A profunda revolta sentida pelo povo palestino, depois de décadas de injustiça e de hostilidade a que continua a ser submetido pelos governos de Israel, sob a cobarde complacência do mundo ocidental, é totalmente justificável e deveria merecer não apenas o respeito mas igualmente a solidariedade e o apoio político ativo da comunidade internacional. Na ausência de um quadro institucional estável, onde os seus anseios possam ser canalizados por via democrática, vivendo em permanência acossados numa terra que têm razões para considerarem também sua, deve compreender-se a expressão do desespero dos palestinos, privados de qualquer esperança, vendo o seu adversário confortado pelos poderes do mundo. Mas uma revolta, por muito legítima que seja - e esta é-o, sem a mais leve réstea de dúvida -, vê essa legitimidade afetada quando é titulada por certas formas extremas de violência. O que se passou no dia 7 de outubro de 2023, com o assassinato arbitrário de muito civis inocentes, com a tomada de reféns, também civis, para poderem servir de moeda de troca e de escudo humano, foi um ato obsceno e injustificável, sob qualquer pretexto. Nem a desproporcionada violência que a resposta israelita assumiu, indigna de um povo judaico que um dia sofreu a brutal chacina que a extrema-direita alemã lhe inflingiu, que em Gaza veio a juntar muito mais barbárie àquela barbárie, pode atenuar minimamente a gravidade do que se passou naquela data. Os mortos não são números e todos os inocentes devem merecer o nosso respeito.
10 comentários:
Texto que o honra, Senhor Embaixador. Mesmo se, para explicar, se possível, o drama do 7 de Outubro, fosse preciso estar na pele dum palestino, , para sentir a dor, a raiva e a revolta que os habita.
A INJUSTIÇA é CEGA!
Tony Fedup
Bom texto.
É isto!
Texto com o qual concordo totalmente. Muito bem. É altura de parar com esta barbara guerra.
Sem dúvida que o que se passou no 7 de outubro do último ano foi um ato ignóbil. No entanto, não o devemos encarar como um ato terrorista isolado. Foi, naturalmente, terrorismo, mas um terrorismo que advem de uma colonização que é, também ela, de uma maneira diferente, é certo, terrorista. A história- a nossa própria história colonial - está cheia deste tipo de respostas insanas e brutais.
José Ricardo
Este comentário é meu
Totalmente de acordo.
Foi este o significado da afirmação de António Guterres sobre o facto de o ataque de 7 de outubro não aconteceu no vazio. Infelizmente entre os comentadores das nossas TVs ha quem justamente verbere a barbarie do Hamas e o regime retrógrado do Irão mas encontre sempre forma de legitimar o terror de estado de Israel
cf. War, de Bob Woodward.
Enviar um comentário