quinta-feira, dezembro 01, 2022

“A Arte da Guerra”


Depois de uma semana de pausa, regressou “A Arte da Guerra”, o podcast com o jornalista António Freitas de Sousa para o “Jornal Económico”. Nesta edição, falamos da China e das reações públicas à política de ”covid zero”, das polémicas em torno do Qatar e da possível incursão militar turca na Síria. Para ver clicando aqui.

Outros tempos



Em outros tempos, hoje era sábado. Aos sábados, tinha saído o “Expresso” (que ainda não tinha saco e que agora sai às sextas). Porque era fim de semana (hoje não é), eu vestia calças de veludo cotelê e (às tantas!) camisola de losangos, que sempre tive por traje “oficial” do cliente das Pousadas. A sala da Pousada (esta é em Estremoz, mas podia ser qualquer outra) era assim. Há, no entanto, uma pequena e despicienda diferença: por esses tempos, eu andava na casa dos 30 ou dos 40 anos.

A diplomacia e a independência


A propósito dia que hoje se comemora, é bom que se saiba que está prestes a sair o livro “A Diplomacia e a Independência de Portugal”, com um conjunto de palestras em que tive o gosto de colaborar.

A glorious day!

 


“Andas no Larau?”



Um amigo, depois de ler por aqui algumas notas sobre uma passagem minha por Évora, telefonou-me ontem, à hora de jantar. Apanhou-me num restaurante em Estremoz, com imenso barulho. Fiquei com a impressão que disse: “Andas no Larau?”.

Fiquei intrigado. Eu estava, de facto, a jantar no restaurante Larau, mas como diabo sabia ele isso?

Na verdade, esse meu amigo tinha dito uma coisa mais prosaica: “Andas no laréu?”. (“Andar no laréu”, para quem não saiba, é andar na “boa-vai-ela”, andar na boa vida, sem nada fazer). Eu é que tinha percebido mal.

O Larau é a mais recente novidade gastronómica de Estremoz. Um restaurante muito agradável e criativo. Uma bela surpresa, que me tinha sido soprada por mais de uma fonte. (Já agora: Larau é o nome que se dá ao pano de sarapilheira utilizado na apanha da azeitona).

Há anos, Estremoz já tinha sido brindado com o surgimento do excelente restaurante que é a “Mercearia do Gadanha”. Depois, num “split” matrimonial deste, surgiu o “Alecrim”, onde se come também bastante bem. Sempre tive isso como uma “compensação” pelo facto de por ali ter desaparecido o saudoso “São Rosas”.

É que, em Estremoz, há muito que também vão os tempos áureos do “Águias de Ouro” e só resta mesmo a memória da típica “Adega do Isaías”, tão típica que cheguei a ali ver ratos entre os tonéis. (Dizem-me que o nome reabriu sob a batuta de Zé Varunca; lá terei de ir um dia!) Com o restaurante da Pousada fechado, sobrava, ao lado, a “Cadeia Quinhentista”, a que sempre resisti a ir, sei lá bem porquê. Fui lá hoje e comi muito bem! Fica a faltar-me a recomendada contemporaneidade da mesa do “Howard's Folly”. Numa outra vez será.

Agora, “ando no laréu…” Já não se pode vir “trabalhar” ao Alentejo sem suscitar comentários dos amigos! Tal está a moenga, hem!

quarta-feira, novembro 30, 2022

Fim de tarde em Estremoz

 

12


Não cabem mais de 12 de pessoas em cada uma das salas de qualquer destes dois restaurantes de Évora, que não podem ser mais diferentes um do outro.

Ontem, fui jantar, pela primeira vez, ao “Tua Madre”, uma ousada aposta contemporânea, um “mix” difícil de definir, onde o Alentejo se cruza com influências italianas. Uma oferta surpreendente e criativa, que aconselho. Ambiente solto, propostas líquidas desconhecidas, muito boa onda.

Hoje, optei por ir almoçar a um clássico, à “Tasquinha do Oliveira”, uma casa onde regresso sempre que posso, há mais de 20 anos. Um exemplo de rigor, constância e sempre excelente qualidade. Por lá se exibe o diploma do prémio anual de cozinha tradicional portuguesa que a nossa Academia Portuguesa de Gastronomia, com grande justiça, lhe atribuiu.



