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terça-feira, maio 03, 2011

Diálogo transatlântico

Não faço ideia se nos Estados Unidos as pessoas se preocupam tanto com a relação transatlântica como nós, europeus, o fazemos. Mas, francamente, não me parece mal. A capacidade da Europa para fazer passar e executar, com eficácia, a sua agenda política depende, em muito, do modo como conseguir articular-se com o seu parceiro do outro lado do Atlântico - com o qual partilha muitos princípios comuns, embora dele pontualmente divirja. Mas continuo convicto que, entre a Europa e os EUA, e para utilizar uma terminologia maoísta, só haverá "contradições não antagónicas".

Ontem, em Lisboa, durante várias horas, numa excelente iniciativa do Observatório de Imprensa, em articulação com o gabinete da Comissão Europeia em Portugal, dirigido por Margarida Marques, o embaixador europeu em Washington, João Vale de Almeida, e eu próprio lançámos um debate com jornalistas portugueses especializados em temas económicos (com a curiosa presença de um membro da delegação do FMI, incluído na "troika" que negoceia com o governo português o programa de ajuda financeira). O convite foi-nos formulado por Joaquim Vieira e Teresa Moutinho, tendo Nicolau Santos e Helena Garrido como condutores da discussão.

O "menu" tinha por título: "Relações Europa-América: veja as diferenças". Três tópicos essenciais serviam de base às nossas intervenções, bem como ao período de questões que se lhes seguiu:
  • Reação da UE e dos EUA à crise financeira e económica. As diferentes formas de abordagem do problema e a posição do euro perante a disputa cambial sino-americana.
  • Relações com os países emergentes. Prioridades das políticas externas de Bruxelas e de Washington.
  • Perspetivas sobre as mudanças no Mediterrâneo sul. Como enfrentar as revoltas árabes e qual o papel da NATO em caso de intervenção. A relação entre os dois lados do Atlântico continua firme ou é hoje menos sólida?
Foi muito interessante ouvir a visão privilegiada do chefe da missão europeia em Washington, decantando analiticamente, com grande lucidez, a forma como a América nos "lê" e revelando o modo como a diversidade/unidade europeia é oficialmente explicada do outro lado do Atlântico.

Pela minha parte, entre algumas outras coisas que por ali disse, procurei "trabalhar" o estado atual da União, quer no tocante à sua relação com o mundo, quer na tentativa de nela desconstruir a diferente proeminência dos 27 no processo comum de ação externa.

Mas de muito mais se falou naquelas mais de três horas, desde a Líbia à Rússia, das agências de "rating" à reforma do Conselho de Segurança, da posição do Brasil à atitude alemã. O euro, o dólar e a crise, bem como os números do mundo, foram estudados e debatidos. E falou-se da França, evidentemente. Porque a notícia era "fresca", as perspetivas abertas pela desaparição de Bin Laden foram também especuladas.

Tive um grande gosto em colaborar, uma vez mais, com o Observatório de Imprensa. Recordei que, a primeira vez que o fiz havia sido já em 1994, num debate sobre a Europa, lado a lado com Paulo Portas. Como o tempo passa...

quarta-feira, abril 27, 2011

Marcel Gauchet

Uma "habituée" das sessões do centro cultural Gulbenkian, aqui em Paris, interveio para dizer que se tratara da mais interessante conferência-debate a que por ali assistira. Não sei se estava certa, mas a verdade é que quem ontem, ao final da tarde, ouviu Marcel Gauchet falar das "Metamorfoses da democracia" não perdeu o seu tempo.

O filósofo fez um curioso bosquejo da evolução da prática democrática, concordando com quantos colocam a nossa Revolução de abril na abertura da terceira vaga de libertação, que haveria de descer à América Latina, para retornar à Europa da centro e leste. Repetindo que "os homens fazem a História, mas não sabem a História que fazem", Gauchet singularizou o mítico "homem novo" como a tentativa de criar um ator que sabia a História que protagonizava. Nos debates, falou-se, entre outras coisas, da vitória do individualismo, com a "autodestruição doce" do poder coletivo. E a questão da legitimodade, em torno dos modelos de representação política, com as suas contradições e deceções, foi também abordada.

