Ontem, num jornal alemão, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin (que aqui em França se escreve sempre Putine), diz preconizar uma "comunidade harmonizada de economias, de Lisboa a Vladivostoque". A ideia é teoricamente apelativa e, se vista na perspetiva de uma zona de comércio livre, pode haver algumas condições para ser explorada. Isso implicaria, no entanto, a prévia adesão da Rússia à Organização Mundial de Comércio (OMC) e um conjunto de outros entendimentos que tivessem em conta as relações especiais que Moscovo tem com alguns Estados do seu "near abroad". Verdade seja que, em matéria de entendimentos entre a Rússia e o seu ocidente, já estivemos muito mais longe.
A expressão "de Lisboa a Vladivostoque" não deixa de lembrar, numa perspetiva mais moderada, a consagrada fórmula geopolítica utilizada pelo general de Gaulle, ao falar numa "Europa do Atlântico aos Urais". E, por graça, vem-me logo à memória a snobeira de um amigo, residente na linha do Estoril, que entendia que o conceito gaullista podia ser aperfeiçoado e se deveria falar na "Europa de Cascais aos Urais"...
A cada um a sua geografia.
15 comentários:
Se me dão licença : da Ilha das Flores aos Urais!
Dos Açores aos Urais, melhor dito
Eu diria mesmo : De Moura aos Urais ! : )
Alcipe e Patrício Branco têm razão, das Flores, ou Açores, aos Urais. Apoio! Ou então, melhor ainda, dos Açores a Vladivostok.
P.Rufino
Mas a Ilha das Flores é, de facto, de uma beleza imensa!
Teria pena de morrer sem a ter conhecido.
Já agora, permitam-me: de Vila Real ao Ural...
Como uma vez ouvi dizer a Eduardo Lourenço num debate sobre a UE, "para nós a europa era o que estava para lá dos pirinéus, para cá dos pirinéus éramos qualquer outra coisa, mas não éramos europa". Referia-se ao que sentiam as gerações dos anos 50 e 60 em portugal e na espanha sem democracia, com franco e salazar, e ao fascinio que os países democráticos do lado de lá exerciam sobre essas gerações de jovens e adultos.
Outra expressão bonita foi "a casa comum europeia" de que falava gorbachev
Sr Embaixador,
Só acredito no sucesso desta ideia "putínica" se primeiro eliminarem ( ideia ultra-romântica) os "paraísos fiscais".
Estimada Helena,
Vou ver se será no próximo Verão lá irei ás Flores, igualmente. Bem gostava!
Os Açores são uma maravilha (tal como a Madeira, ainda que diferentes).
Nós, neste belíssmo País que é o nosso, temos paisagens e lugares encantadores, magníficos de beleza!
P.Rufino
Subtilezas do nosso Embaixador. Como se diria em francês Putine sem "e"?
Eu respondo, Sr Anónimo:
Dir-se-ia "asneira", tipo: " .... cala-te moço".
Vou ser uma "desmancha-prazeres", mas como lisboeta, subscrevo o Vladimir Putin!
Alguma vez antes da "Cimeira da Nato", o Putin se ia lembrar de mencionar Lisboa?
Um bom exemplo das vantagens colaterais da organização de iniciativas internacionais... As altas individualidades melhoram os conhecimentos geográficos em relação a Portugal e têm direito a sobrevoar Lisboa que, diga-se em abono da verdade, é das entradas mais "triunfais" que conheço. Então de noite, é soberbo!
Temos um país lindíssimo, mas é pena cometerem-se algumas barbaridades arquitectónicas em nome do progresso (ou dos interesses!).
Aproveito para desejar um excelente fim-de-semana a todos.
IBP
Este post é duas exceções (por muito incorreto que esteja este português):
Primeiro, o conjunto dos comentários é melhor que o próprio post.
Depois, com a concorrência de tanta prosa rimatória, ficou de fora a poesia...
Há dias assim
Um abraço
Não seja por isso...
Leito fronteiriço analogia do Ural
Assume compromisso Tâmega rio ideal
Geografia dinâmica, livre a púdica
Versátil aglutina o saborosa lúdica
Venham,encontram nada mais que tudo
Jardins sóbrios,pedras,riso entrudo
Ponte romana termas pessoas fortes
Terras Aque flavie lideram Nortes
Em Súmula proximidade na distância
Reminiscência idade adulta infância
Diversidade cultural sempre a rodos
Chaves,claro,sólidas portas abertas
Memorial dos sonhos lutas despertas
Também capital de encontros e povos
Isabel Seixas
Em resposta a um múrmurio
Alguem pode passar um dia sem vir aqui? Nem pensar.
O prazer que o autor do blogue e os seus comentadores me proporcionam não tem igual.
A todos muito obrigada por este calor humano num inverno tão frio!
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