Entrar numa tabacaria em Vila Real, antes de almoço, e poder comprar o "Le Monde" com data "Jeudi 28 octobre 2010" (sim, eu sei que o "Monde" sai na véspera, a meio do dia, com a data do dia seguinte, mas mesmo assim...) é a prova provada de que a periferia já não é o que era.
Sem nostalgia (antes pelo contrário...), recordo-me dos tempos - final dos anos 60 e durante os anos 70 - em que disputávamos, da parte da tarde, os muito escassos "Diário de Lisboa" da véspera, que eram destinados à venda na cidade. Os mais atentos sentávamo-nos então no café "Pompeia", de olho na tabacaria do "Bragança", logo em frente, à espera de ouvir o barulho da motocicleta do Fernando "Choco", em cuja caixa traseira chegavam os rolos com os "Lisboas", trazidos da estação. O Neves da "Pompeia" ficava furibundo quando via abalar, de sopetão, esses clientes oportunistas, motivados apenas pela geografia citadina, em direção à pastelaria "Gomes", onde um mais generoso consumo, a leitura e a conversa de tertúlia dos universitários em férias iria prosseguir.
Alguns anos antes, muitos de nós tínhamos um ritual em tudo idêntico. Só que a moto era do Albertino "dos jornais", o local de espera eram as escadas do Banco de Portugal, no "Cabo da Bila*", a publicação por que se ansiava era, uma vez por semana, o "Cavaleiro Andante". Outras idades e outras letras.
*Com "b", claro
Alguns anos antes, muitos de nós tínhamos um ritual em tudo idêntico. Só que a moto era do Albertino "dos jornais", o local de espera eram as escadas do Banco de Portugal, no "Cabo da Bila*", a publicação por que se ansiava era, uma vez por semana, o "Cavaleiro Andante". Outras idades e outras letras.
*Com "b", claro
11 comentários:
O mesmo não posso dizer eu, que quando chegava para comprar o Diário de Lisboa, ao outro dia, pois eu morava nos arredores da cidade, já estava esgotado e para colmatar a falha, comprava o Diário Popular e lá ia eu todo contente com as mãos sujas de tinta preta de regresso a casa.
Como era importante para mim, na altura ler os jornais de Lisboa, pois os do Porto, sempre mais presentes, não despertavam tanta curiosidade.
Bons e belos tempos esses que nos trazem à memória, memórias de outros tempos.
Até q enfim algém reconhece q VRL já n é tão periférico,qnt a maioria das pessoas pensa.
Tb eu conheci todas estas pessoas...como o tempo voa!
Os meus cumprimentos sr.Embaixador.
(sra.da bata branca)
Ver desaparecer bons jornais é triste, causa nostalgia, sentimos a falta de algo. O diário de lisboa, o século (magnífico titulo de jornal), o diário popular, cada um tinha o seu encanto, estilo, posicionamento socio-politico e colaboradores. Todos nos fazem falta.
Sr Embaixador
Eu leio diariamente o Estado de MInas aqui em BH e na minha terra que é no interior de MG, a entrega também era de bicicleta. Somos assinantes há muitos anos.
Ele é fraquinho. Resume bem as noticias, mas amamos o nosso jornalzinho.
com carinho MOnica
Bem boas eram as idades, menos boas eram as letras...
Como é maravilhoso, encontrar um Blog de alguém natural da "preferia" de portugal, que desempenha alto cargos, e não se esquece das origens,
Muitos Parabéns
Arménio Carvalho Ribeiro
Ó Sr Embaixador,
Não me fale do POMPEIA que eu choro...
Tão feliz que fui no POMPEIA!... Ó tempo, volta pra trás!
Ai aquela bola de carne! Ai aquelas miudas bonitas... Olha, a filha da tabacaria BRAGANÇA... Bem gira que era...
Pois eu lembro-me mais do universidade,na proximidade dos bombeiros da cruz "verde" e da Escola de Enfermagem e UTAD...
E da ambiência(1981) ... Claro.
Ah! e do jardim da carreira, onde estudávamos anatmofisiologia, e não só, líamos os nossos jornais diários.
Permita-me incorporar também o Transmontano e a Voz de Chaves
Isabel Seixas
Estes comentários estão carregados de nostalgia.
Como disse o presidente do Brasil, Lula da Silva, estamos todos a ficar velhos, só pode ser isso...
" (...) Sem nostalgia (antes pelo contrário...)" - porquê?
É tão boa, essa moinha... (é, é!)
:)
Delirei com estes comentários todos! Ri imenso e como estou fora perguntam-me porque rio e eu ainda rio mais porque traduzido nada é igual!
Balha-me Deus!
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