sábado, março 13, 2021

O cronista

Chama-se Alberto Gonçalves e é um dos mais badalados cronistas do jornal digital “Observador”, pago por esse órgão de comunicação social para escrever coisas como estas:

”Desde há um ano, ou seja, desde que começou esta experiência social, que faço o que me apetece, excepto quando o que me apetece colide com a submissão alheia à repressão em curso. Por exemplo, não posso ir a restaurantes se estes estiverem fechados. Mas nunca me passou pela cabeça respeitar as limitações de circulação e os horários de recolhimento, os quais de resto desconheço. No último fim-de-semana, à semelhança de boa parte dos anteriores, cruzei uns 90 municípios, sem “autorizações” escritas ou desculpas preparadas para criaturas que não têm o direito de as exigir em circunstâncias assim. Se quero “circular”, circulo. Se quero estar com amigos, estou. Se quero ficar em casa, fico – porque é a minha vontade e não porque o prof. Marcelo, o dr. Costa, a orquídea da DGS, uma dúzia de “especialistas” em fancaria estatística e um estúdio de televisão repleto de idiotas o recomendam. Se me apanharem a desobedecer, multem-me. Se me apanharem a obedecer, internem-me. Respeitar ordens implica aceitar a legitimidade das mesmas e de quem as decreta. Há muito que não respeito essa gente, e há muito que as decisões dessa gente são ilegítimas.”

O texto, no antepenúltimo parágrafo, tem a lucidez de dar uma sugestão com algum sentido.

25 comentários:

aguerreiro disse...

Este tem aprendido umas coisas com presidente Marcelo. Confinamento e fronteiras fechadas não é com ele nem pra ele. Mas debitar conselhos, palpites e decretos é um ás.
Cumprir com o que exige aos outros isso é que não.
Confinado mas a visitar o Papa e o rei de Espanha e incrementar umas toneladas de carbono para envenenar o Ambiente?
Tenho que dar alguma razão ao articulista. Bem o prega frei Tomás, quanto melhor o diz ....pior o faz.

J.Tavares de Moura disse...

"The problem with the world is that everyone does not have a brain, but everyone does have a tongue."

Raheel Farooq in "Zaar"

Neste caso, uma caneta.

Lúcio Ferro disse...

As autoridades ainda não foram a casa deste senhor identificá-lo? Consigo vislumbrar neste suculento naco a subscrição de uma série de violações da lei e, por cima, a sua publicidade e consequente incentivo à violação da lei por parte de muitos outros. Ora, deve ser monitorizado pelas autoridades. Podia ser que ficasse sem carta de condução que era logo meio caminho andado e, se depois levasse regularmente as multinhas de 200 euros, melhor caminho ainda. Não admira que após ter sido corrido do DN este "sociólogo" de treta se tenha ido acolitar nesse farol da liberdade de expressão que é o pasquim do carrapatoso e amigos. Bandalho. Ao menos, seria expectável que o pasquim tomasse uma atitude e lhe mostrasse a porta da rua, já que cronista gosta tanto de andar aí pela rua sem qualquer respeito pelos seus semelhantes.

albertino ferreira disse...

Não leio o Observador, mas esse sujeito parece-me ser um niilista de trazer por casa; talvez aprendesse alguma coisa se lesse Dostoievski, especialmente Os Demónios.

Obelix disse...

Por vezes merece mais a pena estar calado e passar por parvo, do que abrir a boca ou, neste caso, rapar da caneta, e não deixar dúvidas a ninguém.

Tony disse...

Como é possível, alguém dar razão a este trauliteiro e negacionista. É mais um daqueles, que integram o grupelho da "direitalha", que tem a mania que são maus e que se permitem, fazer o que querem, quebrando todas as regras, legalmente instituídas. São reacionários copiando os Trumps e Bolsonaros, que por aí andam. Desafiam tudo e todos e ainda se gabam dos êxitos. Este tipo de gentalha, devia, como o próprio sugere, ser internado, apanhado pela carroça dos cães, pelo mau mau exemplo social que dá. Deixei há muito de ler, ainda no Expresso, a sua excrementícia prosa.

Smiley Lion disse...

Este tipo é um crápula há já muito tempo. Incurável!
Não deve ser internado, que o SNS não é para crápulas, deve ser preso e afastado dos humanos.

