Quando fui viver para o Brasil, em 2005, levava comigo o projeto de conhecer três figuras - Pelé, Oscar Niemeyer e Chico Buarque. Também queria conhecer Lula, mas "that would come with the job".
Conheci e falei bastante com Niemeyer. Não conheci Chico Buarque, embora, de facto, nunca me tivesse esforçado muito para isso. Mas conheci Pelé, uma das figuras que, desde sempre, mais me fascinaram no mundo do futebol - com Beckenbauer, Cruyff, Platini e Di Stefano.
Falei com ele pouco tempo, no intervalo de um famigerado Brasil-Portugal, onde uma seleção desenhada pelo senhor Queirós foi batida por uns humilhantes 6-2.
Pelé acaba de fazer 70 anos. Nunca pensei que, depois daquela noite em Brasília, se voltasse a lembrar de mim. Mas lembrou. Semanas mais tarde, num restaurante de Nova Iorque, o meu sucessor viu Pelé e decidiu apresentar-se, revelando que seria o novo embaixador português no Brasil, para onde partiria dentro em pouco. Pelé foi simpático e, na conversa, perguntou-lhe: "vai substituir aquele embaixador de cabelos brancos, que eu conheci, muito triste!, em Brasília, na noite em que Portugal perdeu por 6-2 conosco?". O meu colega confirmou. Eu estava, de facto, bastante triste e isso não deve ter escapado a Pelé. O que ele não sabia é que tê-lo conhecido terá sido a minha única alegria daquela noite.
11 comentários:
Que Noite. É a vida.
Isabel Seixas
Sem dúvida, embaixador, o Brasil se mostra pela diversidade de personalidades citadas pelo senhor. Niemayer: quem conhece Brasília, uma capital em meio a paradoxos, mas de arquitetura brilhante, sabe disso. Chico Buarque, de lindas letras musicais, e Pelé, o rei do nosso melhor esporte, o futebol. E somos muito bons em muito mais!
Mágda Cunha, jornalista, professora e pesquisadora/PUCRS, Brasil
Também estive no Gama naquela noite, embora que em companhia bem menos nobre, mas muito mais feliz.
Essa noite fiquei impressionado com a corrida que o Rei deu depois de dar o pontapé inicial para essa partida.
Uma pena que alegria daquela noite não perdurou numa seleção brasileira contaminada pela eterna briga de Dunga com a imprensa.
Abs,
Pois é...
Nessa noite, também estive lá, em Brasília. Creio que só mesmo quem lá esteve, é que pode compreender bem essa tristeza...
Sr Embaixador
Hoje eu estou feliz porque entendoi tudo o que disse e porque falou sobre Pelé. Ele é mineiro como eu. Minha cidade é proxima a dele: Tres Coraçoes.
Ele tem seus defeitos , mas é gente boa .
E porque estava triste?
Por causa do futebol?
Eu estou aqui feliz !
E o Senhor gosta de onde mora atualmente?
com carinho MOnica
Imperdoável, Senhor Embaixador, esquecer-se de EUSÉBIO.
Talvez antes de Platini... Eusébio, não?
Qualquer dia vai conhecer Xico Buarque porque ele passa muito tempo em Paris!
Caro Cunha Ribeiro: Não estou de acordo consigo. Eusébio era um grande jogador, mas todos os que citei eram, na minha modesta opinião, melhores do que ele. E outros haveria, ainda...
Obrigado pela franqueza, caro Embaixador.
E pela frescura anti-provinciana.
E deve saber do que está a falar, tendo visto jogar toda essa nata do futebol.
Uumm....e sera que se o piqueno tivesse vestido camisola verde e branca também nao faria parte dos eleitos do nosso embaixador !?
Meu caro amigo embaixador Seixas da Costa. Muito bom sempre passar pelo seu blog para colher suas oportunas informações. Três coisas: Continuamos esperando em Brasília pela visita sua e de Gina. 2) Bom comentário sobre a eleição de Dilma Rousseff; 3) Vi sua nota sobre Pelé. Na quinta, 4, vou com o Pelé ao escritório do Oscar Niemeyer. O Oscar vai lhe dar de presente pelos 70 anos o projeto de um monumento para ser construído em frente ao Museu Pelé, em Santos. Se quiseres mais detalhes do encontro, veja neste endereço. Meu abraço saudoso, minha amizade e minha grande admiração. Silvestre Gorgulho http://gorgulho.com/2010/?sessao=materia&idMateria=748&titulo=PELE-E-OSCAR-NIEMEYER
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