segunda-feira, março 07, 2022

Parem para pensar!

Respeita-se a indignação e a revolta impotente das pessoas face às graves consequências humanas que a guerra na Ucrânia está a ter. Mas apela-se a um mínimo de racionalidade: se acaso a NATO tivesse a tentação (e conseguisse gerar no seu seio o que se sabe hoje ser um impossível consenso) de intervir diretamente no conflito, combatendo ao lado da Ucrânia contra a Rússia, dar-lhe-ia uma escala europeia e até global, pelo que a dimensão da tragédia atual seria multiplicada por números inimagináveis.

5 comentários:

José disse...

Agora talvez seja tarde para entrar na Ucrânia mas, antes, quando tudo apontava para uma invasão, a NATO - ou países ocidentais fortes -, podiam ter ocupado posições. E, mal a guerra começou, o ocidente da Ucrânia podia ter sido ocupado. E toda aquela área de Odessa para baixo, também podia ter sido ocupada. A justificação? Proteção preventiva dos países da NATO.

Agora, temos a Moldávia aflita e a única coisa que temos para lhe oferecer é um "Estão lixados. Aguentem-se..." ?

Aliás, eu acho engraçado ver todos estes elogios ao rearmamento da Alemanha (e da Europa, em geral), mas, pergunto, para quê?! A NATO já é mais forte do que a Rússia. Queremos mais armas para combater quem? Se os países NATO forem atacados, entra esta em jogo e, se não forem países NATO as vítimas estão entregues a si mesmas. Portanto... mais armas para lutar contra quem?

Luís Lavoura disse...

José, quando diz

"mal a guerra começou, o ocidente da Ucrânia podia ter sido ocupado. A justificação? Proteção preventiva dos países da NATO"

está a propôr, de facto, uma invasão da Ucrânia pela NATO. O que seria tão ilegal como a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Recordo que, pela carta das Nações Unidas, o exército de um país só pode ocupar posições noutro país a pedido do governo legítimo deste último. E, que eu saiba, o governo ucraniano jamais pediu à NATO que ocupasse posições no ocidente desse país.

Luís Lavoura disse...

José

temos a Moldávia aflita

A Moldávia não tem razões para estar aflita: a Rússia já ocupou a parte dela em que pode estar interessada (a Transdnístria). Se não ocupou mais que isso, é porque não quer. E parece que as duas partes do país nõ se dão mal de todo - pelo menos, o Sheriff Tiraspol - que é da Transdnístria - ainda joga no campeonato moldavo...

Luís Lavoura disse...

José,

A NATO já é mais forte do que a Rússia.

Isso pode ser verdade em população e em tamanho das forças armadas, mas não é verdade em operacionalidade na Europa. Grande parte das forças da NATO - leia-se, a parte dos EUA - encontra-se muito longe da Europa, e em geral as forças armadas da NATO estão muito pouco operacionais para uma guerra clássica contra um adversário à altura. Nos últimos anos, só andaram a combater contra-insurgência...

José disse...

OK, Lavoura. Saí-lhe na rifa, hoje.

Vamos lá:

1) A Ucrânia tinha um governo legítimo - caso não tivesse reparado -, e esse governo podia pedir uma intervenção estrangeira.

2) Compreendo a sua candura para com o local geralmente designado como "o último sítio onde ainda se vive como na União Soviética", mas isso diz-me pouco. Dizer que Putin não quer, agora, o que não obteve antes é, no mínimo, ridículo.

3) Se a "operacionalidade" da Rússia não lhe permite desembaraçar-se de um exército "mal preparado" sem recorrer à força bruta (um hábito histórico, diga-se), só podemos imaginar o desastre que seria enfrentar uma série de países do primeiro mundo, com exércitos profissionais e tecnologia de ponta.

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