(Em tempo: uma nota sobre a oferta gastronómica em Évora: Évora é um paraíso da restauração. Depois de Lisboa e do Porto, é, sem a menor dúvida, a cidade portuguesa com melhor oferta. Além dos dois restaurantes referidos - “Tua Madre” e “Tasquinha do Oliveira” - há muito mais, desde logo o clássico "Fialho”, uma “catedral” em declínio, desde há anos. No “Moinho do Cu Torto” come-se bem, no “Guião” também, o “Luar de Janeiro” é um lugar seguro e o “Dom Joaquim” garantiu, em poucos anos, um lugar próprio. Creio que foi o “Origens” que abriu lugar à modernidade culinária na cidade, que está também na “Enoteca” e que me dizem existir, com qualidade, no “Cavalariça” (de que só conheço o original na Comporta, de que gosto). Fui também, um dia, ao atípico “Momentos” e ao “Quarta-Feira”, que não desiludiu. Não conheço o novo “Santo Humberto” (o antigo era um local estimável), mas lá terei de ir um dia. Achei o “Degust’Ar” bom, mas pouco criativo. Falta-me ir à “Bruxa” e ao “Botequim da Mouraria”, mas o fígado não dá para tudo, não é?)

A política externa



Estive hoje em Évora a falar sobre a política externa portuguesa. Num mano-a-mano com Filipe Domingues, notei algumas linhas de evolução - constantes e mudanças - da nossa ação externa, os pontos fortes e as fragilidades de um país que tem conseguido aproveitar as oportunidades para a sua afirmação internacional, partindo das vertentes tradicionais, ditadas pelas determinantes da geopolítica, até chegar a iniciativas que alguma ousadia por vezes converteu em êxitos. Uma audiência atenta e participativa fez-nos ganhar a manhã. Um abraço grato aos nossos anfitriões, os alunos de Relações Internacionais da Universidade de Évora.

Jorge Martins



Se puderem, não percam a excelente exposição de Jorge Martins, na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora.

terça-feira, novembro 29, 2022

“Colina”


No domingo, com amigos, fomos almoçar à “Colina”, numa transversal oblíqua à Duque de Ávila, junto à 5 de Outubro. Há mais de duas décadas que não visitava aquele que é, com toda a certeza (mas estou aberto a ser corrigido), aos fins de semana, um dos últimos clássicos restaurantes lisboetas frequentado por famílias burguesas. 

Não me estou a referir às tascas, com toalhas de papel, travessas metálicas e uma barulheira imensa, que cumprem hoje esse papel, como alternativa popularucha, adequada ao poder da bolsa. Falo de restaurantes serenos, com guardanapos de pano, serviço personalizado à antiga (“O seu esparregado, dona Matilde”), algumas madeiras no cenário e total ausência de pressão para se abandonar a mesa (“Ó senhor Vítor! Por favor, traga-me outro café e uma bagaceira da casa”, dizíamos, quando o nosso fígado era outro). 

No género, ali perto, por muitos anos, existiu o “Funil”, que agora se modernizou e perdeu o propósito. Também havia “O Polícia”, hoje uma sombra do que foi, e a “Adega da Tia Matilde”, que, pela minha última e infeliz experiência, há meses, devia ter ido com o cliente Eusébio para o Panteão. Da mesma natureza, na avenida de Paris, esteve, por muito tempo, o “Isaura”, para onde se entrava por uma escada em caracol, que nos levava a uma cave com estantes, onde existia uma bela “biblioteca” de vinhos. O “Pote”, na João XXI ainda hoje cumpre um pouco essa função. Num registo mais simples, e ainda nas Avenidas que um dia foram novas, tenho grandes memórias da “Imperial do Campo Pequeno”, de que fui vizinho e freguês assíduo.

Quase todos os bairros de Lisboa tiveram restaurantes do género. Aos fins de semana, era vulgar ver avós, pais e filhos, de famílias com algumas posses, em almoçaradas. Até na Baixa, o “Paris” cumpria essa função.

