terça-feira, maio 18, 2021
Israel e Portugal (2)
segunda-feira, maio 17, 2021
Edgar Rodrigues e a liberdade
Um dia contarei, com as palavras certas, uma realidade a que nenhum embaixador português escapa no Brasil: o ter de equilibrar, na sua ação, o respeito histórico que é devido a essa memória de resistência ao período ditatorial com a permanência, bem ancorada ainda em algumas instituições da comunidade luso-brasileira, de um forte núcleo saudosista do tempo anterior ao 25 de abril. Estas últimas pessoas espelham uma certa comunidade histórica tradicional, a qual viria a ser reforçada nesse sentimento, depois de 1974, por quantos saíram apressadamente de Portugal, temerosos dos novos tempos revolucionários, e ainda por pessoas que abandonaram Angola e Moçambique, por ocasião da independência desses novos países.
O embaixador de Portugal, sendo naturalmente representante do Estado democrático que hoje existe em Lisboa, tem de ter em conta toda a gente: desde quantos comemoram alegremente o 25 de abril até quantos detestam, aberta ou veladamente, essa data e ainda mantêm, em vários espaços do seu movimento associativo, bustos ou retratos de Salazar, de Carmona ou mesmo Américo Tomás.
É uma “arte” conseguir fazer essa “quadratura do círculo” e, podem imaginar, esse comportamento foi bastante difícil para um embaixador que tinha sido militar no 25 de abril e que nunca escondeu as suas convicções políticas. Mas, com falsa modéstia, julgo ter conseguido ter sempre o tom certo, perante essas memórias afetivas contraditórias.
Tudo isto serve para retomar o fio à meada, daquilo que escrevi no primeiro parágrafo deste texto. Tentei, embora um pouco tarde demais no meu tempo de funções, organizar em congresso académico sobre o exílio português no Brasil durante o período da ditadura de Salazar e Caetano. (O que tentei no Brasil acabei por conseguir fazer, anos mais tarde, em Paris). Reuni com a UFRJ e organizei um encontro com dois especialistas luso-brasileiros no assunto: Heloísa Paulo e Douglas Mansour da Silva. Mas não fui capaz de concitar os apoios que eram essenciais - e, claro, não podia contar, para o exercício, com as instituições representativas da comunidade luso-brasileira, pelo facto destas viverem no conflito que antes explicitei.
Ao tempo da minha ida para o Brasil, tinha uma particular curiosidade em poder vir a conhecer pessoalmente uma figura de quem tinha lido uma prolífica obra de historiografia sobre o movimento libertário português, Edgar Rodrigues. Fora alguém que se vira obrigado a exilar-se no Brasil e que continuava bastante ativo na escrita. Era então o mais antigo exilado político português no Brasil ainda vivo. Para meu grande espanto, a generalidade das pessoas com quem falei, do setor democrático e oposicionista da comunidade portuguesa, desconheciam a sua figura ou só muito vagamente tinham ouvido falar dele.
Tive algum trabalho para obter mais dados sobre ele. Mas o que pude apurar, somado à importância das dezenas de obras que publicou, foi suficiente para me decidir propor que lhe fosse atribuída a distinção da Ordem da Liberdade, em Portugal. Essa minha ideia caiu, contudo, em saco roto, em Lisboa. Falei então com Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de abril, que se ofereceu para promover a oferta da Medalha daquela Associação a Edgar Rodrigues. Fiz-lhe entrega desse galardão - que foi o reconhecimento possível - num encontro que tive com ele no Consulado-Geral no Rio de Janeiro, antes da minha saída definitiva do Brasil, em 11 de novembro de 2008, de que deixo registo fotográfico.
Edgar Rodrigues veio a morrer meio ano mais tarde, em 15 de maio de 2009. No passado fim de semana, no âmbito do LEV - Literatura em Viagem, um festival literário em Matosinhos em que, por coincidência, fui dos participantes convidados, foi feita uma homenagem a Edgar Rodrigues que este ano, se fosse vivo, completaria 100 anos. Veremos se, finalmente, esta efeméride e esta evocação permitem fazer renascer a ideia de lhe ser atribuída a Ordem da Liberdade.
domingo, maio 16, 2021
“Entrevista de vida”
Durante uma hora, no cenário muito bem recuperado do Teatro Constantino Nery, dei ontem uma “entrevista de vida”, muito bem conduzida por Hélder Gomes.
