quinta-feira, setembro 14, 2023

Vale uma aposta?

O BCE aumentou a taxa de juro. Quem é que, por cá, vai pagar, politicamente, por esta decisão? 

14 comentários:

Anónimo disse...

O governo! o " Tio Patinhas" cá do sítio ficou desolado!

J Carvalho disse...

Não sei, mas o Centeno votou contra logo será complicado acusar o Galamba pelo aumento.

manuel campos disse...


Os governos da altura pagam sempre por estas decisões.
Sempre foi assim.
Não ía ser diferente agora, calha a todos.

Eu não brinco com estas coisas.
Tenho filhos e netos a pagar casa.
Prestações a duplicarem nos últimos 6 meses.

Nuno Figueiredo disse...

singelo contra dobrado, não obrigado.

Luís Lavoura disse...

A mim o que me choca é a taxa de juro ser tão baixa. É uma taxa de juro que nem sequer cobre o valor da inflação. Com esta taxa de juro, quem empresta dinheiro fica sempre a perder, e quem o pede emprestado fica sempre a ganhar.
A taxa de juro deveria ser pelo menos 2% mais alta, somente assim compensaria a poupança.
Mas devo ser eu que não entendo de economia.

aguerreiro disse...

Só paga quem pode e perde quem tem!

afcm disse...

Qual equilíbrio Yin e Yang, terá que pagar politicamente quem politicamente beneficiou com a anterior política económica do BCE de taxas negativas. Na altura, o governo sempre se alcandorou para colher os frutos alheios, sem mencionar a fonte e atribuindo-os a ele próprio.
Agora será necessário que pague...
Mais uma consequência da falta de "honestidade" dos nossos políticos. Triste ! ( visão de uma pessimista..)

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Depois do Pasodoble, temos o "Fado da Desgraçadinha" by Luís Lavoura.
Pobres dos Bancos que qualquer dia vão à esmola.

manuel campos disse...


Três observações logo pela manhã, com vossa licença.

A primeira para dizer que concordo totalmente com “afcm”, o governo actual beneficiou de uma época de “vacas gordas” o que, espanto dos espantos, não as impedia mesmo assim de “voarem”.

Agora anda a tentar atamancar as situações, penso eu que não da melhor maneira, pois até aos pedidos do BCE de não exagerar nos apoios sociais faz orelhas moucas o que, do ponto de vista político, trará decerto algumas simpatias no curto prazo da parte de alguns eleitores mas talvez não tantas como se esperaria com o advir de tempos ainda mais incertos.
Há uma coisa chamada médio prazo (já nem falo do longo prazo) e a juventude sem futuro não é a 3ª idade só com passado.

Não sei se também trará as simpatias dos “frugais” de quem, com as eventuais aberturas da UE que por aí precipitadamente se anunciam, vamos ter muitas saudades da boa vontade com que nos permitiram não abandonar os nossos saudáveis hábitos de “vinho e mulheres”.
Há um artigo interessante e recente sobre estas matérias de Henrique Burnay no Expresso:
“Ai se os frugais sabem como gastamos” (2 de Maio de 2023).

A segunda é que não percebi bem o raciocínio do Luis Lavoura.
E se calhar nem o percebi sequer mal pois não consigo ter dúvidas…
O que eu sei - e já aqui o disse ontem – é que tenho filhos e até netos a pagar casas e nem eu tive quem ma pagasse nem eles têm quem lhas pague, viver desafogadamente no dia-a-dia é um coisa, ter meios para andar a comprar andares à família toda é outra coisa, o que se dá a um tem que se dar aos outros, as "ajudas" distribuídas por quem não é rico são amendoins.
A vida dá muitas voltas e não é garantido que quem está hoje bem não seja quem daqui a 10 anos se veja cercado de problemas complexos, em especial os de saúde (tenho largo currículo familiar destes últimos).

A terceira refere-se ao “Só paga quem pode e perde quem tem!” de “aguerreiro”.
É verdade mas é curto, deixou de se aplicar a muita despesa, nomeadamente a compra de casa por parte de quem precisa mesmo de uma e a despesas de saúde por quem desespera com a falta de resposta hoje existente nessas matérias.

Eu aqui distingo os que dão passos maiores que a perna (e são muitos) dos que dão passos do tamanho da perna mas de repente lhes falta o chão (e também são muitos).
Estamos rodeados de gente que foi na cantiga dos bancos do “Tu queres, tu tens”, que depois passou a “Tu queres, tu podes, tu tens” e últimamente voltou à forma original.
Carros da gama acima, viagens lembram-se lá onde, moradias em vez de T3.

