sexta-feira, julho 05, 2024

Orbán

Todos sabemos que Orbán não é "flor que se cheire". (Erdogan também não era). Mas se acaso ele viesse a conseguir uma (improbabilíssima) ponte negocial entre Moscovo e Kiev, o que é que a União Europeia podia objetar? Afinal, a Ucrânia é ou não "dona" da sua guerra?  

4 comentários:

J. Carvalho disse...

As posições dos líderes da UE e mesmo dos EUA sao reveladores de que esta guerra acontece na Ucrânia mas o comando e o financiamento da mesma ocorre fora dali.

Anónimo disse...

E o SG e a Presidente da Comissão fazem comentários ao que fazem líderes eleitos democraticamente que são quem lhes paga?
Fernando Neves

Anónimo disse...

A Warmonger Úrsula van der Leyen devia era estar calada. Pôr pressão em Orban, ou noutro qualquer líder de um membro da UE, que têm uma legitimidade popular que ela não tem, pois foram eleitos democraticamente, pelo facto de se encontrarem com Putin, é, no mínimo, abusivo e extemporâneo. A UE, pela sua postura incendiária no que respeita ao conflito na Ucrânia perdeu toda a capacidade para poder vir a ter, um dia, um qualquer papel numas negociações de paz. Não só não será considerada a sua posição, como nunca fará parte de um processo de negociações de paz. Graças a essa traste da Presidente da CE e “Companhia”. Apoiar o regime corrupto de Kiev, sem nunca haver uma preocupação de manter pontes com vista a um processo de paz no futuro, pelo contrário fomentando e alimentando a guerra, como tem feito a Comissão Europeia (articulada com Washington), vai custar caro, um dia, à imagem, prestígio e influência política da UE.
E entretanto, a “Política Externa” da UE e CE, para a Ucrânia, manter-se-á no figurino lamentável que Borrel nos foi habituando, pois quem se lhe seguirá, Kaja Kallas, em nada irá ser diferente do espanhol, ou melhor, tudo indica que irá seguir um guião ainda mais radical.
a) P. Rufino

Carlos Antunes disse...

Posso estar enganado, mas julgo que Viktor Orbán, nunca esteve verdadeiramente interessado em se posicionar como mediador do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Por um lado, a Hungria depende significativamente do gás russo, e manter boas relações com Moscovo é crucial para a segurança energética do país, para além de a Hungria ter outros interesses económicos na Rússia, incluindo investimentos e trocas comerciais. Ao oferecer-se como mediador, Orbán mais do que não pretendeu do que preservar e fortalecer essa relação que tem cultivado com Vladimir Putin e a Rússia.

Por outro lado, Orbán sempre utilizou uma retórica nacionalista desafiando as políticas comuns contra o que descreve como a interferência da UE nos assuntos húngaros. Ao agir independentemente da UE, mais não faz do que tentar fortalecer a sua própria posição, tanto internamente (defendendo os interesses nacionais da Hungria acima dos ditames de Bruxelas) como externamente nem que seja explorando as divisões dentro da própria UE (vd. o anúncio da criação de novo grupo no Parlamento Europeu “Patriotas pela Europa” pelos líderes dos partidos populistas e nacionalistas da Hungria, Áustria e República Checa com o objectivo de se tornar no mais forte grupo de direita radical no PE, a que o Chega aderiu).

Em suma, o intuito de Orbán parece ser diversificado, combinando objectivos de política interna, fortalecimento de laços bilaterais com a Rússia e uma estratégia de aumento de influência regional contra o projecto da União Europeia (qual Cavalo de Troia em Bruxelas!).


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