Custou-me a reconhecê-lo, com a máscara, a porta da livraria, hoje de manhã.
Lembro-me dele como um radical. E, sempre, com um verbo exagerado.
Careca, mais gordo, mais velho, reformado há muito, mas sempre com aquele sorriso jovial, o mesmo que tinha quando andávamos envolvidos nas "guerras" políticas radicais dos anos 70.
Falámos do país e dos dramas caseiros. E ele saiu-se com esta:
- Felizmente que pertencemos a uma geração realizada. Lembras-te quando lutávamos por uma sociedade sem classes?
Eu lembrava-me, mas não percebia onde ele queria chegar.
- Pois bem! Conseguimos o que queríamos: temos hoje uma sociedade sem nenhuma classe...
Continua um exagerado.
2 comentários:
Olhe que não, olhe que não...
Estava, no outro dia, a ver o "Triunfo da vontade" e não é que o Hitler também defendia, de viva voz, uma sociedade sem classes?
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