domingo, outubro 20, 2019

A “Delícia” e a crítica


Já por aqui falei, por mais de uma vez, de Fortunato da Câmara que, no “Expresso” herdou, já há bastantes anos, a difícil tarefa de substituir essa figura referencial da crítica gastronómica portuguesa que dá pelo nome de José Quitério. 

Num estilo pessoal diferente, mas igualmente com um rigor extremo, aliado a um conhecimento muito raro nos cultores deste tipo de escrita, uma análise feita por Fortunato da Câmara a um restaurante é, para mim, uma garantia de isenção, qualidade e orientação. 

Sigo-o todas as semanas e nunca - repito, nunca - uma sua indicação me desiludiu. Nos anos em que também andei, de forma despretensiosa, por aquelas andanças críticas, muito aprendi com ele. 

Ao lado de Fernando Melo e de Manuel Gonçalves da Silva, Fortunato da Câmara é, nos dias de hoje, o meu “farol” nesta constante e bela “angústia para o jantar” - para citar o título de uma obra de ficção de Luis Sttau Monteiro, ele próprio um crítico gastronómico que assinava “Manuel Pedrosa”.

Trago hoje aqui o nome de Fortunato da Câmara porque, no “Expresso” de ontem, ele faz uma análise crítica a um restaurante de comida tradicional portuguesa que aprecio e que entendo merecer bem o destaque que o semanário lhe concede: a “Marisqueira Delícia”, em Moscavide. 

Ver um restaurante desta natureza ser sublinhado por um dos mais relevantes críticos gastronómicos portugueses é não só a verdadeira prova da “democraticidade” da nossa crítica mais exigente mas, igualmente, um sintoma claro de que a verdadeira qualidade pode ser encontrada em mesas de todos os escalões.

Posso confirmar: a ”Delícia” é um pouso de cozinha bem honesta, uma casa de ambiente solto e com preço justo para uma marisqueira - o que, como se sabe, não é muito fácil de encontrar. 

É muito bom que, para além do mundo dos chefes e do nomes sonantes das casas de restauração, também possamos apoiar quem se mantém, com pertinácia, até em lugares geográficos um pouco periféricos, a executar uma culinária que honra da gastronomia portuguesa. Como é o caso da “Delícia” de Moscavide.

2 comentários:

Anónimo disse...

O Expresso ainda existe?

Anónimo disse...


Existem vários itens que valorizo num restaurante, tais como higiene, qualidade, confecção, simpatia, dedicação e organização.
Para mim o restaurante Delícia de Moscavide tem isso tudo, por isso um restaurante que frequentao com regularidade.

O herói

25 de Abril de 1974. Escola Prática de Administração Militar (EPAM). Eram aí 11 horas da manhã. Abri a fechadura da sala do quarto do oficia...