quarta-feira, novembro 03, 2010

Esperança

A esperada "débacle" que se abateu sobre a administração Obama, nestas eleições "midterm", culmina um período de forte erosão política, fruto dos efeitos da crise económico-financeira, da não concretização prática de grande parte do programa presidencial e do natural ressurgir da América conservadora.

Não é novidade os presidentes americanos verem a sua base parlamentar de apoio ser reduzida nestes sufrágios a meio do percurso. Aliás, se refletirmos um pouco, facilmente chegaremos à conclusão que este método de renovação parcial dos legisladores, típico de regimes presidencialistas, é uma sábia "válvula de escape" constitucional que permite atenuar o poder das maiorias e dar voz pública aos descontentes com os anos anteriores de mandato. O sistema americano pode ter muitos defeitos, mas a sua sobrevivência, num país tão complexo, prova a sabedoria de quem o desenhou.

Cada presidente é um caso, mas Obama não é um presidente "normal". A eleição de um presidente negro - ou melhor, de um negro como presidente -, ligada a uma agenda de esperança quase regeneradora, representou uma mudança de uma gigantesca dimensão. Se a gestão Obama vier a revelar-se um fracasso, que efeito poderá ter esse fragoroso ruir da esperança? E que América lhe sucederá?

12 comentários:

patricio branco disse...

o sistema parlamentar dos eua nada tem que ver com o nosso e as regras são muito diferentes.
Penso mesmo que quase não existe disciplina de voto nas 2 câmaras dos eua.
Não acho que tenha havido um voto para penalizar obama.

Anónimo disse...

Quando Obama foi eleito uma maioria de eleitores dos EUA queriam uma mudança que os afastasse da guerra em várias frentes para onde a administração BUSH os levara e da crise económica.
Obama prometeu mudanças radicais na América, mas na economia tal ainda não teve resulatos visíveis. Obama insistiu também em regular demasiado a actuação dos operadores económicos e criar um sistema global de saúde inspirado nos europeus, sabendo que isso é um anátema para a maioria dos americanos.
Ontem pagou caro essas opções, que só não foram mais gravosas devido a escolhas insensatas do Tea Party, que impediram os republicanos de também conquistarem o senado.
Obama deve seguir o exemplo de Clinton e mudar o seu rumo. senão pode acontecer-lhe o que aconteceu a Carter a ao Bush pai.

Mônica disse...

Sr Embaixador
Nós aqui no Brasil agora estamos com a promeira mulher presidente .
|O que acha?
com amizade Mônica
OBVS Eu vou torcer para Obama continuar a dar derto.

cunha ribeiro disse...

O sistema presidencialista americano teria ou não sucesso nos países europeus? E em Portugal.

Eu prefiro o sistema americano. Pelo Menos não assistiria a actos tão lamentáveis como os de Jorge Sampaio e Cavaco Sila, para não ir mais longe.
O primeiro dissolvendo a Assembleia a mando da banca e do capital; o segundo, fazendo um mandato completo sem nada fazer que se visse, e fosse útil...

Anónimo disse...

Pior. Só mesmo para pior. Exemplos como Sara Pallin, Reverendos e outras figuras ultra-conservadoras, ou ultra-liberais, são lamentáveis, mas a verdade é que a América dita "profunda" (que está presente igualmente nos principais centros urbanos) "reconhece-se" neles. Patético, mas é um facto. Quanto a Obama, não estaria, pelo menos para já, tão decepcionado. Afinal, a" derrota" de Barack Obama foi de algum modo "contida", já que no Senado os Democratas conseguiram estancar essa "hemorregia". Haja esperança. E sobretudo...bom senso. But...who knows! Nos EUA, hoje em dia, tudo é possível. E é palpável, perceptível, uma certa vaga de fundo "ultra-montana". Oxalá me engane. Uma versão Século XXI de G.W.Bush não é um cenário reconfortante. Sobretudo, tendo em conta o panorâma político e económico internacional actual. A ver vamos...como dizia o cego! Oportuno Post!
P.Rufino

Helena Sacadura Cabral disse...