Saí da conferência "como uma seta": tinha à espera o Real-Barça... A filosofia era outra.

quarta-feira, abril 20, 2011

Michel Barnier

No âmbito de um excecional conjunto de palestras sobre a Europa que o Centro Cultural Gulbenkian, em Paris, tem vindo a levar a cabo, uma sala cheia ouviu, na segunda-feira, o comissário europeu Michel Barnier falar do projeto europeu, na ótica das suas responsabilidades no quadro da regulação do Mercado Interno.

Barnier é uma figura com um interessante percurso governativo - em França, foi ministro adjunto dos Assuntos Europeus, da Agricultura e dos Negócios Estrangeiros. Tem uma grande experiência europeia, como deputado e comissário com diversas responsabilidades.

Na ocasião, entendi dever prestar o meu testemunho sobre um homem de quem sou amigo há mais de 15 anos, um europeu que acredita na Europa e que sempre teve, para com Portugal, uma atitude de grande simpatia e disponibilidade. Passámos centenas (não é exagero!) de horas a negociar os tratados de Amesterdão e de Nice, cruzámo-nos nas discussões do acordo de Schengen e muita coisa tratámos no âmbito da política regional europeia. Estive em Paris, por mais de uma vez, a seu convite, recebi-o em Portugal, em várias ocasiões, visitei-o em Bruxelas outras tantas. Michel Barnier é um homem de convicções, que joga com as cartas em cima da mesa, o que não é vulgar, nas lides bruxelenses. Por isso, como elogio, qualifiquei-o mesmo como uma "exceção europeia".

quarta-feira, abril 13, 2011

O "11 de setembro"

O Grémio Literário, em Lisboa, é uma instituição de grandes tradições na vida intelectual e social do país. Nunca tive a tentação de dele ser sócio, mas tenho sempre um grande prazer em passar por lá, como aconteceu na terça-feira, correspondendo a um simpático convite da administração da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, através do Dr. Mário Mesquita.

O pretexto, que me fez dar uma "saltada" de menos de 24 horas a Lisboa, era discutir o modo como o mundo se terá transformado, depois do atentado de 11 de setembro de 2011, acontecimento sobre o qual passa, este ano, um década.

O embaixador americano em Lisboa, Alan Katz, e eu próprio lançámos o debate com duas exposições. Ser americano ou ser europeu, na análise de um acontecimento como este, não é indiferente, como o tom de ambas as exposições o provou.

Confesso que me impressionou que uma das perguntas colocadas pela audiência, maioritariamente composta por estudantes universitários de Coimbra e Lisboa, fosse sobre a "possibilidade" do 11 de setembro não ter passado de uma mera montagem, com os atentados a serem planeados dentro dos Estados Unidos, para justificar muito do que se lhes sucedeu. É chocante verificar como teorias absurdas conseguem criar um mínimo aceitação e sobrevivem no tempo. Quem nelas acredita, e perde tempo a propagá-las, deve preparar-se, nas próximas férias, para ir visitar Elvis Presley na ilha onde alguns dos seus fãs pensam que ainda vive... Mas, nestas coisas ridículas, também temos a nossa quota-parte: quer eu quer o Dr. Macedo e Cunha, presidente da direção do Grémio, lembrámos, em conversa, os nossos cultores das teorias conspirativas, que, em tempos, registei aqui.

Para os mais curiosos, deixo a minha intervenção sobre o 11 de setembro aqui.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Nós e a Europa

A convite de uma tertúlia que mensalmente ouve um palestrante durante o almoço, dei ontem, em Lisboa, a minha perspetiva sobre o estado da Europa, o seu papel no mundo e o lugar de Portugal nesse cenário.

O grupo convidante era constituído, na sua maioria, por figuras conhecidas do nosso meio empresarial, entre os quais alguns antigos responsáveis por pastas governamentais. Era um ambiente saudável e dialogante, onde se cruzavam linhas ideológicas diversas - um ambiente que tenho pena, enquanto cidadão, que não se reproduza ao nível da sociedade política portuguesa, nos tempos de dificuldade que são os nossos.