Mas também estamos rodeados de gente que não teve outro remédio senão aceder a empréstimos bancários para ter e agora estão bem entalados porque os convenceram que a taxa variável é que era bom (e era enquanto foi, mais de 905 dos empréstimos por cá são desses).

Como em tudo na vida não é a ouvir dizer que alguém, há que estar um mínimo por dentro das situações.
Portanto se quem tem que pagar deixa de poder não tem alternativa senão perder o que tem e aí, santa paciência, temos que distinguir as “formigas” apanhadas nas curvas da vida das “cigarras” que se enfiaram alegremente nelas.

manuel campos disse...


Errata.

"Mas também estamos rodeados de gente que não teve outro remédio senão aceder a empréstimos bancários para ter casa e agora estão bem entalados porque os convenceram que a taxa variável é que era bom (e era enquanto foi, mais de 90% dos empréstimos por cá são desses)."

As minhas desculpas.

Luís Lavoura disse...

manuel campos

não percebi bem o raciocínio do Luis Lavoura

Eu tento explicar melhor.

Usualmente, em ciência económica entende-se que o juro é uma recompensa que quem pede emprestado paga a quem poupou, para o recompensar por não ter consumido os seus rendimentos e em vez disso os ter poupado.

Dessa forma, o juro deve, pelo menos, isto é, no mínimo, ser superior à taxa de inflação, pois caso contrário quem poupou acaba por ficar prejudicado, e não beneficiado, por ter emprestado.

Ora, atualmente a taxa de juro do Banco Central Europeu é, de facto, inferior à taxa de inflação. Isto é, os bancos comerciais que pedem emprestado dinheiro ao Banco Central são premiados por o pedirem, e o Banco Central é prejudicado por o emprestar.

Parece disparatado. Contraria a teoria económica.

Mas, tal como eu disse, se calhar sou eu que não percebo a teoria económica.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Manuel Campos,

Verdade, verdadinha.

A mim de 274€ durante anos já vai em 529€.
É dinheiro e não é pouco.

manuel campos disse...


Luis Lavoura

Agradeço o seu cuidado.

É como diz ainda que aquilo a que assistimos por parte dos bancos não ser nada disso, quem poupou não está a ser recompensado de nada com o argumento de que os Bancos têm muita liquidez e até se podem dar ao luxo de dispensar quem poupou em favor dos Certificados do Tesouro (e abusando de ser pouco prático continuar a usar o colchão como cofre).

De facto eu estava a ler o seu raciocínio na base da formação do valor das prestações bancárias ao longo da vida de um empréstimo forçosamente longo (os da casa chegaram a atingir os 40 anos, ainda que as regras tenham sido ligeiramente alteradas entretanto), em que as parcelas juro e amortização vão naturalmente evoluindo.
Claro que com os acontecimentos recentes e este "correr atrás do prejuízo e logo se vê" a que se assiste, todos estes raciocínios valem pouco e a teoria económica anda a ser mandada às urtigas todos os dias.

Ainda agora me dou conta que as intenções do nosso governo passam por um conjunto de medidas que só vão dar resultado se em 2025 tudo tiver serenado.
Políticas sociais de curto prazo na base do "wishfull thinking"?
Está bem, abelha!

Cumprimentos

marsupilami disse...

«Usualmente, em ciência económica entende-se que o juro é uma recompensa que quem pede emprestado paga a quem poupou, para o recompensar por não ter consumido os seus rendimentos e em vez disso os ter poupado.»

Luis Lavoura,

Ainda não aprendeu que o dinheiro que as pessoas pedem emprestado ao banco não está guardado no cofre-forte? O dinheiro emprestado às pessoas é criado ex-nihilo no momento em que o empréstimo é concedido. E, no essencial, o único limite a essa criação monetária é a quantidade de "moeda do banco central" de que os bancos comerciais dispõem. O banco central cria esta última moeda ex-nihilo, sem constrangimentos que não sejam os que resultarem de uma vontade política.

(O algoritmo que determina exactamente quanto podem emprestar por unidade de "moeda do banco central" é inevitavelmente resultado de uma decisão política também, os critérios nesse algoritmo têm variado ao longo das décadas e têm-se tornado cada vez mais laxistas).

Encontrar neste mecanismo um prémio para recompensar os virtuosos é um verdadeiro "tour de force".

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