Bruno Le Maire é uma figura em ascensão na vida política francesa. Com 41 anos, é ministro da Agricultura, depois de ter sido secretário de Estado dos Assuntos Europeus e trabalhado de muito perto com Dominique de Villepin.
Dando curso a uma tradição comum a muitos homens de Estado franceses, Le Maire escreve. E escreve muito bem. Publicou já três livros, dois deles ligados a memórias do trabalho político ("Le Ministre" e "Des Hommes d'Etat") e, mais recentemente, um outro, de diferente natureza, intitulado "Sans mémoire, le présent se vide". Li os dois primeiros (citei aqui um) e estou a ler o terceiro.
O aspeto curioso deste livro é que, ao longo de todo o texto, surgem frequentes referências à obra de José Cardoso Pires "De Profundis, Valsa Lenta". O tema da memória, como sustentáculo indispensável para a vida, é tratado por Le Maire de uma forma muito interessante, indo buscar à experiência trágica revelada na admirável obra de Cardoso Pires a inspiração para algumas ideias que desenvolve.
Em Portugal, com muito honrosas e raras exceções, os nossos políticos escrevem muito pouco. E é pena.
O aspeto curioso deste livro é que, ao longo de todo o texto, surgem frequentes referências à obra de José Cardoso Pires "De Profundis, Valsa Lenta". O tema da memória, como sustentáculo indispensável para a vida, é tratado por Le Maire de uma forma muito interessante, indo buscar à experiência trágica revelada na admirável obra de Cardoso Pires a inspiração para algumas ideias que desenvolve.
Em Portugal, com muito honrosas e raras exceções, os nossos políticos escrevem muito pouco. E é pena.
9 comentários:
É pena, é, Sr Embaixador. Mas cá para nós que ninguém nos ouve:
Será que a maioria dos políticos de hoje sabe escrever?
Tema interessantíssimo a "memória". Tenho de ler esse livro.
Mas será que os nossos políticos são acometidos de sensibilidade literária???
Cultos o quanto baste para desenvolverem uma obra literária???
Não vislumbro...
E que vontade de ir de novo até JCP...
Abraço
Senhor Embaixador, quando reparei em duas semelhanças com o Bruno Le Maire (a pasta de Secretário de Estado dos Assuntos Europeus e a paixão pela escrita), comecei a pensar que bom seria para o país acontecer a terceira… mas não na Agricultura! :):)
IBP
"Normalien, énarque", e bom escritor não há muitos.
Memória é o fato de batizado
O passado engomado aguardado
Os sonhos de-cadência de espera
Leve o esvoaçar que não desespera
Memória pode ser o foi possível
O aconteceu-Nos o só e aprazível
Mas também a luz escondida do breu Mulher que perdeu coração que doeu
Tudo que vem à memória é presente
Somos Nós evadidos em parte ausente
Quando alguém dá por ela e dá conta
Deslindam-se os Nós de grande monta
secretos escombros cinzas volvidas
Luzes apagadas, Click são acendidas
Isabel Seixas
nas honrosas excepções, temos um candidato presidencial, já ouvi por diversas vezes a expressão " é bom escritor, nada mais "
pode ser que tenhamos no topo da hierarquia um escritor, romancista, poeta... e podermos dizer que em Portugal as letras estão de mão nada com a politica
Ás vezes, mais vale escrever pouco do que escrever mal, ou algo sem interesse!
P.Rufino
Caríssimo Senhor Embaixador Francisco Seixas da Costa,
Subscrevo inteiramente a sua ideia de que os nossos políticos escrevem muito pouco, antes, durante e depois das suas funções públicas; o que parece provar o excesso de formação tecnocrática e de carreirismo partidocrático das novas gerações que aderem aos partidos por interesses e não por convicções.
É realmente interessante que o actual Ministro da Agricultura francês aborde nesse livro o tema abordado e vivenciado por José Cardoso Pires, que tem estado na própria Cultura Portuguesa muito esquecido.
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
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