Durante a discussão que se seguiu às minhas palavras, senti uma generalizada perplexidade quanto ao futuro do projeto europeu, sobre a capacidade de sobrevivência do euro e mesmo algumas dúvidas sobre a nossa possível política de alianças, nesse contexto. Verdade seja que o caráter algo interrogativo da minha intervenção também não foi de molde a proporcionar muitas pistas animadoras. Deixei, contudo, muito claro que entendo que a Europa continua a ser o nosso destino prioritário e inevitável, não obstante também considerar que a situação atual justifica um maior esforço de diversificação de laços e de interesses, no quadro da nossa política externa. Exatamente como está a ser feito.

terça-feira, novembro 30, 2010

Soares e a Europa

Ontem, o Centro Cultural Gulbenkian, em Paris, encheu para ouvir Mário Soares falar da Europa, das suas desilusões com o estado do projeto integrador e, muito em especial, da história de Portugal nessa mesma aventura, da qual foi um dos principais atores.

Numa introdução, o presidente da Gulbenkian, Rui Vilar, um europeísta, antecipou a leitura crítica do conferencista. Depois, António Coimbra Martins - académico, antigo embaixador em Paris e ministro da Cultura num governo de Soares - traçou um percurso muito interessante do seu amigo. Lembrou, a certo passo, que, quando Mário Soares foi deportado pela ditadura de Salazar para S. Tomé, em 1968, Jean-Jacques Servan-Schreiber escreveu no "L'Express" que "deportar Soares para S. Tomé é como se a França deportasse Miterrrand para as ilhas Kerguelem".

Na conferência de cerca de uma hora, Mário Soares foi igual a si próprio, na sua fé europeísta, na sua denúncia dos desregulações que desigualizam o mundo, nos seus elogios a Obama, por contraste com a cegueira de tantos outros. Traçou um retrato do Portugal do século XX, com vivacidade, testemunhos pessoais e muita graça.

No período das perguntas, coloquei-lhe uma questão "simples": "amanhã, dia 1 de Dezembro, fará precisamente um ano que entrou em vigor o Tratado de Lisboa. Devemos comemorar?" Màrio Soares respondeu-me que esse Tratado, que tem apenas um ano, é já hoje, em função da realidade que lhe sucedeu, um tratado "velho".

domingo, outubro 03, 2010

Nascimento da República

Durante o mês de agosto, recebi do presidente da Câmara Municipal de Vila Real um simpático convite para participar nas comemorações da implantação da República. Vila Real é a minha terra natal.

Pediam-me que, na noite de 3 de outubro, fizesse uma intervenção pública, por ocasião do descerramento de uma lápide junto de uma casa onde, nos tempos que antecederam a Revolução, decorreram reuniões  da conspiração republicana. O último desses encontros foi em 3 de outubro de 1910, quando os conjurados aí então se reuniram, pela última vez, antes do assalto ao poder.

Por uma óbvia curiosidade, perguntei onde se situava, na cidade, essa casa. Fui informado que era na rua Avelino Patena, a conhecida "rua da Travessa", no centro da cidade. Inquiri sobre o número da porta. O meu interlocutor não sabia. Uns dias depois, esclareceu-me: era o nº 44.

Ontem à noite, sob a intempérie que massacrou o Norte, lá estive a falar da República, em frente ao 44 da rua Avelino Patena.

Pude então revelar que aquela havia sido, precisamente, a casa onde eu nasci...

Quem quiser ler o texto pronunciado, pode fazê-lo aqui.

quinta-feira, maio 27, 2010

Debate transatlântico

Voltei hoje a Nanterre, a universidade mítica do Maio 68, para inaugurar um interessante colóquio sobre os olhares cruzados da intelectualidade portuguesa e brasileira, durante o último e republicano século comum. Tive o prazer de constatar, nesta organização que muito deve ao entusiasmo do professor José Manuel Esteves, os frutos da ligação da universidade francesa à UTAD - a universidade portuguesa a cujo Conselho Geral presido.