A “Colina” ali estava, igual à que sempre a conheci. Na clientela deste domingo descortinei vários nomes que estiveram na berra nos anos 90, a que a idade trouxe um corfortável anonimato, mas também ali cruzei um poderoso ministro deste governo (como este é um governo sem muitos ministros poderosos, é fácil lá chegar), à espera do seu “take away”.

Como é que se comeu? Bem, embora sem deslumbre. A oferta é a clássica para este tipo de casas, pratos sólidos, sem surpresas nem arrebiques. Com a casa cheia, o serviço teve o ritmo certo, tudo a sair a um custo razoável. Foi bom regressar à “Colina”! 

(“Não fales muito na “Colina”, nas redes sociais!”, alertou-me uma amiga. “Se vai lá muita gente, ficamos sem mesas!”. Arrisco).

Os desafios da China


Na terça-feira, dia 6 de dezembro, pelas 15.00 horas, irei falar sobre “Os Desafios da China”, a convite da Sociedade de Geografia de Lisboa (Rua das Portas de Santo Antão, 100).

A sessão pode ser atendida presencialmente ou por zoom, neste caso através do link


(ID da reunião: 833 1178 2490 - Senha de acesso: 785573).

As civilizações têm uma medida

 


A minha tertúlia verde


Ontem, estive em mais um almoço daquilo que qualifico como a minha “tertúlia verde”. Por ser ecológica? Nem por isso, embora o grupo seja, sem dúvida, bem “sustentável”, atento o facto de já durar há quase cinco décadas. Por ser do Sporting? Não, embora por lá haja leões, águias e outras espécies da natureza. É verde porque foi de farda verde, na tropa, que todos nos conhecemos, e também porque estão lá representados todos os “ramos” - do Exército à Força Aérea e à Marinha, com almirantes e generais pelo meio, ora bem! Ah! E todos ali somos “abrilistas” ferrenhos. Mas isso, aos olhos de alguns “novembristas”, só nos tornaria mais “vermelhos”, não é?

O dono da bola

Ver a nossa federação preocupada com a atribuição de um golo a um ou a outro futebolista é o cúmulo do ridículo, e, ao mesmo tempo, uma irresponsabilidade, por estar a potenciar uma questão, num grupo em que a coesão deveria ser o sentimento essencial a preservar. Que triste!

segunda-feira, novembro 28, 2022

Têvês


Nas Amoreiras. “É o embaixador Seixas da Costa, não é?“ Disse que sim. ”Muitas vezes não concordo com o que diz, lá na televisão”. Sorri: “Fico grato por, mesmo assim, me ouvir. Mas, diga-me uma coisa: se não aprecia o que eu digo, por que é que não muda de canal?“ “Porque há lá umas senhoras com quem estou sempre de acordo”. “Eu aviso-as, pode ficar descansada”. E saí para comprar castanhas.

A Rondónia, a estátua e a memória


Há dias, no restaurante “Solar dos Duques”, um empregado brasileiro disse-me que era da Rondónia (em português do Brasil, da Rondônia). Vir desses confins para Portugal é obra!

Nem lhe perguntei se ouvira falar no Forte do Príncipe da Beira, uma fabulosa construção que os portugueses por lá deixaram, construída no final século XVIII, na fronteira da Rondónia com a Bolívia, num sítio remoto, onde só consegui chegar com a ajuda da Força Aérea brasileira. O nome do Estado homenageia o marechal Rondon, que, em 1911, descobriu o forte, o qual, por muito tempo, havia estado coberto pela forte vegetação amazónica.

Este encontro lembrou-me a minha ida a Porto Velho, capital da Rondónia, há 14 anos. Decidi incluir naquela visita, que depois prolonguei para o Acre, um jantar com as pessoas que, por ali, tinham ligações a Portugal, luso-brasileiros descendentes de portugueses, orgulhosos cidadãos do Brasil, ainda ligados às memórias da “terrinha” (como por lá se diz que os portugueses dizem) dos seus pais.

Quis então saber se não haveria, a viver na Rondónia, nenhum português, nascido em Portugal. Havia um, fui informado. E disseram-me que esse cidadão, com os seus frágeis 93 anos, que lhe não lhe iriam permitir ficar para jantar, tinha manifestado à família interesse em conhecer “o seu embaixador”.

