Um fim de semana no Alentejo deu para quatro experiências à mesa. Aqui vão breves notas, em jeito de “serviço público”.
“Em Portalegre, cidade”, como diria Régio, procurei os “cuidados” do José Júlio Vintém. Sabia que nem ele nem a Catarina estariam por lá, mas a sala estava, como sempre, entregue à eficácia antiga do Apolino, cujo embranquecimento do bigode o torna, dia-a-dia, (ainda) mais parecido com o Asterix. Já conheci várias “geografias” onde o José Júlio operou em Portalegre, mas o novo endereço do “Tomba Lobos” é, de longe, o melhor. Um belo e confortável espaço, numa casa antiga, como os tetos e paredes revelam, no centro da cidade. Comemos lindamente, talvez mesmo uma das melhores refeições de sempre naquela (mutante) casa, com um serviço (como é habitual) impecável, a um preço justo.
Em Elvas, desde que a antiga pousada, hoje “Hotel Santa Luzia”, reabriu, passo por lá sempre que posso, para revisitar o Bacalhau Dourado, que, como se sabe, fez a marca gastronómica da primeira pousada de Portugal. Desde há muito naquela cozinha, prepondera a mão hábil do Vicente, o qual, sempre que há vagares para tal, prepara o prato na sala, à nossa frente. Voltei lá no sábado e, como sempre exclamo perante alguns bons pratos clássicos, voltei a pedir: “Não mexam! Façam sempre assim!”. O hotel tem a sorte de ser hoje dirigido por alguém que é um “vieux routier” da gestão hoteleira, João Simões, responsável por tempos áureos da Pousada de Extremoz. Daí que ele cuide em manter o “estilo” da antiga (primeira) pousada, como a imagem da sala de refeições mostra, o que lhe confere um toque sempre especial. E tivemos uma bela conversa!
Ainda em Elvas, por uma sugestão, fomos jantar ao mais moderno espaço da cidade, o “Acontece”, uma área excelentemente transformada, com imenso bom gosto. Vou começar pelo fim: comeu-se muito bem. Antes, houve ocasião de “experimentar” um serviço que, não deixando de ser simpático, chegou a pontos de ser quase caótico. Para escolher o vinho, foi uma confusão: ou vinha o corrente, ou vinha o reserva, ou chegava branco, quando se pedia tinto. Depois, as coisas lá “assentaram” e como, em matéria gastronómica, estava tudo a preceito, acabámos por esquecer os pecadilhos. É no que dão as contratações tipo “Manpower” para o verão...
Finalmente, à despedida, o Alandroal. E aí, claro, encontrámos a Maria, acompanhada da serenidade sábia do marido, o Cândido, que me orientou nos vinhos e que até recordou a minha primeira ida por lá, nos anos 90. Como sempre - e convém repetir isto, como sempre - comeu-se magnificamente, nomeadamente uma perdiz estufada, que estava de se lhe tirar o chapéu, já que não foi preciso tirar o chumbo. A “Maria” é um lugar obrigatório do mapa da geografia da grande cozinha tradicional portuguesa, um marco notável de persistência e qualidade. Que gosto tive em parar uma vez mais por ali!