Às vezes, pergunto-me o que me levará a passar horas, entrando pela madrugada, vidrado na televisão, a ver grandes torneios de “snooker”. E aos anos que isso acontece!
Creio que foi quando vivi em Londres, nos anos 90, que este meu vício começou, seduzido um dia por aquele jogo geométrico, de tensão calma, onde a precisão se junta à inteligência. Os comentadores eram, quase sempre, magníficos, pedagógicos, aprendi com eles a decifrar os segredos daquela arte e a história da modalidade. E o mais curioso é que nunca vi um jogo ao vivo, o que torna esta minha mania ainda mais bizarra.
Esses eram então os anos de ouro de Stephen Hendry que, com aquele ar permanentemente ensonado, se batia com Jimmy White, cujo aspeto e cabelo “rough”, denunciavam, melhor do que tudo, a óbvia base social de recrutamento daquele jogo. Estava então a nascer esse génio que iria ser Ronnie O’Sullivan, cujas primeiras vitórias me recordo terem coincidido com o tempo em que o seu pai estava na prisão. Era também o início do declínio de um imenso jogador que foi Steve Davis.
Para mim, têm sido décadas a ver excelente “snooker”, jogo que nunca me atrevi a tentar jogar, salvo em alguns obscuros cafés de província, porque o “sapateiro” que sou não deve ir “além da chinela” e eu nunca passei de um sofrível praticante de bilhar livre.
Hoje, depois de assistir, deliciado, à sessão dura nos Comuns sobre o Brexit, não encontrei nada melhor do que o English Open para compor a minha tarde.
2 comentários:
Quando vivi em Londres, nos anos 80, também fiquei fascinado pela beleza geométrica do "snooker". Nessa época Steve Davis era o rei. Mas eu já o havia jogado mais a versão "poole". Continuo observador na Europort sempre que disponível.
Vejo que a sua tarde foi de grandes carambolas. Julgo que em calao carambola tambem significa matar 2 perdizes com 1 tiro...o equivalente a 2 coelhos com 1 cajadada.
Bom fim de semana.
F. Crabtree
Saudades de Londres
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