Há dias, numa conversa com António Borga, um nome que os portugueses conheceram na televisão, veio à baila o nome de William Gilman, que ele conhecera em Londres, ao tempo que trabalhou no serviço português da BBC.
Aqueles que têm tempo de vida para usufruirem de alguma memória deverão recordar-se de uma voz, com um português com óbvio sotaque britânico, que, de Londres, por alguns anos, nos trazia as notícias da RDP.
Antes, Gilman, tinha trabalhado para o “Record” e foi correspondente da Anop, antecessora da Lusa. Escreveu também para o semanário “País” e, creio, terminou a sua relação jornalística com Portugal como correspondente do “Diário de Notícias”, em 1996. O Estado português condecorou-o em 1993.
Gilman tinha nascido em Portugal, em 1917, filho de um homem dos serviços de “intelligence” britânicos, colocado na respetiva embaixada, e de uma cidadã portuguesa.
“Gilly”, como era conhecido pelos amigos, era uma figura suave, com um agradável sorriso, casado com Joan, que, curiosamente, muitas vezes o acompanhava nas suas atividades profissionais. Era filha de um jornalista britânico, H. G. Greenwall, autor de um livro sobre Portugal, “Our Oldest Ally”.
Conheci William Gilman em Londres, ainda nos anos 80 e, mais tarde, quando fui viver para o Reino Unido, tornámo-nos amigos do casal. Estivémos por mais de uma vez na sua casa em Epson, no Surrey, e comemorámos com ambos e os seus amigos o seu meio século de casamento, num clube de golfe, para o qual ele me fez convite para ser sócio. O clube era de muito difícil admissão, ele tinha conseguido uma exceção para mim e, até hoje, tenho esperança de que a minha recusa em corresponder ao seu gesto tenha sido feita com uma gentileza à altura do mesmo. É que eu nem cartas jogo...
William Gilman (na imagem, à direita, tendo à esquerda Fernando de Sousa e ao centro Gilberto Ferraz) morreu em 2001, com 83 anos. Joan sobreviveu-lhe por escassos anos.
2 comentários:
Bom dia
E Vxa onde se escondeu?
Nao o vislumbro...
Saudades
F. Crabtree
Lembro-me perfeitamento do senhor. Sobretudo das intervenções que fazia nos noticiários da Antena 1. Outros tempos, outras vidas...
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