Quem estiver interessado, pode ver e ouvir a entrevista clicando aqui.
Acusação
Decidam-se!
sábado, maio 15, 2021
O mundo é muito pequeno!
sexta-feira, maio 14, 2021
Na vizinhança
quinta-feira, maio 13, 2021
O silêncio dos Borges
Há pouco, li uma citação de Jorge Luís Borges: “No hables a menos que puedas mejorar el silencio”. E ao ver o nome Borges associado à palavra silêncio, vieram-me à memória duas figuras que faziam parte do meu cenário de infância e juventude, em Vila Real: os “Borginhos”.
quarta-feira, maio 12, 2021
“A Arte da Guerra”
Pode ver aqui.
Mito
terça-feira, maio 11, 2021
Do Sporting
segunda-feira, maio 10, 2021
Mitterrand e a moda
Caramba! Passaram já 40 anos! Lembro bem a noite de 10 de maio de 1981, dia da vitória de François Mitterrand nas eleições presidenciais francesas.
O ar do tempo
domingo, maio 09, 2021
Realmente
As têvês
After Eight
Creio que foi já nos anos 70 que o “After Eight” entrou em Portugal. A certa altura, não havia jantar social em que, com o café, não fossem servidos aqueles retângulos de chocolate com uma pasta de mentol dentro.
Notícias do foguetão
sábado, maio 08, 2021
Uma tasca histórica
Na fotografia estão pai, mãe e filho, a “troika do bem” que rege a “Imperial de Campo de Ourique”, uma das minhas mesas de estimação.
Brasil
PPUE 2021
Barreto
Moedas
sexta-feira, maio 07, 2021
“Observare”
Este sábado, o “Observare” será naturalmente dedicado à Europa, em especial à reunião magna do Porto.
Em terras de Sá Carneiro
À dúzia!
O Estrela da Amadora ganhou 2-1 ao União de Leiria. Durante alguns segundos (leram bem!), ao minuto 83, o Estrela, por uma confusão aquando de uma substituição, teve momentaneamente 12 jogadores em campo. O árbitro deu rapidamente conta do sucedido, a situação foi corrigida e o jogo prosseguiu. No final, o Leiria anunciou ir protestar o jogo. (Claro! Só faltou aos seus dirigentes dizerem: “Se tivéssemos ganhado, protestávamos na mesma...”. Nós sabemos!)
Eduardo Cabrita
Escrevi, há tempos, um texto em que dizia isto sobre Eduardo Cabrita. Em tempos de “assédio” ao ministro, por parte da oposição, aqui repito:
Precedências
Quem fica à frente de quem numa cerimónia pode parecer uma questão bizantina para um observador comum, mas não o é para quem conhece as questões institucionais.
quinta-feira, maio 06, 2021
Verdes, na Escócia
Atestei o depósito, entrei na loja, levei, de uma prateleira, o “Sunday Times Scotland” e fui pagar. Ao balcão, uma senhora, na casa dos (então meus também) quarenta, com uns olhos verdes. Deslumbrantes.
Chegado à porta, voltei atrás e disse à senhora, sem grande jeito para estas coisas: “Não vai levar a mal se eu lhe disser uma coisa? Tem uns olhos lindíssimos! É só isso que queria dizer-lhe!”.
Ela sorriu, levemente, e disse “Thank you!”
A minha dúvida é se ela tomou nota da matrícula, do nome no cartão de crédito, se isto pode ser considerado assédio e se o crime terá prescrito, não obstante eu poder invocar imunidade diplomática. Estou a brincar? Não, já não sei se estou a brincar!
“A Arte da Guerra”
Falamos da reunião entre a União Europeia e a Índia, das atribulações de Emmanuel Macron com os militares franceses e, finalmente, do modo como o papa Francisco está a gerir a transparência financeira do Vaticano.