A palestra que apresentei assentou na análise das perceções mútuas entre Portugal e o Brasil, na sua complexidade e ambiguidade, para além da almofada ritual da retórica, um bosquejo histórico  e cultural que procurei conduzir desde o final do século XVIII até aos tempos da CPLP. Com alguns exemplos, defendi a tese, que há muito alimento, de que é a África - e a relação diferente de Portugal e do Brasil com a África - uma importante chave para entender muito do que tem sido o curso das relações políticas bilaterais ao longo dos últimos dois séculos.

Saiba mais sobre este interessante colóquio aqui.

domingo, maio 09, 2010

Liga de Paris

É na tarde da próxima sexta-feira, dia 14, que terá lugar na Embaixada de Portugal, 5 rue de Noisiel, em Paris, o Colóquio "A Liga de Paris e o exílio político português em França".

Esta foi uma iniciativa que entendi dever empreender, neste ano em que se celebra o Centenário da República", e que conta com a organização a cargo do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.

Especialistas credenciados, como os professores Fernando Rosas, Yves Léonard, Luís Farinha e Cristina Clímaco, falarão, respetivamente, sobre meio século de exílio português em França, a política francesa e o regime salazarista, a Liga de Paris e o "reviralhismo", bem como o exílio anti-fascista português durante e após a guerra civil de Espanha. 

O acesso ao Colóquio faz-se por convite, mas qualquer pessoa interessada em assistir pode inscrever-se através do telefone geral da Embaixada (01 53 70 12 99), por fax (01 53 70 98 37) ou por e-mail mailto@embaixada-portugal-fr.org.

terça-feira, maio 04, 2010

Cavalos

Nos anos em que estudei semiologia, com Eduardo Prado Coelho, em cursos no Centro Nacional de Cultura, no início dos anos 70, estava longe de ligar as teorias de Saussure ao modo de relacionamento do homem com o cavalo.

Ontem, na Embaixada, um interessado grupo assistiu a uma palestra feita, a meu convite, pelo Professor Carlos Henriques Pereira, investigador na Sorbonne, onde, no contexto da apresentação do seu livro "Parler aux chevaux autrement - aproche semiotique de l'équitation", deu conta de aspetos diversos da arte de comunicar com os cavalos.

A palestra foi complementada por uma exposição fotográfica de "dressage" de cavalos portugueses. Leia mais aqui.

domingo, abril 25, 2010

Abril (4) - Olhares sobre abril

Nada havíamos combinado entre nós, ou melhor, apenas havíamos decidido ser breves nas nossas intervenções. Eduardo Ferro Rodrigues, embaixador junto da OCDE, Manuel Maria Carrilho, embaixador junto da UNESCO, e eu próprio, falámos, ontem à tarde, sobre o 25 de Abril, a convite dos residentes da Casa de Portugal, na Cité Universitaire de Paris.

As dezenas de assistentes ajuizarão melhor do que nós do eventual mérito deste exercício, cujo modelo julgo inédito e me pareceu interessante. Esta "conferência dos embaixadores", como pomposamente vi chamada algures, teve talvez a curiosidade de revelar como três pessoas que abertamente se reivindicam da herança da Revolução de abril observam a realidade que dela resultou, sob prismas próprios, marcados pelas diferentes formações e hierarquia intelectual de interesses. Foi também muito simpático ver o público a interagir, de formas muito diversas, lançando pistas que permitiram abordar aspetos variados da sociedade portuguesa contemporânea.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Camões

Ao final da tarde de ontem, o centro cultural Gulbenkian proporcionou-nos uma conferência de António Coimbra Martins sobre temática literária, ligada a Lorenzo di Medici e a Luiz de Camões.

Intelectual e académico, António Coimbra Martins viveu grande parte da sua vida em França, onde teve ação destacada nas fileiras da oposição à ditadura portuguesa. A partir de 1965, criou e dirigiu a biblioteca do centro cultural Calouste Gulbenkian - a maior e mais importante existente fora de Portugal, depois da biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro. Dirigiu, depois, o próprio centro cultural Gulbenkian (1997-98). Anos antes, havia exercido funções como embaixador português em França (1974-79) e, mais tarde, como ministro da Cultura em Portugal (1983-85).

