A comemoração do Armistício, que, nos dias 11 de Novembro de cada ano, celebra o final da primeira Guerra Mundial, é uma data bem viva no imaginário histórico da França. No ano passado, como aqui sublinhei, Ângela Merkel esteve ao lado de Nicolas Sarkozy no Arco do Triunfo, num ato cujo simbolismo ultrapassou em muito o gesto protocolar.
Este ano, a "Mairie" do 14eme "arrondissement", presidida por Pascal Cherki, decidiu, num gesto inédito e que considerei altamente tocante, homenagear os mortos portugueses nesse primeiro conflito mundial. Esta homenagem é tanto mais interessante quanto, em regra, muito raramente se fala, em terras francesas, da presença de tropas portuguesas nessa guerra.
Por detrás desta iniciativa esteve o conselheiro eleito por Paris, Hermano Sanches-Ruivo, um lusodescendente. Por este facto se prova a importância de haver cidadãos de origem portuguesa a ocupar cargos eletivos em França, podendo ajudar a sublinhar a memória portuguesa neste país.
Num ambiente de intempérie, algumas centenas de pessoas, tendo à frente veteranos da Segunda Guerra Mundial e crianças de escolas (que leram extratos de cartas de combatentes), estiveram presentes, muitos à chuva e ao vento, nessa tocante cerimónia, durante a qual Pascal Cherki proferiu uma intervenção de grande profundidade, onde recordou e detalhou, não apenas a nossa participação do primeiro conflito, mas igualmente fez um relato circunstanciado do relacionamento entre Portugal e a França. Não tenho (pelo menos, por ora) esse texto em condições para fazer um link, pelo que me limito a dar acesso aqui à minha intervenção na cerimónia.
8 comentários:
É sempre um motivo de orgulho nacional ter conhecimento que Portugal e os portugueses são homenageados além fronteiras.
Neste caso específico, por um motivo bem triste, homenagear os mortos portugueses na Primeira Guerra Mundial, mas a História é feita de “capítulos” que não se podem apagar ou esquecer.
Cabe às gerações vindouras saber perpetuar a memória colectiva dos muitos anónimos que tombaram heroicamente na esperança de um mundo melhor.
Senhor Embaixador, permita-me apenas referir que, tanto quanto julgo saber, o Conselheiro Hermano Sanches Ruivo não é lusodescendente, mas sim albicastrense e foi com tenra idade para França (eventualmente, terá a dupla nacionalidade).
IBP
Creio que em 2008, 90 anos após fim da guerra,
comemorou-se de modo especial em todo o lado esse facto...
Aqui nada.... na-di-nha...
Logo...
Cpmts
A grande vantagem de aqui vir ( para além de outras, como a do convívio com a família dos comentadores) é esta de aprender.
Hoje, o Sr Embaixador, esclareceu-me, "à vol d`oiseau", uma questão que ficara sem resposta no dia 10, quando a minha irmã me dizia: " amanhã não trabalho, é feriado aqui em França". E preguntou: "Aí não é?"
Eu disse que não. Mas não lhe soube explicar a razão da divergência.
Afinal era o "Armistício" da Primeira Grande Guerra.
Olá Pai
Um alguém que amaste à distância
Induz-me um pensamento retrospetivo
É de guerra e de Paz e de decência
Encontramos colo na saudade contigo
É Sábado e irrelevante apenas vida
Juntos sempre aliviamos Paz ferida
Eu na tua dimensão produto velo-te
Claro que não estou só,sou o Amo-te
És combustível da Nossa vontade
Douto na condução Luz de liberdade
Tens visto os avós os Tios e primos
Ah! encontrei o sr. Serra 94 anos
Esperança, sorriu de Ti...oh!Vamos
Está bem...A Nossa guerra, Já vimos
A Tua Bélica
Isabel seixas
Bela e legítima esta homenagem e a sua intervenção aos soldados portugueses, Senhor Embaixador!
1 Havia em lisboa a cerimónia junto ao monumento da grande guerra, na av. da liberdade. Não sei se hoje tambem houve.
2 Tocante a homenagem em frança aos nossos soldados.
3 bonito soneto, a 1a quadra é perfeita e o verso sobre o sr serra a começar por ah! é muito pessoano mas original. Claro, há nele (no soneto) muito de misterioso e criptico, o que só o torna ainda mais interessante.
O soneto retribui, com Verso "Branco"
a dignidade de ter dado por Ele, mas do Seu desvendar "Patrício" pode emergir desencanto e por favor dê-se a paz da comemoração do armistício...
Isabel Seixas
Caríssimo Senhor Embaixador Francisco Seixas da Costa,
Os momentos de armistício são sempre momentos de alegria para as tropas e para as populações.
Portugal sob as indicações de J. Norton de Matos mandou o Corpo Expedicionário Português para as dolorosas frentes de combate em França. O meu avô, oficial-militar, teve a sorte de regressar com vida dessa sangrenta guerra onde esteve desde o início de 1917.
Muitos portugueses efectivamente tombaram nessa guerra, tendo Portugal conseguido satisfazer algumas das suas pretensões políticas. Mas a Europa ficou de "pantanas" e os encargos financeiras e o desinvestimento nas actividades produtivas foram causadores de uma violenta crise económico-social que culminou com a ascensão das ditaduras de extrema-direita. Desde essa época que a Europa ressurgida novamente das cinzas, "qual Fénix renascida", tem procurado reafirmar o seu papel no mundo através do projecto institucional Europeu.
Praticamente cem anos depois a Europa ainda procura um novo rumo para se projectar no mundo como um conjunto harmonioso de potências. Se em 11 de Novembro de 1918 as populações europeias viveram a satisfação do fim da guerra, também viram e sentiram-se amargurados com as crescentes dificuldades económicas.
A situação de hoje e de ontem não mudou muito, com excepção que a Europa de hoje já não vive há muitos anos uma guerra generalizada e passou por um período de grande crescimento económico no segundo pós-guerra.
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
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