O senhor estava emocionado. E eu, que sou de emoções fáceis, também estava. E o encontro tornou-se ainda mais comovente quando constatei que ele nascera … em Vila Real! Esse meu conterrâneo chegara ao Brasil em 1925, com 20 anos - e nunca mais tinha voltado a Portugal. Não era oriundo exatamente na cidade de Vila Real, nascera numa aldeia próxima, mas lembrava-se bem de ali ter apanhado o comboio, com bilhete só de ida, que o havia de conduzir ao Brasil, como destino final de vida.

Na breve conversa, curioso, perguntei-lhe sobre aquilo de que ainda se lembrava, nas suas idas a Vila Real. De muito pouco, disse-me: apenas “do rio lá no fundo”, das muitas igrejas e do “campo”, um grande terreiro, no meio da cidade. “Deve ser o Campo do Tabolado, hoje a avenida Carvalho Araújo. Recorda-se ainda da grande estátua que existe a meio da avenida?” Não se recordava.

Fiquei com o episódio na cabeça, por uns anos. E a ele associei sempre a minha íntima estranheza pelo facto do meu conterrâneo não identificar aquilo que é um marco identificativo da nossa cidade comum. Até que, um dia, o mistério desfez-se: a estátua a Carvalho Araújo, o heróico marinheiro da Grande Guerra, só foi inaugurada em 1931 e o nosso homem passara pela cidade, onde nunca regressou, em 1925. Imagino que o cavalheiro, que, se fosse vivo, teria hoje uns impossíveis 117 anos, se terá questionado sobre a fiabilidade da sua memória. Ou não.

O que um encontro com um rondoniense, num restaurante de Campo de Ourique, me trouxe à memória! Mas, pensando bem, vir da Rondónia para Lisboa, nos dias de hoje, não é nada comparado com ter mudado de vida, há mais de um século, indo de Vila Real para aquelas remotas paragens.

domingo, novembro 27, 2022

Uma aventura em Queluz de Baixo


Estávamos em outubro de 2021. À saída do seu gabinete, ao qual eu tinha conseguido chegar com alguma ajuda, levado através do dédalo que sempre achei ser o complexo da TVI, disse a Nuno Santos, quando o vi, delicadamente, disposto a levar-me de volta à entrada: "Não se preocupe! Sei o caminho de volta".
 
No primeiro cruzamento de corredores, constatei que a minha confiança era excessiva. Perdi-me! Andei por ali e, de repente, ainda hoje estou para saber como, dei comigo no meio da redação. Uma pessoa que me conhecia, perguntou: "Está à procura de alguém?". Engrolei uma justificação qualquer e lá consegui chegar àquilo a que sempre chamei intimamente o "quadrado", única referência geográfica da casa de onde eu saberia aceder à porta principal.
 
É que a diferença entre as instalações da "velha" TVI e as da CNN, ali prestes a nascer, no mesmo local de Queluz de Baixo, era já imensa. Só com o tempo eu iria ter verdadeira consciência disso.
 
Na TVI 24, durante precisamente um ano, eu tinha colaborado no "Observare", um programa semanal sobre questões relações internacionais. Dentro da mesma temática, o que o Nuno Santos me propôs nesse dia seria fazer comentário, com maior regularidade, na nova CNN. Essa aventura, graças à sua confiança, dura até hoje, as mais das vezes em estúdio, na sede ou no Porto, outras por Skype, de vários locais, do país ou do estrangeiro.

Não tenho a menor dúvida de que foi o modelo CNN Portugal, nascido entre nós a partir da TVI, que suscitou a onda de interesse sobre as relações internacionais que hoje marca os noticiários de outros canais. E não se diga que isso se ficou a dever apenas à guerra na Ucrânia, não obstante o indiscutível efeito potenciador que teve! Muitas outras guerras tinha havido, nas últimas décadas, e, nem por isso, alguma vez se verificou este intenso surto de tratamento televisivo do que se passa no resto do mundo. Basta ver a diferença na abordagem da vida política brasileira que a CNN Portugal conseguiu introduzir e que acabou por "infetar" todas as nossas televisões. Foi a inédita abundância de diretos e de correspondentes e enviados ao estrangeiro, aos locais onde as coisas que importam ocorrem, as imagens e as reportagens de grande qualidade que a marca CNN propicia ao canal, o rigor do trabalho feito em estúdio e uma equipa permanentemente empenhada e entusiasmada - tudo isso é a razão do inegável sucesso desta aposta, a qual, por muito que alguns se recusem a reconhecer, representa um tempo novo na televisão em Portugal.

