terça-feira, março 09, 2021

“Chapeau!”

Que texto tão magnificamente escrito este que a casa real britânica emitiu sobre os príncipes tresmalhados:

The whole family is saddened to learn the full extent of how challenging the last few years have been for Harry and Meghan. The issues raised, particularly that of race, are concerning. While some recollections may vary, they are taken very seriously and will be addressed by the family privately. Harry, Meghan and Archie will always be much loved family members.”

Está ali tudo: falsa ingenuidade, hipocrisia, ”understatement” e um jogo tático extraordinário. Gosto, em especial do delicioso “while some recollections may vary”! Ah! E, claro, a leitura literal também é admissível. Mas quanto profissionalismo lá por Buckingham!

7 comentários:

maitemachado59 disse...

Obviamente que tem que haver professionalismo em Buck House. Nao esta a deixar o seu republicanismo toldar-lhe um nadinha a visao?

Entretanto, na minha opiniao, e nao so (pois a minha pouco vale, claro) a "tresmalhada"e uma mentirosa patlogica, narcisista, "attention-seeker", sempre pronta a usar o "race card" e o "victim card". . Quando se candidatar a Presidente dos EUA e que se vai ver. Nessa altura, muito provavelmente ja ca noa estou, por isso digo agora: "mark my words".

maitemachado59

Joaquim de Freitas disse...

O que é uma monarquia se não a maior veneração da desigualdade? Baseado não no valor moral, mas em acidentes de herança, um pequeno grupo de pessoas é beneficiado com milhões de “pounds” desviados do público, e são adorados como deuses nacionalistas sentimentais, em troca apenas do dever de "ser agradável em público", o que fazem com sucesso misto.

Mais de 60 milhões de cidadãos, muitos deles a viver na pobreza, são instruídos a celebrar em vez de odiar este quadro de excessos. Dizem-lhes para estarem felizes por alguém ter uma vida de sonho, mesmo que não sejam eles, e viverem faustosamente através deste “soap opera de “royals” em vez de exigirem igualdade para todos os outros.

Cuja legitimidade é ser filho do filho do filho de alguém que foi, há séculos, o maior gangster da nação.

Luís Lavoura disse...

A língua inglesa tem uma extraordinária plasticidade para este tipo de coisas.

Luís Lavoura disse...

Está ali tudo: falsa ingenuidade, hipocrisia, ”understatement” e um jogo tático extraordinário.

Todas aquelas coisas que um diplomata tanto aprecia e pratica.

AV disse...

A frase “while some recollections may vary”, como aliás todo o comunicado, diz muito em poucas palavras. Admite que possa ter havido incidentes, dá a entender que as pessoas envolvidas foram ouvidas, diz que existem diferentes perspectivas e versões dos incidentes, não nega nenhuma, nem acusa ninguém de faltar à verdade.

O resto do comunicado, na sua brevidade, inclui várias mensagens e não tem uma palavra a mais nem a menos. Comunicação britânica no seu melhor.

Luís Lavoura tem razão, a língua inglesa tem uma enorme plasticidade, mas acrescento que a escola britânica também é excelente em formar o pensamento sobre o significado e o uso da língua.

Quando vejo alguma comunicação pública em Portugal, por exemplo no Parlamento, recorrer ao uso fácil de expressões como ‘X mente’, ao primeiro desentendimento, sinto vergonha.

maitemachado59 disse...

Luis Lavoura:

essa e que e a verdade!

maitemachado59

Jaime Santos disse...

Como dizia o saudoso Gore Vidal, em momentos em que o Governo dos EUA recorria à hipocrisia, era necessária regressar-se à Mãe Inglaterra, porque tinha sido ela que a tinha inventado. Eu discordo, acho que foi a ICAR antes deles, mas que a corte de St. James a cultiva como ninguém, há que o reconhecer.

Pobres Meghan e Harry, se pensam que com isto podem mudar a firma. De facto, só contribuem para o circo, e o circo dá imenso dinheiro a imensa gente. Recomenda-se que procurem antes educar os filhos longe das luzes da ribalta, se conseguirem, e bem longe da família dele, uma corte de inúteis a quem pagam para cortar fitas e fazerem patetices (sobretudo esta última).

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...