PauloV disse...

Realmente ainda não percebi porque quanto mais à direita, mais estúpidas e negacionistas as pessoas se tornam... Será só "estupidez natural" ou há aqui mais alguma virose extra?

A.B. disse...

Liberdade de expressão também inclui opiniões destas. Quem acha que deviam ser censuradas e promover retaliações volte para 1973.

hmj disse...

Senhor Embaixador:
Em defesa da Democracia e da Constituição da República pergunta-se se esta criatura tem Carteira Profissional de Jornalista. Terá ele noção de haver um Código Deontológico ?

Carlos Cotter disse...

Será que paga os impostos devidos só quando lhe apetece?

caramelo disse...

A.B. e depois de 73 ganhámos também o direito de chamar idiota a quem escreve crónicas nos jornais. É bom, não é? O resto é também o normal em qualquer país civilizado. Um tipo confessa, todo lampeiro e cheio de panache, que praticou infrações, ainda por cima em matérias graves de saúde pública, o que acha que deve acontecer? Aliás, o que deveria acontecer. Mas não somos a Inglaterra ou a Alemanha. Aqui passa, não se preocupe. Aqui essas coisas anunciam-se em jornais. O Eça iria achar isto um pagode, como sempre.

migas (miguel araújo) disse...

Caro Embaixador
Esse personagem é uma vergonha de comentador, por maior que seja o meu respeito pela liberdade de expressão ou opinião. E não é apenas no Observador. No blasfémias, a para com outros destiladores de ódio e de abjectos escritos, ainda é pior. Aliás, alguém que nada de jornal em jornal sem conseguir parar em lado nenhum, sem qualquer crédito.
A melhor resposta a quem é tão liberto das usas responsabilidades sociais e colectivas, a quem trata o Estado com total desprezo (e não me refiro a qualquer conceito ideológico entre a dialéctica público vs privado), é remetê-lo ao seu mundo individualista e narcisista em caso de necessidade internamento.

Rui Figueiredo disse...

O Observador está para o PSD como o Independente esteve para o CDS. O resultado é conhecido

Antonio Santos disse...

Independentemente da concordância ou não com o escrito pelo cronista do “Observador”, o post acima e os comentários ao post fizeram-me recordar um acontecimento ocorrido na manhã do dia 19 de Maio de 1975 nas instalações do diário República…

Obviamente com recurso a outras “roupagens” e um tipo de linguagem adequado aos tempos actuais, afinal é mesmo verdade, a História repete-se.

António Santos

Flor disse...

"Mais vale cair em graça do que ser engraçado"!
Essa rebeldia não lhe fica bem e é crime. Outro iluminado que também acha que o Covid 19 é "uma gripezita". Com pessoas assim não vamos lá! :(

Carlos Diniz disse...

Sem confinamento, a Suécia tem 1296 mortos por milhão de habitantes.
Com confinamento, Portugal tem 1640 mortos por milhão de habitantes.

Das duas, uma. Ou o confinamento não serviu para nada, ou a Suécia tem um sistema de saúde mais eficaz que o nosso tão aclamado SNS.

Lúcio Ferro disse...

Caro Carlos Diniz, o seu comentário é representativo de uma das várias estirpes do negacionismo corrente. Repare, ele reflecte o seguinte:

“Sweden got the response right. They didn’t introduce restrictions, went for a herd immunity strategy, and their economy has been protected.” In reality, Sweden’s covid-19 death toll has massively outstripped that of each of its Nordic neighbours, and its hospitals and intensive care units are under huge pressure now. [15] Sweden has recorded its own highest excess mortality increase since 1919. The country’s King and many senior politicians have admitted they got it badly wrong. [16,17] The World Health Organisation described herd immunity approaches as “dangerous and unethical.” [18] Sweden’s economy has not been protected from a hit. Sweden is now considering lockdown approaches akin to those in many European countries. [19] And besides, the policy approach actually involved far more behavioural modification and state social support for isolation than the contrarians want to admit. [20]

ler mais aqui (se se quiser informar ao invés de tentar justificar o injustificável): https://blogs.bmj.com/bmj/2021/02/01/david-oliver-covid-deniers-precarious-jenga-tower-is-collapsing-on-contact-with-reality/


A.B. disse...

