domingo, outubro 20, 2019

UKEXIT (2)


... e depois de mandar a carta já aqui antes publicada (não a assinando, acintosamente), Boris Johnson envia outra a manifestar-se contrário àquilo que foi obrigado pelo parlamento a fazer. Uma esquizofrenia política sem precedentes.

Se estivesse no lugar dos dirigentes europeus, eu seria tentado a exigir que o interlocutor britânico de Bruxelas fosse capaz de dizer-lhes qual é, afinal, a posição final que compromete o Reino Unido.

E, atendendo à clara falta de legitimidade para representar o país na ordem externa, que afeta hoje o alegado governo britânico, consideraria suspenso o processo iniciado com a invocação do artº 150, reportando “sine die” a data de 31 de outubro para o Brexit, até que, de Londres, e sem a menor ambiguidade, surgisse uma posição inequívoca sobre o que afinal querem.

É que, pensando bem, a posição de Johnson continua a não ser muito diferente da de Theresa May: acordou algo com a UE que, afinal, não consegue fazer aprovar internamente.

8 comentários:

Luís Lavoura disse...

acordou algo com a UE que, afinal, não consegue fazer aprovar internamente

Mas isto também é costume com os Estados Unidos. Por exemplo, um presidente dos EUA negociou com Portugal um acordo para a concessão da Base das Lajes que, depois, o Congresso americano se recusou a aprovar. E parece que não é caso único, nos EUA, o presidente negociar coisas que depois o Congresso não ratifica.

AV disse...

Uma vergonha.

Joaquim de Freitas disse...



E pensar que estes dois artistas, Cameron e Boris, gastaram 27 000 libras por ano, durante três anos, em ETON, para aprender a fazer esta borrada toda...

Anónimo disse...

Não é o artigo 50, caro Francisco?

Um abraço

JPGarcia

Anónimo disse...

a culpa tb é do corbyn, n é só dos conservadores

Anónimo disse...

O Reino Unido não merecia isto. O comportamento do PM Johnson é eticamente incorrecto.
Calculo que o REPER britânico na UE deva estar a passar um
momento menos feliz...

Pode ser que isto seja um catalisador para um segundo referendo.

Luís Lavoura disse...

Anónimo 21 de outubro de 2019 às 03:48

A culpa não é propriamente de Corbyn, a culpa é do sistema eleitoral britânico, que é uma taradice. Num sistema eleitoral do tipo continental, isto é, proporcional, tanto o Partido Conservador como o Partido Trabalhista já há muito que se teriam dividido em quatro partidos, dois pró-Brexit e dois anti-Brexit. Iriam a votos e logo se veria quem ganhava e que alianças se fariam.

Com o sistema eleitoral britânico, tanto o Partido Conservador como o Partido Trabalhista têm deputados anti-Brexit e deputados pró-Brexit, e os líderes dos partidos têm que procurar não desagradar nem a uns nem aos outros. É, especialmente, o que acontece com Corbyn - não quer desagradar nem aos deputados trabalhistas pró-Brexit nem aos deputados trabalhistas anti-Brexit, por isso navega em águas de bacalhau.

É por estas e outras que sou fortemente contra qualquer sistema de voto em círculos uninominais.

aamgvieira disse...

Outra vergonha, Governo de Portugal:

10 milhões de contribuintes.
230 deputados.
19 ministros.
50 secretários de estado.
milhares de autarcas
Continuem a contribuir.

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...