Ao acompanhar, durante o dia de ontem, os últimos episódios ligados à remodelação governamental que teve lugar em França, veio-me à lembrança uma historieta brasileira clássica, ao que se diz passada com Tancredo Neves, ao tempo em que era governador do poderoso Estado de Minas Gerais. Um Estado, diga-se, com uma área maior que a França...
Segundo se diz, Tancredo terá, um dia, anunciado que ia remodelar o governo do seu Estado. Naturalmente, algumas figuras posicionaram-se, de imediato, para se sujeitarem ao "sacrifício" de entrar no executivo. A certeza de uma dessas personalidades era tanta que havia já posto a correr que a sua participação no futuro governo estava, em absoluto, garantida. Porque o convite tardava em chegar, essa pessoa foi então falar pessoalmente com o governador, expressando mesmo o seu interesse especial por uma determinada pasta.
Tancredo tê-lo-á desiludido: não tencionava fazê-lo entrar para qualquer cargo do seu governo. O homem caiu das nuvens! Já havia anunciado à família e ao amigos que iria ser governante, a imprensa já falara no seu nome, a sua não entrada do governo ia ser uma humilhação pública. O que poderia agora fazer?
Tancredo manteve-se firme na sua decisão, mas disse-lhe que tinha uma solução:
Tancredo manteve-se firme na sua decisão, mas disse-lhe que tinha uma solução:
- Há uma forma de resolver este assunto, aliás de um modo bem honroso para si. Ao sair daqui, você vai dizer, publicamente, que eu o convidei para entrar no governo. E vai acrescentar que, por razões pessoais, decidiu não aceitar esse meu convite. De imediato, eu confirmarei isso mesmo aos jornais.
E assim foi.
6 comentários:
e vamos nos acreditar nos políticos?
Genial!
P.Rufino
A um diplomata cujo nome a imprensa citara como futuro Embaixador num posto que muito desejava e que garantia ao Ministro não ter sido ele a informar os jornais, este assegurou-lhe que o destino seria outro, muito menos agradável, e acrescentou: "o senhor Embaixador já devia saber que nem tudo o que vem nos jornais é verdade".
A saída do imbróglio foi luminosa.
Houve da parte de Tancredo um certo humanismo ou compaixão.
O outro, desculpem o termo, foi uma "besta", vaidosa e presunçosa. Merecia absoluta frieza por parte do governador.
Agora deixem-me partilhar a interrogação do comentador, ARMENIOO OCTAVIO: " e vamos acreditar nos políticos?"
Sejamos otimistas até prova em contrário todos podemos auferir do inicial benefício da dúvida, não podemos é acreditar em Todos todos os políticos...
Agora, alguns de tão...Evitantes amorfos e inócuos nem se dá por eles.
Pessoalmente vejo-me aflita para "os memorizar" faço-o mesmo como exercício de disciplina profissional contando com a vantagem da crença na saúde neuronal que isso me trará à la long na evição de demência, bem com a celeridade nas mudanças que se antevêem...
(Não sei se será mesmo saudável chegar lúcida aos 75 anos que me confere a esperança média de vida para o meu género, logo veremos ou a ver vamos)
Isabel Seixas
Cara amiga
Tento ser optimista...mas quando era pequenino li "a queda de um anjo"... para alem de optimista, tento ser lutador e remar contra a maré...mas está difícil...
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