Caro Caramelo, se o dito cronista cometer infrações às regras, não será a panache que lhe evita a coima. O que não lhe retira o direito de as cometer.
Quanto à gravidade para a saúde pública, é zero. O homem não esteve infectado, não infectou ninguém. Há muito pior vindo de quem até define as regras. Com poucas ou nenhumas consequências.
Eu cumpro as regras, mesmo as que não fazem nenhum sentido. Mas eu não tenho aspirações a ser cronista num media como o Observador.
Quanto ao cronista, enquanto tal, fui ver, e não vale nada. Aliás, a maior parte dos “jornalistas de opinião” não valem nada. O bom jornalismo é o velho “o quê, quando, como, onde, e porquê”. Informação, opinião cada um que forme a sua, devidamente informado.
Saúde.

Carlos Diniz disse...

Caro Lúcio Ferro, a minha fonte é esta:
https://www.worldometers.info/coronavirus/

E basta-me.

Já agora, opiniões de blogs?

Jaime Santos disse...

Sim, Sr. Embaixador, mas a sugestão não se deve aplicar apenas em caso de obediência...

Quanto à Suécia, não é exatamente um farol no que diz respeito às mortes por covid-19, a ponto do seu Rei ter reconhecido que o País falhou. E isto é particularmente patente quando se compara os seus números com os de Países límitrofes, melhores termos de comparação do que Portugal...

Aliás, a nossa situação só piorou verdadeiramente após o 'desconfinamento' do Natal... Se erro há a apontar ao Governo e às autoridades de saúde, foi o de termos sido excessivamente 'suecos' numa altura em que a variante britânica já grassava entre nós, muito embora não houvesse ainda informação disso.

caramelo disse...

A.B. Não faço ideia se ele estava infetado, se não estava. Não o conheço de lado nenhum e muito menos lhe fiz testes. Aliás, ele deve estar-se nas tintas para testes. Não sei com que segurança diz o A.B. que ele não estava infetado. Quanto à coima, volto a dizer que o que ele escreveu não tem consequência nenhuma. O meu ponto também era esse, para além de não achar sentido nenhum para o receio que lhe falte liberdade de expressão. Ele exerceu-a, foi idiota, e a gente chama-lhe idiota. Ponto. Quanto a "retaliações", querendo dizer, talvez, coimas (não tem nada a ver uma coisa com outra), pode ele estar descansadinho.

Joao Alves disse...

Obrigado por nos dar a conhecer um neoliberal. Confesso que continuo sem poder entender a filosofia dos neoliberais, mas , por razões práticas comparo-os à minha colostomia, que me obriga a usar um saco para as fezes. Agora, que o meu intestino é neoliberal, não tenho qualquer controle sobre o funcionamento do meu intestino.Dejecta quando quer,onde quer causando-me por vezes embaraços em publico e limitações na minha social ( o meu neoliberal está em primeiro lugar.Mas sou que tenho que garantir a limpeza e a sua substituição quando estou de saco cheio.Espero que esta linguagem seja aceite pêlos novos defensores da moral, mas é aquilo que eu constato.

carlos cardoso disse...

Não percebi bem a intenção do Embaixador ao vir aqui dar publicidade a este energúmeno. Não foi decerto só para dar oportunidade aos seus leitores mais primários de exclamarem indignados "olhem como a direita é estúpida!" Imbecis há-os em todo o espectro político.

A.B. disse...

Caro Caramelo, leia alguns dos comentários que o Dr. Seixas da Costa deixou entrar nesta “caixa”.
Nada disto é novo, mas este é um blogue civilizado. Há demasiadas metáforas escatológicas, mas um comentário que me ofende é o que advoga a opção dele não ser tratado se apanhar covid. É um argumento que já vi ser usado, e não o subscrevo - do tipo não se deve tratar quem fuma, ou quem bebe, ou quem é gordo, ou quem não usou preservativo, etc. A lista pode alongar-se até ao ponto de não se dever tratar desportistas de alto rendimento, que são um grupo que tem muitas lesões.
No fundo, não gosto de discurso de ódio, e também não é novo, e não gosto que a resposta seja mais discurso de ódio.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...