O fascismo, que agora aí anda travestido de várias coisas, não morreu, como é óbvio, com o 25 de abril. Nos tempos seguintes à Revolução, houve momentos tensos em que, nas ruas, foi necessário fazer algumas “barricadas” políticas aos saudosistas do tempo da “outra senhora”.
Quem me contou esta história não me soube identificar, com exatidão, um desses momentos que terá justificado que pessoas viessem para a rua manifestar a sua indignação por uma qualquer circunstância que, aparentemente, podia significar algum risco de regresso a esse vil passado.
Nessa ocasião, uma jovem anunciou em casa a sua ida a uma manifestação de protesto público. Disse à avó, uma senhora idosa, de uma geração social mais propensa a atitudes conservadoras, o que ia fazer e por que o fazia. Com alguma surpresa, constatou que a senhora partilhava em pleno da sua indignação e, mais do que isso, se dispunha mesmo a acompanhá-la à manifestação. E lá foram as duas.
Houve discursatas, como é da regra destas coisas. A jovem olhava para a avó, ficando satisfeita por vê-la pontuar com a cabeça a sua concordância com o sentido daquilo que, por ali, era defendido.
A certa altura, dos discursos passou-se às palavras de ordem. A senhora não alinhava no coro coletivo mas acabou por se destacar fortemente no seio da multidão. É que, logo que toda a gente acabava de gritar, em coro, “Fascismo nunca mais!”, a avó completava, sozinha mas em voz bem alta e audível, com um indignado “De todo!”
12 comentários:
A senhora tem razão, mas “ele” pode voltar … Ele plana sobre a política mundial.
Sente-se por todo o lado, um pequeno perfume de fascismo. Uma galáxia de políticas, práticas, rotinas e ideologias que podem ser observadas em todo o mundo contemporâneo, uma galáxia respeitosa e mesmo sedutora, na vitrina do jogo eleitoral e do governo representativo, mas que, sem Fuhrer, sem um partido único, sem SA ou SS, inverte a tendência, nascida do Iluminismo, para assimilar a cidadania com a condição humana.
Católicos reaccionários, nostálgicos de Salazar, são como os nostálgicos de Franco e Vichy, uma nebulosa, ligados entre eles por uma série de traços comuns, islamofobia, xenofobia, homofobia, racismo, anti comunismo feroz, que compreenderam que, para ter sucesso num mundo onde o fascismo foi derrotado, têm que se envolver na política da maneira populista.
Dividir a comunidade cívica e humana em dois é o fascismo.
Esta semana assisti, na TV, ao “show” de Marion Le Pen… A embalagem é perfeita e o discurso adaptou-se. E deixa me pensar que a democracia terá sempre que vencer um inimigo sem cessar renascente.
Que saudades do Chavez !!!
A democracia deve ser desejada por todos os seres humanos.
Os métodos para se chegar a ser uma republica democrática é que não é desejada por quase todas as pessoas pela limpeza que se tem de operar quanto aos opositores.
Vejam-se os"goulagues" do século passado.
@ Sr. de Freitas.
Será o movimento pendular temporal ou a desilusão quanto à qualidade de democracia que se tem verificado nesta forma encapotada de republicas democráticas em vez de uma democracia de Estado?
As populações também acordam para verem o que se lhes passa em cada país.
Não são só os iluminados que podem aceder ao conhecimento.
"De todo" = "not at all" = "pas du tout"
@ Sr. De Freitas
Um pouco mais de cor nos seus comentários.
De vez em quando parecem os filmes de cow boys e índios: A miudagem já sabia de antemão quem eram os eternos bons e os maus.
Era assim um mundo a preto e branco como são os seus comentários na generalidade.
Ao Sr. Anonimo de 3 de Outubro-21:00:
O Sr. é muito exigente: quer a cor nos meus comentários...Num mundo onde no sistema económico vigente, uma criança de 5 anos morre de fome todos os 11 segundos, o que representa mais de 3 milhões de crianças mortas cada ano por causas particularmente revoltantes, enquanto que o mundo nunca produziu tanta riqueza e nunca existiram tantos multi milionários por todas a parte...Eu só vejo uma cor aqui: a cor da morte, a NEGRA.
Mas se teimar para ver a cor, pode encontrar aquela que prefere, talvez, a vermelha. A vermelha do sangue que os seus "bons" derramam desde há décadas, do Vietname ao Iraque, ao Afeganistão, à Síria, à Somália, à Líbia, ao Iémen e mesmo em países democráticos como o Chile...
Anónimo de 3 de Outubro de 2019 às 20:37: Tem piada: o seu comentário parecia entrar no bom trilho e depois descarrilou…Escreve: “Os métodos para se chegar a ser uma republica democrática é que não é desejada por quase todas as pessoas pela limpeza que se tem de operar quanto aos opositores” .O Sr. estava a pensar no método de Bush para levar a democracia ao Vietname, ao Iraque, à Líbia, à Síria, ao Chile? etc, etc;? Porque limpeza houve nestes países… mas só porque havia lá petróleo ou cobre…
Mas aparentemente o Sr. só viu os goulags…Vá passar férias em Guantanamo, Caro anónimo !
O sr. Joaquim de Freitas está a tornar-se muito agressivo e com um tom um pouco mal educado . Afinal este blog não é suposto ser para « gente que sabe estar « ?
Ao Sr. Anónimo das 21:48: Gostaria de lhe responder mas não sei quem o Senhor é. Mas creio sinceramente que a melhor maneira de "saber estar" é de assinar o que se escreve. Porque como há aqui outros "anónimos" não sei o que o beliscou e que o autorizou a insultar-me.
@ Sr. de Freitas
Recomendo-lhe a leitura do interessante nº 461/462 da revista L'Histoire de Julho-Agosto de 2019 com um "dossier" muito interessante: "Les mondes du Goulag". Com testemunhos e documentos inéditos.
Se o ler, depois conversamos mais conhecedores do assunto.
O anónimo de 6 de outubro de 2019 às 11:06 tem leituras muito selectivas. E pena é que assim seja, porque se hoje ninguém nega o drama do Goulag e os crimes de Estaline, que estes crimes não o façam esquecer que , segundo estudo da UNESCO, 1OO milhões de escravos foram arrancados à África e enviados para a América, desde o período colonial, que começou em 1526. Mas aparentemente nao lhe interessa...
E que ainda hoje, 45 milhões de humanos vivem em condições idênticas de escravatura no mundo moderno. Embora não seja uma noção jurídica, a fundação Walk Free abrange no termo "escravatura moderna", o tráfico de seres humanos, escravidão ou práticas semelhantes, o casamento forçado, a venda e exploração infantil ou ainda a servidão por dívida.
Se já não podemos nada para as infelizes vítimas do Goulag, em contrapartida podemos muito para os escravos actuais.
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