“A colonização, no caso de África, não consistiu apenas na tutela e na presença de europeus. Assentou na menorização das populações nativas, através de constrangimentos de todo o tipo, dos quais a escravatura foi o pior, mas que incluíram também o trabalho forçado, as culturas obrigatórias e os estatutos especiais, como o do “indigenato”, que de facto excluía os nativos de uma comunidade legal e cívica reservada aos europeus e aos “assimilados” “.
Há dias, mesmo no “Observador”, em que o comentarista Rui Ramos se lembra de que também é o historiador Rui Ramos. E é um gosto lê-lo.
11 comentários:
Senhor Embaixador : Sim, esta é a verdadeira História e não somente dos Portugueses mas de todos os impérios coloniais sem excepção, cujos estragos “colaterais” continuam a fazer-se sentir hoje. Com repercussões nas metrópoles, por vezes…incomodativas!
Mas o Senhor vai acordar os humanistas a geometria variável, que consideram que esta leitura constitui um insulto à História que nos ensinaram na escola, pois que, para eles, os milhões de vitimas do colonialismo eram parte inerente da civilização cristã que lhes levamos, o desprezo dos indígenas estando no ADN da direita civilizadora. Desde a “Controvérsia de Valladolid”.
É realmente inacreditável, ver Rui Ramos a escrever isto.
Uma pessoa está habituada a ler as besteiras direitistas dele, e depara-se com um texto assim!
Em 500 anos, os portugueses e (europeus em geral)nunca entenderam bem África e os africanos, nem se esforçaram por entender.
Mas os africanos entenderam bem os europeus, e só agora em que os africanos se estão a radicar na Europa, é que os europeus estão a receber cada lição de africanês!
Escravizar foi fácil, dificil está sendo a assimilação!
Sr Lavoura, as "lavouradas" que escreve (?) são autênticas "baboseiras infelizes comparadas com as besteiras que menciona !!!!!....
A.Vieira
Não é o Rui Ramos. É o gémeo dele.
Recomendava que lessem o texto e não retirassem as coisas do seu contexto. É que o Rui Ramos fala sobretudo na tragédia que foi a descolonização.
O texto “sobrevive” isolado do contexto. O que ele disse em nada é infirmado pelo resto do texto
Concordo, Sr. Emabaixador. Mas o que disse o Rui Ramos é alguma novidade? Ou é apenas um pressuposto para condenar a descolonização que, essa sim, é que é o tema principal?
Aliás, acrescento, há algum sofisma na afirmação de Rui Ramos, para depois sustentar o fracasso da descolonização. É que ultimamente, em 1974, não havia escravatura, trabalho forçado, culturas obrigatórias ou estatutos especiais, como o do indigenato que tinha sido abolido há muito.
« … É que ultimamente, em 1974, não havia escravatura, trabalho forçado, culturas obrigatórias ou estatutos especiais, como o do indigenato que tinha sido abolido há muito.” Escreve o anónimo das 08:21.
Como pode o anónimo fazer abstracção dos “efeitos” dos 500 anos de colonização que Rui Ramos muito bem descreveu? É que são estes “efeitos” que se fazem sentir hoje, mesmo no atraso da metrópole orgulhosa das suas conquistas.
Os “indígenas” desses mundos descobertos e colonizados, foram mortos, violados, queimados, torturados, explorados, massacrados pelas "maiores civilizações ocidentais": espanhóis, portugueses, holandeses ingleses, franceses, americanos para permitir o lançamento do mundo capitalista que nasceu num grande banho de sangue...
Os ocidentais não só destruíram homens, mulheres e crianças, mas centenas de civilizações diferentes, uma destruição de riquezas humanas inestimáveis!
5 de agosto de 1498: Colombo atinge o Delta do Orinoco e rapidamente percebe que é um continente. Pensa que é a Índia. Esta é a América...
1990: Crise de Oka, Quebec: O exército canadiano intervém para expulsar os Mohawks que ocupam um cemitério ancestral, que será demolido para a construção de um campo de golfe.
Entre estas duas datas, 1498 e 1990, 500 anos , e a imagem do campo de golfe onde se situava o cemitério dos Mohaawks, é a que comparo à das sanzalas miseráveis de Luanda, a algumas centenas de metros do centro da cidade, nas quais vivem aqueles que foram expulsos afim de construir a bela fachada da baia da capital. Mas que não foram realojados.
O drama da descolonização não pode apagar os dramas seculares da colonização.
Sr. Joaquim de Freitas
"Drama" da descolonização? Pode substituir por "tragédia": para os portugueses que lá estavam, para aqueles que lá nasceram (e por azar tinham pele branca) e para aqueles que lá ficaram, que foram atirados para a miséria e para regimes inclassificáveis. É caso para dizer que os dramas da colonização não podem apagar o drama da descolonização, da responsabilidade, primeira, dos revolucionários de Abril de 1974. E foi esse. o drama da descolonização, que Rui Ramos quis enfatizar.
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