terça-feira, setembro 19, 2023

O chefe Artur


Em 2003, na manhã cálida de 20 de julho, dia da cidade de Vila Real, o chefe Artur, o mais conhecido bombeiro da urbe, foi homenageado com a Medalha do município.

Duas outras pessoas - o médico António Passos Coelho (pai da pessoa em que estão a pensar) e eu próprio - recebemos, na ocasião, galardões similares. Em nome dos três, coube-me agradecer ao município, na pessoa do presidente de então, Manuel Martins, a distinção por todos recebida. 

No final, o chefe Artur, que era uma pessoa que eu conhecia "de toda a vida", como diriam as "piquenas" da Linha, veio ter comigo, para um abraço, e disse-me: "Ó doutor! Quem havia de dizer que nós os dois, que, há uns anos, andámos, de madrugada, a tirar com o guincho o carro do "Foquita" de um lameiro, em Parada de Cunhos, íamos estar aqui a receber juntos esta medalha!" 

Era bem verdade! Numa noite do final dos anos 60 ou início de 70, depois do meu grande amigo Zé "Foquita" nos ter conduzido inabilmente, com seu Mini, por uma ribanceira, junto à Toca do Lobo, felizmente sem consequências para além da chapa, tinha sido eu quem fora acordar o Artur à sua casa nos "bombeiros de cima", lá para as cinco da manhã, para "desenrascar" os efeitos do acidente. Terá sido a única ocasião em que o vi mal disposto.

É que o chefe Artur era, como sempre o recordo, um homem extremamente cordial, com um permanente sorriso, quando nos cruzávamos pelas ruas, ele no modo rápido e inclinado de caminhar que lhe era bem caraterístico. Estava, já há muito tempo, reformado das lides dos fogos, continuando a ser uma figura muito popular e querida na cidade. Ao que soube, morreu agora, com a bela idade de 93 anos. Fica o meu pesar e a sua fotografia (da autoria de Duarte Carvalho) com a medalha que ambos partilhamos.

7 comentários:

Flor disse...

Que descanse em paz.

Maria Isabel disse...

Bonita homenagem.
Paz à sua alma.
Maria Isabel

Nuno Figueiredo disse...

...memories!

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Celebrar a vida na hora da partida, é, sem dúvida, a verdadeira homenagem.

Luís Lavoura disse...

o meu grande amigo Zé "Foquita" nos ter conduzido inabilmente, com seu Mini, por uma ribanceira

Jovens com os copos a conduzir às quatro da madrugada, é nisto que dá.
O meu primo em segundo grau e grande futebolista Pedro Lavoura faleceu desta forma, com mais dois amigos, espetado contra o muro de uma casa a meio da noite.

Francisco Seixas da Costa disse...

O Luís Lavoura fala do que não sabe. Mas, mesmo assim, fala. O José "Foquita" Araújo, condutor e dono do carro, não bebia uma gota de álcool. O "achismo" é chato...

Luís Lavoura disse...

Francisco

O Luís Lavoura fala do que não sabe.

Tem razão. Peço desculpa.

Já agora, peço desculpa também ao meu falecido primo Pedro Lavoura, que se calhar (não sei) também era abstémio.

Mas não deixa de ser verdade que muitos jovens devem ser muito imprudentes a meio da noite, para desta forma se despistarem. Devem ir em velocidade excessiva. Ou então, como já é muito tarde na madrugada, adormecem ao volante.

Isto é verdade?