Laurent Fabius, antigo primeiro-ministro francês, acaba de publicar um livro raro para um político: uma obra onde analisa 12 obras de pintura que, na sua opinião, marcaram o imaginário francês. Em "Le Cabinet des Douze - regard sur des tableaux qui font la France", faz um périplo muito pessoal por quadros de diversas épocas e estilos, num olhar eclético, que pode ficar aquém do preciosismo dos especialistas mas que, seguramente, vai muito para além daquilo que a generalidade dos seus pares conseguiria elaborar.
Fabius descende de um família da burguesia parisiense dedicada ao comércio de antiguidades. É um homem que escreve bem e fala melhor, cuja multifacetada cultura seduziu François Mitterrand, que o nomeou para Matignon. Hoje é uma figura senatorial da política francesa, que merece um alargado respeito.
É interessante ver um grande senhor da política fazer esta incursão num terreno menos comum e, em especial, apreciar a sua ousadia em, por exemplo, ir buscar a banda desenhada como um dos exemplos da arte a reter.
Deixo, na imagem, este magnífico "Footballeurs", de Nicolas de Stael, um quadro de 1952 que sempre me impressionou e que, pelos vistos, também marcou Fabius.
Deixo, na imagem, este magnífico "Footballeurs", de Nicolas de Stael, um quadro de 1952 que sempre me impressionou e que, pelos vistos, também marcou Fabius.
3 comentários:
Interessante é confrontar a visão pela lente dos críticos de arte com a declaração de intenções do autor da obra...
Já assisti a algum desfazanento analítico em que o autor revelou que não teve "essa" menor intenção...Mas também está bem, arte também é mesmo isso suscitar um universo de imagens à luz da subjetividade de cada um.
Isabel Seixas
é uma tentação para um politico ou ex governante escrever um livro que não seja sobre politica ou as memórias, antes um romance, poesia ou teatro, pex.
freitas do amaral escreveu peças de teatro (o reitor), valery giscard d'estaing escreveu romances algo cor de rosa, douglas hurd ex ministro conservador escreveu romances à john le carré e biografias. Até o primeiro ministro disraeli (sec xix) escreveu (bons) romances (sybill)e l s senghor grande poesia. Jimmy carter escreveu ficção e histórias infantis; agostinho neto foi poeta e em cabo verde um ex embaixador em lisboa (?) escreve poesia. E o nosso d. dinis?
A lista é grande, quem sabe se alguns usando pseudónimos, e agora junta-se à lista l fabius como se informa na entrada do blogue de fsc.
Comentador Patricio Branco ao ler o que escreveu vieram-me à mente as eventuais "estrelas nacionais" e por uma qualquer razão senti um calafrio. É que desde O Continente às Ilhas, o perigo é enorme...
Enviar um comentário