A reunião do G-20 (parece que, na prática, já são 30 e tal, à volta da mesa...) de Seul traduziu-se por um acordo de mínimos, com escassos compromissos e muita "langue de bois". Daí que, em França, alguns lhe chamem "G vain".
Nada que não fosse espectável, num quadro internacional em que, depois do "susto" financeiro de 2008/9, cada um parece estar a "fazer pela vida" e começam a esfumar-se as boas intenções no sentido de provocar uma reforma global no sistema internacional.
O G20 tem várias limitações, a começar pelo caráter discutível da sua composição e a acabar pela dificuldade em consensualizar medidas que afetariam de forma diferenciada os seus componentes. Pelo meio, fica a incomodidade de alguns integrantes do G8/G9 em partilharem responsabilidades com alguns Estados cujo estatuto internacional tem, por vezes, um sentido mais simbólico que real.
Para um país como Portugal, que está naturalmente ausente deste mecanismo de cooptação privilegiada, o trabalho de uma instância desta natureza tem o mérito de provocar uma possível aproximação de políticas e o risco de se arrogar como um "diretório" de poderes fácticos à escala global, que, pela sua proeminência, pode por em causa a preeminência das instituições internacionais onde repousa a legitimidade última na ordem internacional. Não nos opomos à revisão desta e sempre demos mostras de estarmos empenhados em revisitá-la em termos de melhoria da sua eficácia, mas sempre considerámos não ser saudável fazer repousar os termos institucionais de referência do sistema internacional em estruturas de composição "ad hoc", geradas e formatadas por agendas de circunstância.
A França terá, a partir de agora e pelo prazo de um ano, a presidência do G20 (como também herdará a presidência do G8). Esperamos que o pragmatismo e a influência franceses possam ser suficientes para desenhar um espaço de trabalho útil, com objetivos muito claros, que possam ir para além dos meros remendos de conjuntura.
3 comentários:
Mais duas presidências !? Se com uma ja estao em "palpos de aranha" ...
As somas astronómicas que são gastas na organização duma cimeira do G 20 (do G7 ou do G8) são inversamente proporcionais aos resultados obtidos em qualquer uma delas. Em 11 anos de dialogo “élargi” com vista à concertação e à estabilidade financeira internacional, a crise mantém-se, os grandes países ricos estão cada vez mais endividados (excepto o Brasil e a China), os paises pobres estão cada vez mais pobres (salvo raríssimas excepções).
Hubert Védrine já dizia há meses, na Gulbenkian, a proposito do G vain que a grande prioridade de Obama é o dialogo com a China e a Índia (G2) e não com a UE. Nessa ocasião, o Senhor Embaixador fez uma intervenção muito pertinente sobre o risco de exclusão dos “pequenos” paises membros da UE na concertação de interesses comuns.
Somos muitos a esperar que Sarkozy seja mais feliz a presidir o G20 que a França.
Oh! Helena...
Ponha pertinência nisso...
Relação custo benefício, talvez aí faça sentido uma autoscopia com o equacionar dos ganhos obtidos nos domínios pretendidos...Ação?!!!
Perguntam aos perpétuos visados?...
Os discriminados...
Mas deram-me uma ideia porque não transformar as reuniões de conselho por exemplo Municipal a uma escala operacional de identificação de necessidades populacional de cada região(Incluindo as associações de solidariedade social, que ás vezes vêem-se na iminência de empurrar a velhinha contrariada e objeto da boa acção quando por inerência já é sujeito), promovendo claro...A cobertura de necessidades... Não é esse o âmago do . G...
Isabel Seixas
Ok... Não descuro a possibilidade de Ser Segunda Feira...
Enviar um comentário