Ontem, ouvimo-lo, no "seu" centro Gulbenkian, enquanto académico, especular de forma brilhante sobre curiosas coincidências entre aspetos de obras de Médici e de Camões. A quem não é do "ramo", fez imensamente bem ouvir argumentos inteligentes situados em temáticas distantes do nosso quotidiano.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Europa

O Tratado de Lisboa foi o pretexto, mas Hubert Védrine foi muito para além disso na excelente conferência que, ontem ao final da tarde, fez no centro cultural Gulbenkian, aqui em Paris.

Apresentado por Teresa Gouveia, que deu uma bela lição de como se deve fazer a introdução de um conferencista, o antigo MNE francês terá surpreendido pela franca lucidez do seu raciocínio, na abordagem da situação internacional, em geral, e da Europa, em particular.

Hubert Védrine atacou alguns mitos fundacionais da unidade europeia, revelou alguns dos logros em que o pensamento dominante no continente se deixou enredar por décadas e foi de um realismo muito frio quanto às possibilidades da Europa se afirmar como potência no cenário mundial. Por isso, e uma vez mais, volto a recomendar o seu mais recente livro, de que já falei aqui.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Europas

É muito instrutivo procurar apresentar faces diversas da Europa, tanto quanto possível apelativas, dirigidas a auditórios muito diferenciados.

Ontem, ao final da tarde, numa organização de Sciences Po, fiz em Poitiers, para umas largas dezenas de jovens, uma apresentação sobre a Europa e o modo como vemos o nosso próprio papel no projecto. O animado debate que se seguiu quase me fazia perder o TGV (bendito TGV!) para Paris. Foi muito curioso responder a várias e interessantes questões, algumas delas de tom quase inesperado, por parte de estudantes de várias origens. Aprende-se imenso ao ouvir as preocupações daqueles a quem pertence o futuro.

Hoje de manhã, já aqui em Paris, fui o "guest speaker" (até porque a apresentação foi feita em inglês) na reunião da "Bankers Association for Finance and Trade", que reune quadros superiores das grandes instituições bancárias europeias. O Tratado de Lisboa, as derivas intergovernamentais dentro da União Europeia, a preservação do Mercado Interno e outras interrogações sobre o futuro do projecto europeu animaram uma bela hora de debate. Outro auditório, outras preocupações.

Logo à noite, falarei em Neuilly sobre a experiência de Portugal na Europa. Serão outros ouvintes, muitos dos quais pertencentes às novas gerações francesas que têm origem comum portuguesa, filhos e netos de quantos, na realidade, entraram nas Comunidades Europeias antes que Portugal delas fizesse formalmente parte.

domingo, outubro 18, 2009

Estrasburgo (2) - Europa

A racionalidade económica da manutenção de Estrasburgo como sede das instituições europeias é, muitas vezes, posta em causa e tida como um reflexo de uma velha teimosia francesa. Mas Estrasburgo é muito mais do que uma das sedes dos Parlamento Europeu, do que o local onde funcionam o Conselho da Europa ou o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. A capital da Alsácia, encostada à Alemanha, palco de históricas tragédias, é, em si mesma, a verdadeira representação daquilo que é a própria Europa.

No passado sábado, fiz parte de um painel de um colóquio, na majestosa "Salle de l'Aubette", da "Mairie" da cidade, sob o tema "De Nice a Lisboa - que futuro para a Europa?". Impressionou-me ver reunida e mobilizada uma audiência de mais de uma centena de pessoas para, durante hora e meia, ouvir e participar activamente, numa discussão franca e aprofundada, sobre as grandes temáticas europeias. A juventude do auditório e a vitalidade das suas contribuições foram para mim a prova provada de que o centro da Europa passa, definitivamente, por Estrasburgo.

quarta-feira, julho 01, 2009

Crise

Teve ontem lugar na Embaixada de Portugal em Paris um seminário sobre as consequências da crise económico-financeira para a empresas de capital português em França.

