domingo, novembro 27, 2022

Uma aventura em Queluz de Baixo


Estávamos em outubro de 2021. À saída do seu gabinete, ao qual eu tinha conseguido chegar com alguma ajuda, levado através do dédalo que sempre achei ser o complexo da TVI, disse a Nuno Santos, quando o vi, delicadamente, disposto a levar-me de volta à entrada: "Não se preocupe! Sei o caminho de volta".
 
No primeiro cruzamento de corredores, constatei que a minha confiança era excessiva. Perdi-me! Andei por ali e, de repente, ainda hoje estou para saber como, dei comigo no meio da redação. Uma pessoa que me conhecia, perguntou: "Está à procura de alguém?". Engrolei uma justificação qualquer e lá consegui chegar àquilo a que sempre chamei intimamente o "quadrado", única referência geográfica da casa de onde eu saberia aceder à porta principal.
 
É que a diferença entre as instalações da "velha" TVI e as da CNN, ali prestes a nascer, no mesmo local de Queluz de Baixo, era já imensa. Só com o tempo eu iria ter verdadeira consciência disso.
 
Na TVI 24, durante precisamente um ano, eu tinha colaborado no "Observare", um programa semanal sobre questões relações internacionais. Dentro da mesma temática, o que o Nuno Santos me propôs nesse dia seria fazer comentário, com maior regularidade, na nova CNN. Essa aventura, graças à sua confiança, dura até hoje, as mais das vezes em estúdio, na sede ou no Porto, outras por Skype, de vários locais, do país ou do estrangeiro.

Não tenho a menor dúvida de que foi o modelo CNN Portugal, nascido entre nós a partir da TVI, que suscitou a onda de interesse sobre as relações internacionais que hoje marca os noticiários de outros canais. E não se diga que isso se ficou a dever apenas à guerra na Ucrânia, não obstante o indiscutível efeito potenciador que teve! Muitas outras guerras tinha havido, nas últimas décadas, e, nem por isso, alguma vez se verificou este intenso surto de tratamento televisivo do que se passa no resto do mundo. Basta ver a diferença na abordagem da vida política brasileira que a CNN Portugal conseguiu introduzir e que acabou por "infetar" todas as nossas televisões. Foi a inédita abundância de diretos e de correspondentes e enviados ao estrangeiro, aos locais onde as coisas que importam ocorrem, as imagens e as reportagens de grande qualidade que a marca CNN propicia ao canal, o rigor do trabalho feito em estúdio e uma equipa permanentemente empenhada e entusiasmada - tudo isso é a razão do inegável sucesso desta aposta, a qual, por muito que alguns se recusem a reconhecer, representa um tempo novo na televisão em Portugal.

Por estes dias, tenho um grande prazer em fazer parte da família CNN Portugal. Um ano passado sobre a sua ida para o ar, o canal constitui um imenso êxito. Ao Nuno Santos e a toda a equipa da CNN Portugal, onde diariamente crio novos amigos, num ambiente criativo e entusiasta, deixo um forte abraço de parabéns.

3 comentários:

Anónimo disse...

«...as imagens e as reportagens de grande qualidade que a marca CNN propicia ao canal, o rigor do trabalho feito em estúdio...»

Estará a falar do mesmo canal que ocupou praticamente toda uma manhã com a "análise" ao míssil com que a Rússia teria "atacado" a Polónia ilustrando com looping do mesmíssimo reboque de um trator agrícola de rodas para o ar ?! Estará a falar do mesmo canal que nem se deu ao incómodo de pedir desculpa aos seus espectadores pela fake e respectivas sequelas ?! Não pode ser! Fui eu que vi mal...

MRocha

Lúcio Ferro disse...

Sim senhor, tem toda a razão. A CNN Portugal, "empenhada e entusiasta", mais as suas congéneres RTP3 e SICN, praticamente passadas a papel químico, contribuem imenso para a lavagem dos cérebros e para a propaganda dos pontos de vista de meia dúzia de oligarcas que as controlam, aqui como nos EUA e na Europa dita ocidental. Para além disso, possuem outro grande mérito: demonstram à saciedade que são elas, e nas as redes sociais, quem mais fabrica fake news. Não vejo esses outlets de propaganda, não têm credibilidade e ademais não gosto que me gozem.

soudocontra disse...

Muito bem Lúcio Ferro, totalmente0000000 de acordo!!!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...