Ser “benfiquista”!
Sancho
Aqui por Lisboa, há alguns, poucos, restaurantes em que a moda quase não toca. Muitos dirão: e ainda bem! Um deles é o "Sancho", na Travessa da Glória. bem junto aos Restauradores. É um restaurante que conheço há várias décadas, que não aparece com frequência nos guias, que não anda nas bocas da crítica, mas onde, desde há muito, se pode encontrar uma cozinha sólida, sã, com uma qualidade constante que, não lhe conferindo um espaço de destaque nos Michelin & Cia, lhe garante um lugar na simpatia de muita gente que o frequenta, alguns com persistente e leal regularidade. Voltei lá, não há muito tempo, para um almoço de trabalho, com um amigo. Cheguei antes dele. Disse o seu nome e logo alguém ordenou: “Leva o senhor embaixador à mesa do senhor doutor...”. Como já lá não ia há uns tempos, tive de fazer “de conta” de que não fiquei surpreendido por me terem identificado (ou teria sido o meu amigo que alertou, como hipótese mais modesta). O almoço foi agradável e, a aquilatar pela lista que no início consultei, os preços estão numa escala de razoabilidade. Não posso dizer que saí esmagado de luxúria gastronómica, mas - com a franqueza com que digo sempre aquilo que penso dos locais que visito - posso dizer que fiquei satisfeito. Uma cozinha de restaurante para uso regular é aquilo mesmo: qualidade sustentada, serviço atencioso, cuidado com os clientes, tudo coisas que, nos tempos que correm, fico sempre contente por encontrar em Lisboa. Não sei quando vou voltar ao Sancho, mas, da próxima vez que andar pelo pelo fundo da Avenida da Liberdade, vou-me lembrar deste restaurante onde, pela primeira vez, nos anos 60, um tio que já lá vai há muito me levou a almoçar, numa primeira aprendizagem das mesas de uma Lisboa que, felizmente, ainda conseguimos reencontrar nos dias de hoje.
quarta-feira, maio 05, 2021
Nunca interromper!
Por muitos anos, em Campo de Ourique, havia dois restaurantes cuja clientela se dividia bastante, ideologicamente.
terça-feira, maio 04, 2021
País sem censo
Que medo! Vem aí o comunismo!
Alentejo desencantado
O sal da vida
segunda-feira, maio 03, 2021
Então, nada?
domingo, maio 02, 2021
Justiça
Mãe
Não sei como vieste,
mas deve haver um caminho
para regressar da morte.
Estás sentada no jardim,
as mãos no regaço cheias de doçura,
os olhos pousados nas últimas rosas
dos grandes e calmos dias de setembro.
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.
Turismo de família
Tenho uns familiares que estão a pensar comprar uma propriedade, algures no Alentejo, para aí instalar um “turismo rural”. O entusiasmo da família com o empreendimento está a ser tal que todos já prometem ir lá passar uns dias.
“Observare”
Pode ver aqui.
Avisem-me, está bem?
Queria pedir o favor de me avisarem quando a ponte suspensa de Arouca deixar de ter visitantes. Nessa altura, quando puder passar por lá (aproveitarei, já agora, para ir almoçar ao “Parlamento” e encontrar, pela cidade, a nossa amiga Josefina e, se calhar, o Joaquim Brandão, como me aconteceu da última vez), gostaria de ter essa experiência. Mas não antes!
sábado, maio 01, 2021
Notícias do fim do mundo
Um grande amigo contou-me que costumava dizer aos seus conhecidos estrangeiros que, se um dia se anunciasse o fim do mundo, uma maneira de se protegerem era virem viver para Portugal: cá, tudo chegava com dez anos de atraso! Hoje, ao ler algumas “ondas” que por aí andam, podemos concluir que o tempo de espera de certos ciclos se encurtou: as coisas chegam cá mais rapidamente. Só que o estilo de abordagem lusa do tema é como o bife, é “à moda da casa”.
Ora Eça!
Foi comovedor ver a imensidão de exegetas da presumível opinião de Eça de Queiroz sobre a decisão de colocar os seus restos mortais no Pante...