabei por ser apresentado a um seu antigo colaborador que, emocionado, me disse que Lecanuet está para Rouen como Chaban-Delmas estava para Bordeaux. Deve ter razão, embora as figuras não possam ser comparáveis, na sua respetiva dimensão nacional.
Nos contactos locais que tive, tentei perceber o que resta da memória de Lecanuet no imaginário de Rouen. Acabei por ser apresentado a um seu antigo colaborador que, emocionado, me disse que Lecanuet está para Rouen como Chaban-Delmas estava para Bordeaux. Deve ter razão, embora as figuras não possam ser comparáveis, na sua respetiva dimensão nacional.
No almoço que tive com a dinâmica "maire" da cidade, Valérie Fourneyron, num restaurante dirigido por um chefe português com grande expressão na região (o coimbrão José Rato, do restaurante "Reverbère"), ouvi - como sempre - palavras de grande apreço pela Comunidade portuguesa, da qual encontrei uma dezenas de pessoas mais tarde, num convívio organizado pelo nosso Cônsul Honorário local. Na região normanda de Rouen temos vários empresários de sucesso e algumas associações bastante ativas. Prometi interessar-me pelo ensino de português na Universidade local e colocar a AICEP na rota comercial da região, com cuja Câmara do Comércio também reuni.
Uma das angústias com que, muitas vezes, saio deste tipo de visitas é a dificuldade em conseguir dar uma sequência operativa eficaz a coisas promissoras que "ficam no ar". Não chegamos para tudo...