Por estes dias, tenho um grande prazer em fazer parte da família CNN Portugal. Um ano passado sobre a sua ida para o ar, o canal constitui um imenso êxito. Ao Nuno Santos e a toda a equipa da CNN Portugal, onde diariamente crio novos amigos, num ambiente criativo e entusiasta, deixo um forte abraço de parabéns.

sábado, novembro 26, 2022

Lados

Confesso que nem sempre consigo levar a cabo, com êxito, um exercício íntimo que, desde há muitos anos, tento apurar. Trata-se de evitar, quando vejo jogos de futebol na televisão, tomar partido por qualquer das equipas.

Dou conta de que estou a ter sucesso na consecução da minha atitude quando, ao ver marcar um golo numa baliza, dou por mim a desejar que haja outro na outra baliza, para tornar a partida mais equilibrada, logo, mais competitiva.

É claro que é muito mais fácil fazer isso num Shrewsbury - Barnsley, da liga inglesa, do que num campeonato do mundo entre países, sobre os quais frequentemente temos tentações afetivas.

Vem isto a propósito deste México - Argentina. Tanto me faz que ganhe um ou outro. O mesmo senti com o jogo anterior, o França - Dinamarca, ou o EUA - Inglaterra.

Sinto que estou a refinar nesta minha cultura de "isentão" militante.

A última morte de Fernando Gomes


Era uma figura muito simpática de outro tempo do nosso futebol. Jogador típico de área, com uma elegância "oportunista" (no bom sentido), da sua cabeça saíram golos magníficos, "voando entre os centrais", embora não fosse a ele que Carlos Tê dedicou o poema cantado por Veloso. Francisco José Viegas tinha-o "assassinado" (também no bom sentido ficcional) no "Morte no Estádio", mas Fernando Gomes só hoje morreu, depois de longa doença, enfrentada com muita coragem. Um grande nome do futebol português que merece ser lembrado pela nossa seleção.

sexta-feira, novembro 25, 2022

Três vintes

O 25 de novembro de 1975 foi o dia em que a Revolução chegou ao seu inevitável termo, garantindo a Constituição de 1976, que consagrou a Democracia. Mas é preciso separar muito bem as águas: é que o 25 de novembro também é o “25 de abril” de quantos ainda apreciam o 28 de maio.

quinta-feira, novembro 24, 2022

Zelos

Na Guiné Equatorial, sob o olhar morno da “nossa” CPLP, o partido do presidente vitalício “ganhou” com 99% dos votos, depois de uma campanha eleitoral vergonhosa. Mas o Qatar é que está “a dar” e a mobilizar o nosso zelo.

Monopólio

O Qatar e a Qantas são, a nível mundial, as suas mais agressivas afrontas ao monopólio que a letra U há muito obteve junto de todos os Q que por aí andam.

Ai seleção, seleção!

Com a vitória me enGanas… 

António da Cunha Telles


O cinema português contemporâneo teria uma outra história se este Senhor não tivesse tido a ambição, a coragem, a iniciativa e bom-gosto que teve. António da Cunha Telles, que agora desapareceu, foi uma grande figura da cultura portuguesa.

quarta-feira, novembro 23, 2022

Atlântico


Sexta travessia aérea do Atlântico, duas por mês, desde setembro. O meu velho pai, para as viagens (de automóvel) que então via como longas, costumava dizer: “Com a idade, as viagens saem mais do pelo!”. Como eu hoje o compreendo!

Vista

 


Trabalhar com esta vista da janela é mais fácil.

Finalmente!


Até que enfim que isto fica esclarecido! Há anos que andava a perguntar-me por que razão as coisas eram assim. 

terça-feira, novembro 22, 2022

Obviedades

O Chega não saudou Jerónimo de Sousa, na sua saída do parlamento. Acho que o homenageado deve agradecer. O facto da Iniciativa Liberal se ter comportado como o Chega só comprova que a sua íntima natureza não é muito diferente, o que, para mim, sempre foi óbvio e muito evidente.

