sábado, novembro 06, 2010

Informação

Neste mundo de informação instantânea - onde o mais difícil é "vermo-nos livres" da informação a mais e ter acesso apenas àquela que nos é essencial - esta fotografia da delegação do jornal "O Século", no Rossio de Lisboa, nos anos 40, dá-nos uma imagem curiosa do que era a avidez pelas notícias, naquele tempo de guerra europeia. Os "takes" das agências noticiosas eram então sintetizados em notas à mão, que os passantes liam. 

Bem mais tarde, como muitos se recordarão, o sistema passou para as fitas noticiosas luminosas que eram exibidas em paredes (por exemplo, no Rossio, em Lisboa, e na Praça da Liberdade, no Porto) e que nos davam "as últimas", num estilo um pouco ao modo dos atuais rodapés dos telejornais (embora, nesse tempo, sem erros ortográficos).

Ao comparar as épocas, e, no caso português, descontadas as limitações da censura, devo dizer que fico na dúvida sobre se as pessoas desse tempo eram, de facto, menos informadas do que nós, relativamente ao que era essencial para a sua vida.

9 comentários:

jj.amarante disse...

Quanto à informação dos jornais, designadamente portugueses, cujas fraquezas conhecemos melhor, estaremos melhor porque não há censura mas a qualidade da informação deixa imenso a desejar. Agora a facilidade com que se acede a informação na internet e designadamente aos relatórios originais que são depois deturpados pelos jornalistas, estamos numa posição muito melhor pois muitas vezes podemos verificar as notícias, coisa que antes era muito mais difícil.

Anónimo disse...

"Vermo-nos livres"

"Era essencial"

In (FSC :2010)

Citado por...
Isabel Seixas

Anónimo disse...

O Pai por razões profissionais precisava de tirar a carta, embora já fosse ao vinho a santa valha com copiloto que o orientava e virava o volante sempre que necessário, o Sr. Pires, lá da nossa rua do sol, tinha receio de ser "apanhado".

Nós as filhas sofríamos as passas do Algarve de quando em vez pois O Pai não se coibia de se baixar para retirar as rolhas que se metiam debaixo do acelerador, independentemente de ir no alto de S. Lourenço e ser um precipício...Valia-nos o Sr. Pires e aqui não excluo um qualquer Anjo da guarda à falta de melhor explicação ...

Teve a informação lá de Lisboa pela Tia Aldinha que havia uma Escola de condução que dava/vendia as cartas rápido...

Lá nos apareceu o Pai com a carta aos cinquenta e tal anos, com uns maneirismos aprendidos lá por Lisboa zona de Queluz, que lhe permitiam brincar com o volante como quem faz malabarismo, permanecer na dúvida metódica entre o acelerador e o travão . subir passeios com a sua amada Dodge e querer entrar com ela cordialmente em casa dos vizinhos(Que apesar da consideração sabe Deus...)

Reservavam-lhe o lugar no estacionamento da rua com o cumprimento a preceito da distância preconizada... Pudera!

E nós filhas deixávamos de respirar em cada curva a ver o que dava...(Para além das nossas crises de pânico crónicas)...

In...(Formação)
Histórias de vida
Isabel Seixas

patricio branco disse...

Talvez houvesse mais tempo e espaço para os artigos de opinião e análise, que tornavam os jornais mais ricos de conteudo. Para a crónica, a reportagem à medida, as correspondencias.
Os garcia marquez, alberto moravia, vargas llosa, françois mauriac colaboravam regularmente nos grandes jornais.
A linguagem (sintaxe e ortografia) eram mais cuidadas, não havia tantos erros.
O monde era melhor há 20 anos que o de agora, o DN também, tinham mais conteudo, trabalho jornalistico.
ñão é que as coisas sejam más agora, mas há coisas que havia dantes e agora não. Enfim, saudosismo, o "antes era melhor".

Julia Macias-Valet disse...

Para podermos "contradizer" : ) este post teriamos que primeiro compreender a noçao de "...essencial para a sua vida." !

Helena Sacadura Cabral disse...

Isabel, que comentário divino! Passei por algo idêntico com o meu Pai, que era muito bom jurista mas péssimo motorista.
Patricio Branco não é saudosismo. Nem lirismo. É que se sabia, de facto, mais da língua mãe e de história. Hoje sabemos mais de outras coisas. Sobretudo, menos importantes. As estatísticas da educação melhoraram, mas a qualidade do ensino não acompanhou a melhoria. Lê-se pouco e estuda-se ainda menos...

Jose Martins disse...

Senhor Embaixador,
Bem lembro dessas fitas luminosas/noticiosas, na Praça da Liberdade, no Porto e em cima dos prédios do famoso Passeio das Cardosas...
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Ainda por ali caminhavam, gente grada do Porto, como no tempo de Camilo, com sapatos cobertos com "plainitos" e denhoras de chapéus.
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Nessa altura havia jornalistas e não era qualquer "badameco" entrava para a redacção de um jornal.
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Havia depois os de opinião e critica dura entre os quais o Dr. Ramada Curto que possuia um espírito crítico dos mais finos que encontrei até hoje.
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Depois chegou o 25 de Abril e surgiram jornalistas de todos os cantos em que alguns nem para servir de "faxinas" e recolher as informções das esquadras da polícia e em cima dos acontecimentos do dia.
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Um amador que sou do jornalismo e ex-correspondente da Lusa e outros jornais no Sudeste Asiátcio.
Saudações do Rio Kwai - Tailândia
José Martins

patricio branco disse...

Sim, HSC, havia de facto mais cuidado na escrita, nas traduções para português, mais cultura e criterio, mais equilibrio entre o sensacional e o fundamental, sobretudo mais amor ao jornalismo e ao jornal.
Tambem há coisas que agora estão melhor como a velocidade da noticia.

Francisco Seixas da Costa disse...

Aos comentadores: do meu post não se infira a menor nostalgia face ao passado, entendido?

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...