Bela (e imperdível, para quem puder) exposição sobre a (primeira) República, a que está na Cordoaria de Lisboa.
Rigorosa e historicamente não demagógica, como seria de esperar de um académico do nível de Luis Farinha - que há meses tive o gosto de ter, como meu convidado, em Paris, para o colóquio realizado na Embaixada sobre a "Liga de Paris". E com um grafismo de grande força e elegância, na tradição a que o Henrique Cayatte nos habituou, desde há muito.
Três notas críticas, uma de fundo, duas de forma.
A exposição assenta, basicamente, nos eventos entre 1910 e 1926, isto é, sobre 16 anos de uma República que tem mais 84 de existência. Pena é que a mostra passe "a correr" sobre todo o cultivo da ideia republicana que a coragem de alguns fez sobreviver durante toda a ditadura salazaro-marcelista. E que o 25 de Abril, e o fantástico salto de modernidade e de aculturação democrática a ele subsequente, não sejam sublinhados como um orgulhoso património da nossa República.
Agora, as reticências de forma.
Presumo que 90% dos visitantes que chegam à Cordoaria se dirigem à sua entrada habitual. Hoje, eu e a totalidade das pessoas que queriam visitar a exposição lá fomos "ao engano", pela falta de indicação de que o início da mostra é, afinal, no torreão norte.
Posso ter sido iludido pela amostragem, mas a qualidade profissional das apresentadoras que explicam a exposição aos grupos pareceu-me fraca, com um discurso muito "papagueado". Uma delas relatava - aliás, perante o gramatical silêncio do auditório - que "houveram muitas revoltas" em certo período. Eu, que ia de passagem, não resisti e perguntei alto: "houveram?". E a menina, convicta de que eu estava a pôr em causa os factos, lá confirmou: "houveram, houveram, sim senhor!". Desisti...
Dito isto, acho importantíssimo que, quem puder, visite esta magnífica exposição, infelizmente só disponível até ao início de Dezembro. Despachem-se!
Dito isto, acho importantíssimo que, quem puder, visite esta magnífica exposição, infelizmente só disponível até ao início de Dezembro. Despachem-se!
9 comentários:
Está Bem,vamos já
Isabel Seixas
Já “houveram” tempos em que o ensino de português e a Educação “estiveram melhores”.
A tal menina é um bom reflexo destes “tempos modernos”.
Pena, mas deu-me a preguiça, por morar a cerca de 40 quilómetros da capital e não fui até lá. E como “outros afazeres” entretanto “demandam” a minha pessoa, infelizmente já não vai dar para lá dar um salto, que bem gostaria.
P.Rufino
(...) ainda bem que o Senhor Embaixador avisa. Vou lá sim, e levo uma gramática p/ oferta ao 'staff' que nos guia! Ah!... e um Dicionário dos Verbos Portugueses,
da Porto Editora.
Temos de ser, uns para os outros!
Também ando às aranhas com o acordo ortográfico.
Gostava de ser simpático (e correto) mas, tenho o "mau" precedente de Fernando Pessoa que, na época, também não engoliu o acordo do seu tempo! Era lá possível acabar com o « Y » do alfabeto?
"Houveram" pessoas que reagiram muito... e não 'sympathizavam' com aquelas novas regras esquisitas!
Na altura, cada 'escriba' redigia a seu bel-prazer e, hoje, ainda não consigo prescindir do 'estylo' daquela Pessoa.
Sou antiquado e tenho Vasco da Graça Moura e Miguel Sousa Tavares do meu lado! Dois, pelo menos!... e diferentes [para desempatar]!
Esquecia um livrinho de História para oferecer e explicar à "guia" que, hoje faz falta pessoas como nos tempos da 1ª República, em que "houveram" homens que sabiam impor e fazer valer os direitos de cidadania.
Mil perdões, por tanta asneira junta!
Respeitosos cumprimentos,
César Ramos
P. Rufino,
Nao se preocupe porque outras pessoas "há-dem" ir...
...existem enganos e sucedem erros.
Há descuido e ocorre deficiente formação.
Descubro às vezes que me engano e escrevo asneiras e detecto em insuspeitos escribas erros de palmatória.
Acontece a (quase ) todos, por isso talvez tenhamos que ser mais compassivos e, não deixando de apontar os mesmos, não nos sentirmos imunes ao facto.
Porque não somos: errare humanum est.
Vi, aprendi e gostei muito da magnífica exposição "Viva a República". Será por não encontrar "à primeira" a entrada da exposição que éramos só dois visitantes no fim de tarde em que lá fui? ou o pouco interesse do público em geral pela causa republicana?
Ainda bem que o Senhor lhe faz, aquí, uma bem merecida publicidade.
Sem dúvida, Margarida! Mas tal não impede também de reconhecer que o Ensino actualmente está pela hora da morte! Por razões várias e as principais vítimas são precisamente os estudantes. Ou seja, o futuro deste país!
P.Rufino
Serge Moscovici psicólogo Social diz de outra forma (Ou será a mesma?!Margarida...)
Sabemos muito mais
(Eventualmente do que não sabemos)
Da esfera do conhecimento global(Em quantidade, talvez do conhecimento do senso comum)
Do que da esfera do conhecimento especifico.
Uma espécie de
Cada vez sabemos mais de menos coisas, isto define a nossa especialização de uma área de conhecimento, mas se pesarmos, medirmos, somarmos, multiplicarmos basicamente dividir Mos , claro que vamos subtrair_Nos ignorâncias.
Talvez isto também seja Blogoterapia e já agora relativismo.
Isabel Seixas
"Houveram muitas revoltas...sim senhor, houveram".
Gostei dessa, da sua interrogação, FSC, e da confirmação da apresentadora.
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