domingo, setembro 12, 2010

Claude Chabrol (1930-2010)

Agora, foi-se Claude Chabrol. Da fornada criadora da "Nouvelle Vague" - e, antes, dos iniciadores dos "Cahiers du Cinéma" - restam apenas Jean-Luc Godard e Jacques Rivette. Com uma obra onde o mistério, o "suspense" e o humor se cruzaram frequentemente, onde ressalta uma acidez irónica contra a burguesia e na qual usou sempre de um tratamento muito particular para as figuras femininas, desaparece o cineasta que mais próximo ficou de uma fonte inspiradora dessa fantástica geração do cinema francês: Alfred Hitchcock. Há quem ache que Chabrol se deixou tentar pela facilidade, pelo cinema (e filmografia televisiva) "fácil", imposto talvez pelo ritmo intenso de filmes produzidos, por um culto excessivo do enredo policial, o que o levou a executar algumas obras que acabam apenas por ficar nos pés-de-página da cinematografia mundial. Talvez, mas, para mim, era um autor onde sempre brilhava o génio.

Para quem o conheça mal, recomendo o seu clássico, de 1958, "Le beau Serge", onde são inegáveis as referências ao neo-realismo italiano. E espero ter oportunidade de ver, proximamente, "Bellamy", com Gérard Dépardieu, que concluiu em 2009. 

6 comentários:

Alcipe disse...

"Que la Bête Meure" é o meu preferido...

patricio branco disse...

la femme infidèle, madame bovary, le boucher.

(a fotografia é de gerard depardieu?)

Anónimo disse...

A morte
Dos Outros
Prenuncio da nossa

Consorte
Da vida aos poucos
Sopro indelével que roça

Dá e tira o Norte
Faz ouvidos de si moucos
Em terra um Universo de coça

O seu porte
Altivo são é de loucos
A Barca o Olá A Deus sem volta
Isabel Seixas

ARD disse...

Sim, talvez Chabrol não tenha atingido o cume que o seu talento deixava adivinhar.
Mas deixa-nos dezenas de jóias cinematográficas que, mesmo quando não são obras primas, são do melhor que o cinema pode dar.
O preferido de Alcipe, por exemplo. Depois de ver o filme, li ao romance que o inspirou ("The beast must die" de Nicholas Blake) e , 40 anos depois não esqueci nem um nem outro.
Vêm também à memória "Le cri du hibou", baseado em Patricia Highsmith, "Laços de sangue" e o inesquecível "Landru".

Helena Sacadura Cabral disse...

Tive a mesma reacção de Patrício Branco. É Gerard Depardieu sim. Julgo que no último filme do realizador agora falecido.

sem-se-ver disse...

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