Cidade


Ainda não consegui decifrar esta cidade, apesar das várias vezes que por cá tenho passado.

Parabéns, CNN Portugal!


Há um ano, por esta altura, tive de faltar à inauguração da CNN Portugal. Estava a mais de três mil quilómetros de distância. Este ano, por motivos idênticos, falto à celebração do primeiro aniversário do canal onde comento temas internacionais. Azar meu. Desta vez, a mais de sete mil quilómetros de distância. Parabéns, CNN Portugal!

segunda-feira, novembro 21, 2022

domingo, novembro 20, 2022

Memória diplomática



Desde há algumas horas, podem ser consultadas aqui https://memoriaoraldiplomacia.mne.gov.pt/pt/  entrevistas com diversos protagonistas da nossa diplomacia contemporânea. 

Ainda não tive tempo de ler nenhuma mas, conhecendo a qualidade (e a memória crítica) de alguns dos meus colegas, aposto que vai ser um acontecimento...

sábado, novembro 19, 2022

Qatar


Há precisamente uma década, ocupei, por um ano, o cargo de embaixador junto da Unesco, em Paris. Um dia, procurei o meu colega do Qatar, para uma questão de interesse para Portugal. 

Recordo que era um homem simpático e muito cordial. Quando lhe expressei o que dele pretendia, abriu-se num sorriso: “Para Portugal, tudo! Nasci perto de uma fortaleza portuguesa no Qatar e o nome do teu país faz parte da minha vida”. A apoiou logo a nossa pretensão.

O meu colega qatari referia-se à fortaleza de Al Zubarah, situada a cerca de 30 kms de Doha, a capital do país, criada pelos portugueses no final do século XVI.

Talvez aos nossos compatriotas que agora irão a Qatar, para acompanhar a aventura da nossa seleção de futebol, fizesse bem passarem por Al Zubarah.

(Em tempo: As referências oficiais a Al Zubarah não a identificam como tendo origem portuguesa, pelo que admito ter interpretado mal a informação que me foi dada.)

sexta-feira, novembro 18, 2022

Pelosi

No momento em que Nancy Pelosi sai da liderança democrática da Câmara dos Representantes, é justo prestar tributo a uma senhora que, com coragem democrática, soube afrontar Trump, quando tal era necessário. O deslize da sua visita pomposa a Taiwan, contra o parecer dos responsáveis políticos e militares do seu país, é, em tudo isso, apenas um interlúdio infeliz.

O senhor guarda

A polémica dos polícias radicais levou-me, nos últimos dias, a olhar, com atenção curiosa, para os agentes que encontrei por aí. Constatei que a barba e um ar “negligé” são a aparente nova imagem de marca de muitos deles. Logo veremos no que isto dá.

“Off-side”

Até ao fim da sua vida, quase com 100 anos, o meu pai dizia “off-side”, para significar aquilo a que, no futebol, se chama vulgarmente fora-de-jogo. Ontem, ao ouvir Marcelo Rebelo de Sousa pronunciar-se sobre o Qatar, senti que, por lapso de ligeireza, se colocou “off-side”.

A sombra da farda

Só um sentido extremo de compromisso, e o temor de que alguma coisa de grave possa acontecer, estará a travar os democratas brasileiros de denunciarem, com clareza, a linguagem equívoca que os comandos militares do seu país têm vindo a usar, nos textos rebuscados que editaram e subscreveram, nos últimos dias.

Depois do vexame nacional, para um país democrático, que foi o facto de se terem auto-autorizado a fazer uma sindicância ao sistema eleitoral, as chefias militares alimentam agora uma “jonglerie” semântica que acaba por manter acesa a esperança de golpe por parte dos opositores ao regime democrático. 

Se estivessem verdadeiramente determinados a pôr um ponto final no espetáculo grotesco que se mantem em frente aos seus quarteis, afetando a imagem da democracia brasileira e a seriedade das suas instituições, bastaria aos comandos militares brasileiros recusar, de uma vez por todas, todos os apelos anti-democráticos e o ridículo das alegações de fraude eleitoral, que ninguém substanciou.

