terça-feira, janeiro 28, 2020

Rui Ramos


A colonização, no caso de África, não consistiu apenas na tutela e na presença de europeus. Assentou na menorização das populações nativas, através de constrangimentos de todo o tipo, dos quais a escravatura foi o pior, mas que incluíram também o trabalho forçado, as culturas obrigatórias e os estatutos especiais, como o do “indigenato”, que de facto excluía os nativos de uma comunidade legal e cívica reservada aos europeus e aos “assimilados” “.

Há dias, mesmo no “Observador”, em que o comentarista Rui Ramos se lembra de que também é o historiador Rui Ramos. E é um gosto lê-lo.

11 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Embaixador : Sim, esta é a verdadeira História e não somente dos Portugueses mas de todos os impérios coloniais sem excepção, cujos estragos “colaterais” continuam a fazer-se sentir hoje. Com repercussões nas metrópoles, por vezes…incomodativas!


Mas o Senhor vai acordar os humanistas a geometria variável, que consideram que esta leitura constitui um insulto à História que nos ensinaram na escola, pois que, para eles, os milhões de vitimas do colonialismo eram parte inerente da civilização cristã que lhes levamos, o desprezo dos indígenas estando no ADN da direita civilizadora. Desde a “Controvérsia de Valladolid”.

Luís Lavoura disse...

É realmente inacreditável, ver Rui Ramos a escrever isto.
Uma pessoa está habituada a ler as besteiras direitistas dele, e depara-se com um texto assim!

Retornado disse...

Em 500 anos, os portugueses e (europeus em geral)nunca entenderam bem África e os africanos, nem se esforçaram por entender.

Mas os africanos entenderam bem os europeus, e só agora em que os africanos se estão a radicar na Europa, é que os europeus estão a receber cada lição de africanês!

Escravizar foi fácil, dificil está sendo a assimilação!




aamgvieira disse...

Sr Lavoura, as "lavouradas" que escreve (?) são autênticas "baboseiras infelizes comparadas com as besteiras que menciona !!!!!....

A.Vieira

Anónimo disse...

Não é o Rui Ramos. É o gémeo dele.

Anónimo disse...

Recomendava que lessem o texto e não retirassem as coisas do seu contexto. É que o Rui Ramos fala sobretudo na tragédia que foi a descolonização.

Francisco Seixas da Costa disse...

O texto “sobrevive” isolado do contexto. O que ele disse em nada é infirmado pelo resto do texto

Anónimo disse...

Concordo, Sr. Emabaixador. Mas o que disse o Rui Ramos é alguma novidade? Ou é apenas um pressuposto para condenar a descolonização que, essa sim, é que é o tema principal?

Anónimo disse...

Aliás, acrescento, há algum sofisma na afirmação de Rui Ramos, para depois sustentar o fracasso da descolonização. É que ultimamente, em 1974, não havia escravatura, trabalho forçado, culturas obrigatórias ou estatutos especiais, como o do indigenato que tinha sido abolido há muito.

Joaquim de Freitas disse...

« … É que ultimamente, em 1974, não havia escravatura, trabalho forçado, culturas obrigatórias ou estatutos especiais, como o do indigenato que tinha sido abolido há muito.” Escreve o anónimo das 08:21.

Como pode o anónimo fazer abstracção dos “efeitos” dos 500 anos de colonização que Rui Ramos muito bem descreveu? É que são estes “efeitos” que se fazem sentir hoje, mesmo no atraso da metrópole orgulhosa das suas conquistas.

Os “indígenas” desses mundos descobertos e colonizados, foram mortos, violados, queimados, torturados, explorados, massacrados pelas "maiores civilizações ocidentais": espanhóis, portugueses, holandeses ingleses, franceses, americanos para permitir o lançamento do mundo capitalista que nasceu num grande banho de sangue...
Os ocidentais não só destruíram homens, mulheres e crianças, mas centenas de civilizações diferentes, uma destruição de riquezas humanas inestimáveis!

5 de agosto de 1498: Colombo atinge o Delta do Orinoco e rapidamente percebe que é um continente. Pensa que é a Índia. Esta é a América...

1990: Crise de Oka, Quebec: O exército canadiano intervém para expulsar os Mohawks que ocupam um cemitério ancestral, que será demolido para a construção de um campo de golfe.

Entre estas duas datas, 1498 e 1990, 500 anos , e a imagem do campo de golfe onde se situava o cemitério dos Mohaawks, é a que comparo à das sanzalas miseráveis de Luanda, a algumas centenas de metros do centro da cidade, nas quais vivem aqueles que foram expulsos afim de construir a bela fachada da baia da capital. Mas que não foram realojados.

O drama da descolonização não pode apagar os dramas seculares da colonização.

Anónimo disse...

Sr. Joaquim de Freitas

"Drama" da descolonização? Pode substituir por "tragédia": para os portugueses que lá estavam, para aqueles que lá nasceram (e por azar tinham pele branca) e para aqueles que lá ficaram, que foram atirados para a miséria e para regimes inclassificáveis. É caso para dizer que os dramas da colonização não podem apagar o drama da descolonização, da responsabilidade, primeira, dos revolucionários de Abril de 1974. E foi esse. o drama da descolonização, que Rui Ramos quis enfatizar.

Davos

Deve ter graça estar em Davos, por estes dias. Os maluquinhos das teorias da conspiração, os mesmo que acham que Bilderberg tem qualquer imp...