terça-feira, março 22, 2022

Por uma vez, pelos “Blues”!


Vivi, por alguns anos, não muito longe de Stamford Bridge, o estádio do Chelsea. Creio que apenas duas vezes, nesses meus saudosos (assumo) tempos londrinos dos anos 90, comprei bilhetes para ver por lá jogos: uma vez contra o Tottenham, outra contra o “meu” Arsenal, os “Gunners”, grupo a que, desde há décadas, me ligam afinidades políticas (também confesso) e desportivas. 

Nunca fui adepto do Chelsea, tive sempre mesmo uma escassa simpatia pelo clube de Fulham Road, situado, porém, numa das zonas londrinas que mais aprecio e onde, para além de Hampstead, se pudesse daria o que não tenho para lá viver, se acaso Lisboa não existisse.

O Chelsea, como é sabido, por ter sido propriedade de um multimilionário (se me apanharem a dizer oligarca, internem-me, porque é sinal de que me deixei apanhar pela moda mediática) russo, que o facilitismo legislativo, soprado pelo politicamente correto e pelo “l’air du temps”, deixou um dia que obtivesse nacionalidade portuguesa (diz muito de um país ter sido necessário Putin andar na berlinda para o escândalo estourar e ser “instaurado um rigoroso inquérito”!), anda hoje pelas portas da amargura, em termos financeiros. Nem para as viagens parece haver dinheiro, nem pode vender bilhetes.

Como se aquela multidão de fãs, gente que vive e poupa uma semana para ir berrar e cantar no estádio o seu amor ao clube, merecesse ser punida, na sua fidelidade àquela camisola, pelas eventuais patifarias daquele que por alguns anos foi seu dono! 

Como se aquele excelente grupo de jogadores, que demonstra uma admirável determinação contra o infortúnio que lhes bateu à porta, fosse obrigado a arrostar com as culpas daquele calaceiro com ar sonolento, sempre rodeado de grandes pequenas à cata das ”pounds”, porque o rublo da privararia dos tempos de Ieltsin já deu o que tinha para dar!

Podem chamar-me tudo, até “putinista”, mas, no sábado passado, em face daquela flagrante injustiça, “fui“, por uma vez, do Chelsea. 

E da minha bancada almofadada lisboeta, em frente à televisão, tendo à ilharga um Earl Grey do Fortnum and Mason, ”the mother of all teas”, embora sem scones, puxei o que pude pelo clube, até o ver derrotar o Middlesbrough, para a taça lá do sítio. 

E olhem que não é fácil, por estes tempos e por razões que eu cá sei, alguém me ver a apoiar os “blues”!

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