Os militares brasileiros permitem-se, além disso, enviar farpas escritas aos detentores do poder judicial, sugerindo-se como uma tutela última do sistema político. No fundo, o objetivo parece ser avisar que pretenderão manter um “droit de regard” sobre o futuro político do país.

A pergunta é legítima: depois das escandalosas colocações de militares numa multiplicidade de lugares públicos, feitas durante o consulado de Bolsonaro, estarão eles a procurar condicionar o poder político que aí virá, com vista a evitar algum natural recuo neste domínio?

Em Brasília, existe a Praça dos Três Poderes, onde três edifícios simbolizam os pilares da República: o parlamento, o palácio presidencial e o judiciário. Na sinistra ditadura militar, com ironia, dizia-se que os “três poderes”, no Brasil, eram, na realidade, o exército, a marinha e a força aérea. Será ainda assim?

A luta justa

As coisas parecem-me simples, no tocante ao envolvimento da juventude na luta climática: devemos estimular e apoiar o seu empenhamento na causa e rejeitar, sem complacências, formas de luta que infrinjam as leis da República, que a juventude deve ser ensinada a respeitar.

A guerra justa

Há um lado muito saudável na polémica que envolve o mundial de futebol no Qatar. Desde logo, a constatação de que o mundo “à parte” que o futebol parecia ser está a acabar. Depois, que a universalidade dos Direitos Humanos é uma “guerra justa” que urge difundir e promover.

quinta-feira, novembro 17, 2022

“A Arte da Guerra”


As “midterm elections” nos EUA, a conversa de Joe Biden com Xi Ji Ping e o estado da guerra na Ucrânia - temas analisados em “A Arte da Guerra”, o podcast para o “Jornal Económico”, uma conversa de meia hora com o jornalista António Freitas de Sousa.

Pode ver aqui: https://www.youtube.com/watch?v=4QCpwpqTMrs

Pátria verde

Ouço, de um empregado, no balcão da Versailles, onde fui por um bolo-rei: “4-0 em Alvalade”. Distraído, faço um imenso sorriso. Depois, caio logo em mim: é um amigável da seleção, contra a Nigéria. O sorriso amarelece. O meu patriotismo, de facto, já não é o que era…

De nada…

Tudo o que soe a Ucrânia, Rússia, Putin, Kremlin enche as montras das livrarias. Aconselho a que, antes de comprarem, consultem uma página ímpar, na abertura do livro, e vejam a data da edição. É que está a ser vendido muito gato por lebre, velho e relho por novidade. De nada…

Romance

Vão sair imensos livros de ficção tendo a Ucrânia como pretexto, do género “O Alfaiate do Panamá” ou “O Livreiro de Cabul”. Informo que iniciei a escrita de um romance que terá por título “A Cerzideira de Zaporizhzhia“. Que ninguém se lembre de copiar!

Metáfora

Não tenho nada a certeza de que a metáfora do "cão atiçado", escolhida pelo novo líder do PCP para qualificar o atual estado de espírito da Rússia, caia bem nos ouvidos da Soeiro Pereira Gomes. E não há uma segunda oportunidade para criar uma primeira impressão.

Coisas

Alguém me consegue explicar este mistério? Saramago é imensamente popular no Brasil e Lobo Antunes é bastante menos lido. Em França, passa-se o contrário.

Bom dia?


Nunca consegui levar a sério quando, nos telefonemas de Bruxelas, alguém me diz “Bom dia!”. Sempre que pergunto, de volta, “mas está mesmo um bom dia por aí?”, a resposta, desalentada e saudosa do sol, é quase sempre “não, está a chover” ou coisas assim…

CNN


Portugal tem a sua CNN. A CNN Internacional tem, nos dias de hoje, esta excelente colaboração portuguesa.

É um pouco isto!

 


Estratégia


O prefácio foi de Adriano Moreira. No lançamento, interveio Marcelo Rebelo de Sousa. A Almedina editou o livro há quatro anos. Relendo-o agora, constato que continua muito útil. 

Dia 25 deste mês

Helena Pereira, no editorial do "Público" de hoje, a dizer o que precisa de ser dito sem meias palavras.  Já agora: à atenção do P...