Ontem, ao intervir na Fundação Gulbenkian, a convite da Casa da América Latina e do Instituto Diplomático, dando uma visão portuguesa sobre aquele sub-continente americano, recordei uma obra histórica de Marcel Niedergang, um livro que li no final dos anos 60: "Les vingt Amériques Latines".
Ao ouvir vários dos intervenientes, dei-me conta de como pode ser redutor o conceito "América Latina", da imensa variedade de realidades que ele esconde, sob a capa federadora da língua e de alguma cultura comum.
Organizei o que disse na minha intervenção em tópicos, a que talvez algum leitor pode achar interesse:
- Há uma política de Portugal para a AL?
- O Brasil. A América hispânica. As "Américas Latinas". A retórica e a realidade.
- O tempo das ditaduras (na Europa e na AL). Portugal: uma política bilateral errática e de oportunidade. O Brasil e a AL no esforço internacional de defesa colonial de Portugal. Migrações e culturas.
- A integração europeia e o início de um novo "olhar europeu" sobre a AL. Portugal e a Espanha na política exterior europeia. Papel da França e Itália.
- Integração latino e sul-americana. Limites, frustrações e dúvidas.
- Crescente comunidade de valores euro-latinoamericana. Ação comum nos fóruns multilaterais. Problemas: Cuba e outros. Haverá um agravamento futuro das divergências? Desenvolvimento e comércio. Protecionismo. A conflitualidade intra-AL como possível problema.
- Processo íbero-americano: as dificuldades e os equívocos. O "gigantismo" do Brasil. A "tutela" espanhola. Os limites realistas do exercício. Portugal e Espanha no exercício.
- O Brasil e a sua vizinhança hispânica. Bom gigante ou "big brother"? Conceito de "América Latina" não existe para o Brasil: só "América do Sul".
- Brasil e EUA: manter a "América do Norte"...a Norte - questões Colômbia, Amazónia e IV Frota.
- Para fazer em comum: reforma da ONU? Agenda do Milénio? Multilateralismo comercial e ambiental? Defesa e segurança? Atlântico Sul, droga e terrorismo numa possível agenda renovada.
- Portugal e a AL: sempre velhos amigos mas não amigos velhos.
8 comentários:
Credo... É melhor contar desde logo com uma semana de jornadas... Sem espaço para debate logo nem chatos de plateia.
Isabel Seixas
Caro embaixador...
Va, por favor, até Brasil, 5/12/2009 e veja o titulo e a foto....
Que aborrecidos que sao os leitores atentos...e com boa memoria : ))
Cara Júlia: há limites para a criatividade e eu padeço deles, reconheço.
"há limites para a criatividade"?!
Eso, ni usted se lo cree...
: ))
Ou seja coloca-se um freio ABS...
Criativemo-nos doseando a criatividade.
Isabel Seixas
Um item chama a atenção a questão da verdadeira paranoia (sei que o Sr. Embaixador não usaria este termo, mas eu posso..:)) brasileira com os EUA que leva boa parte dos analistas e dos políticos a ver a NATO como mera extensão do "Império" e portanto desconfiam muito da tal guinada para o Atlântico da OTAN.
Acho que esse será um campo excelente para atuação de Portugal. Aqui há um verdadeiro pânico com frotas estrangeiras no Atlântico Sul.
Pelos tópicos o senhor e eu temos uma opinião muito similar quanto a noção de América Latina no Brasil que só existe no discurso, na prática só trabalhamos com América do Sul. Perdão pelo comentário longo e meio mal ajambrado.
Abs,
estamos muito ausentes da AL,investimentos, cooperação, cultura,lingua, representações, excepto um pouco no brasil e na venezuela, através da comunidade portuguesa. Estamos completamente fora da america central e caribe (só em cuba é que temos uma minuscula embaixada). a TAP só vai ao brasil e venezuela. Institutos camõoes, quantos nesses 30 paises?
Até do brasil os espanhois nos tiraram brutalmente a vivo (humilhante)
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