A organização deste evento, que resultou de uma sugestão que eu próprio fiz à Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa, presidida por Carlos Vinhas Pereira, teve o economista Christian de Boissieu na coordenação do debate, o qual envolveu bastantes empresários, com a participação da AICEP.

A continuidade desta "aliança" entre a Embaixada e a Câmara, iniciada pelo meu antecessor, é, a meu ver, um ponto essencial para garantir uma estratégia coordenada para a nossa presença em França.

sexta-feira, junho 05, 2009

Agustina


Foi já no dia 3, eu estava bastante longe, mas dizem-me que foi muito interessante e apreciada pelas dezenas de pessoas presentes a conferência que teve lugar na Embaixada, subordinada ao tema “Agustina Bessa-Luis e Manoel de Oliveira – um tecer do tempo e da vida” proferida por Catherine Dumas (professora na Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III) e por António Preto (doutorando na Universidade Paris VII).



Esta sessão inseriu-se no âmbito das comemorações do Ano Agustina - uma iniciativa da Guimarães Editores, apoiada pelo Instituto Camões e que assinalam o 55º aniversário da primeira edição do romance "A Sibila" - e foi feita em colaboração com os Leitorados de Português nas universidades de Paris.

Esta é uma teimosia minha: vamos continuar de portas cada vez mais abertas para as coisas culturais.

terça-feira, junho 02, 2009

Brasil

Há ocasiões em que se percebe melhor o êxito de um país como os Estados Unidos da América. São as mesmas ocasiões em que não se entende como esse mesmo país pode, por vezes, cometer erros históricos de uma dimensão inimaginável. A capacidade que os EUA têm de gerar informação de alta qualidade não condiz com o ocasional tropismo que Washington tem para a não utilizar devidamente na suas opções de política.

Um seminário sobre as relações entre os EUA, a Europa e o Brasil, em que me coube o papel de "keynote speaker" sobre a perspectiva europeia, lado a lado com um investigador alemão, numa mesa com 20 pessoas, foi também uma ocasião para ouvir excelentes análises feitas por personalidades de 8 países, entre os quais professores de Bolonha, Sciences-Po/Paris, Munique, S. Paulo, MIT, Columbia, etc., para além de figuras do Banco Mundial e de diversos "think tanks" americanos.

O Brasil está na moda e a Johns Hopkins University conseguiu congregar especialistas da área económica, do mundo académico e de centros de estudo de relações internacionais que nos proporcionaram visões profundas, despreconceituadas e - o que é reconfortante - genericamente bastante positivas sobre o futuro do Brasil.

segunda-feira, junho 01, 2009

USA

Palestrar do outro lado do Atlântico é algo que, para além de satisfação, dá algum trabalho e cansaço. Mas a um convite da Johns Hopkins University não se resiste.

Para já, algumas horas depois de chegar, apenas pude notar que Washington está "obâmica" de esperança.

quinta-feira, maio 28, 2009

Delors

Há duas Europas: a de antes de Jacques Delors e a que resultou do seu empenhamento e entusiasmo, parte da qual não lhe sobreviveu.

Hoje, ao final da tarde, no Centro Gulbenkian em Paris, um Delors na sua melhor forma, já sem as limitações das responsabilidades directas e com a frontalidade de quem sabe bem que o que diz conta e pesa, falou-nos do projecto europeu e dos riscos que sobre ele impendem. Mas falou-nos também do optimismo, da esperança e da sua crença no futuro daquele que considera ser o mais bem-sucedido desenho institucional de sempre, em matéria de cooperação entre nações: a União Europeia.

Delors referiu-se, com grande simpatia, a Portugal e aos portugueses, ao "mais bem-conseguido alargamento de sempre" feito pela Europa. É bom ouvir os amigos, e Delors sempre fez questão em ser um bom amigo de Portugal. E, quando foi necessário, juntou os seus actos às suas palavras.

Julgo que muitos saíram hoje da Gulbenkian de Paris com esta ideia: que falta fazem à Europa contemporânea homens como Jacques Delors!

Hoje, aqui na Haia

Uma conversa em público com o antigo ministro Jan Pronk, uma grande figura da vida política holandesa, recordando o Portugal de Abril e os a...