O meu pai, que já se me foi há muito, adorava a claridade. Deitava-se cedo e nunca percebeu o fascínio do filho pela noite. A escuridão não era do seu agrado, em parte porque lhe limitava os vários passeios que sempre gostou de fazer, até quase ao seu centenário. O dia 22 de junho não era uma data que apreciasse. "Este solstício é uma chatice! A partir de hoje e até quase ao Natal, os dias vão ser cada vez mais pequenos!" E logo me provocava: "E tu sabes a diferença entre um solstício e um equinócio? Se calhar, não sabes...". Eu, se não sabia, tive de aprender, para lhe poder responder, embora achasse que eram coisas da "cultura de almanaque", um saber com que ele sempre ironizava.
O meu pai gostava muito de cães. Nunca o vi opinar sobre gatos. Assim, a claro despropósito, deixo aqui este, que há dias mal me olhou nas Trinas.
5 comentários:
Belo gatarrão!
Eu não posso com gatarrões felpudos e com ares de"reis na seda"! Depois `inda lhe dão de comer aquelas rações da tv que parecem pudins Flan, que a gente nem à sobremesa apanha...-nunca se viu tanta toleima com animais como agora. E depois mantêm-nos presos em casa, entre quatro paredes a sofrerem e nem ar apanham. Mas é bem feito, pois há alguns que são traiçoeiros e falsos que nem tigres !
Anónimo, vê-se mesmo que nunca conviveu com um felino....não sabe o que perde.
Como o senhor embaixador, também sou mais noctívago, mas não dos de convívios e bares. Aprecio mais a quietude da noite e a sua poesia. Também prefiro gatos a cães (talvez por serem animais mais nocturnos?), mas no futebol não sou felino, se é que me faço entender.
Tem toda a razão. Conheço bem essa cassete dos gatos traiçoeiros.
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