Agora sou eu a otimista. O discurso de Obama foi de uma grande dignidade e o reconhecimento de que os países se constroem com o que os une e não com o que os separa. é fundamental. O Presidente reconheceu-o. Só pode merecer o nosso respeito. E merecer a chance de conseguir.

Julia Macias-Valet disse...

É preciso ter "Hope" sobretudo quando as eleiçoes têm lugar pelos Finados !
Mas ha quem acredite na réssureiçao...

Helena Oneto disse...

Subescrevo os comentários de P. Rufino e do Anónimo (porquê anónimo???).

Um excelente artigo de Nicholas D. Kristof publicado no "The New York Tmes" em 28/10/2010 (antes do midterm)
http://www.nytimes.com/2010/10/31/opinion/31kristof.html?_r=2

responde, em parte, à pergunta do Senhor Embaixador:
"Give Obama a Break
In politics as in finance, markets overshoot. Traders and voters swoon over stocks or politicians one week, and then rage at them the next.
The infatuation with Mr. Obama was overdone in 2008, and so is the rejection of him today.”...

e ainda: "Presidents in both parties have talked for years about the importance of education, but until now it has been lip service. Improving America’s inner-city schools will be a long slog, but Mr. Obama has done far more than any other president in this area — arguably our single greatest national challenge. In my view, it’s his greatest achievement, and it has been largely ignored."

A gestão de B. Obama nestes dois anos não induz, penso eu, a un "fragoroso ruir de esperança"...

Anónimo disse...

Notou-se nos ultimos dois anos a incompetencia politica de Obama que parece ter sido catapultado para o poder por uma certa "inteligen-cia"americana e milhoes de negros e latinos.A classe media dos EUA esteve alienada e desconfiada deste festi-val.Os discursos obamanianos sao florilegios sem con-teudo,ao contrario dos que Ted Sores-son escrevia para JFK.O resultado esta a vista.O idealismo do povo americano em relacao a Obama durou pou-co,embora Obama continue a ter mui-tos "fans" fora da America.Lembra-nos o nosso Guterres.

patricio branco disse...

o próprio facto de as eleições parlamentares serem ao meio do mandato do presidente cria uma realidade interessante e saudavel que é um PdR ter de lidar com outro poder parlamentar (diferente composição) a partir de certa altura. E o facto de os lugares serem uninominais responsabiliza os parlamentares que deixam de ser anónimos, como os nossos.
Aqui, votamos numa lista, um papel que só diz o nome do partido sem dizer os nomes que a integram, lá vota-se nome por nome e muitos são eliminados.
Na verdade, é tudo muito diferente.
Quanto a s palin, penso que foi um erro de mc cain, que náo só a sobrestimou como possivelmente pensou no eleitorado feminino ou do alaska.
Lição nos deu obama ao pôr como SdE hilary clinton, sua concorrente nas primárias, e ela ao aceitar.

Anónimo disse...

Excelente repôr justos termos este resultado de eleições interemedias,

e a pergunta final nas duas hipoteses, de êxito ou fracasso de Obama...

Obrigado

Anónimo disse...

Esperança sem cor...

É A maior dos maiores ecos de Amor
No colo do sonho esfinge etérea dor
Espiritualidade livre ave que serena
Esperança sem cor!Outro rosto Pena

Esperança sem cor...Chama do ardil
Vagueia no infinito tão doce de vil
Exceção sempre para o devir voltar
Deixa-nos a regra para nos consolar

Sempre num horizonte intemporal
Ninguém a conseguiu sequer Tocar
Tão pura de impura é Mulher fatal

Não é Mãe nem existe,deixa-se amar
É a luz na escuridão, sempre fuga
Varinha de condão vida surda muda

Isabel Seixas

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...