"Nós, portugueses, não somos ricos. Somos pobres e injustos. Mas, ainda assim, derrubámos uma longuíssima ditadura e terminámos com a opressão que mantínhamos sobre diversos povos e com eles estabelecemos novas alianças e criámos uma comunidade de países de língua portuguesa. E fomos capazes de instaurar uma democracia e aderir a uma união de países livres e prósperos que desejam a paz.
Assim sendo, por certo que ainda não temos as respostas, mas, perante as incógnitas que nos assaltam, sabemos que temos a força.
Leio Camões, aquele que nunca mais morreu, e comovo-me com o seu destino, porque se alguma coisa tenho em comum com ele, que foi génio, e eu não sou, é a certeza de que partilho da sua ideia, de que um ser humano é um ser de resistência e de combate. É só preciso determinar a causa certa."
(Palavras finais de Lídia Jorge, hoje, no seu discurso no dia de Portugal)
13 comentários:
Eu acrescento o que faltou, certamente de forma consciente: "Viva Portugal!"
Discurso notável. Só não gostei da egoista ideia de que somos pobres. Estamos entre os 50 países mais ricos do mundo. Ainda este ano o PIB pc de África baixou 1,6%. É um insulto para os países pobres e uma fixação com um umbigo que contraria a universalidade e o relacionamento que proclamamos com os lusófonos. O Brasil, no índice do PNUD, é o 85o. O mais desenvolvido da CPLP a seguir a nós. Dito grande ldiscurso. Só me lembrei disto pela citação de uma passagem a meu ver infeliz.
Fernando Neves
Concordo plenamente.
Somos, fomos e seremos uma economia perdiférica no contexto europeu, mas o epíteto de pobres, presentemente, não tem pés nem cabeça.
Concordo totalmente com o comentário anterior de Fernando Neves. Portugal não é pobre. Portugal é para aí o 30º país mais rico do mundo.
Discurso claro e assertivo. Excelente.
Lídia Jorge trouxe as palavras certas para o 10 de Junho, nos dias de hoje. A pecha, está naquele “somos pobres”.
A ideia de que “somos pobres” e “pequenos” é uma ideia que sempre detestei, porque é falsa, e porque corresponde ao discurso salazarista do “somos pobres”, mas…; “somos um país pequeno”, mas.
Faz algum tempo que comprei, num alfarrabista, um livro de “Versos de Camões”, “escolhidos e prefaciados por ”Vitorino Nemésio, 2.ª edição, Colecção Educativa – Série G - número 6, 1962, que abre com a seguinte menção (em maiúsculas):
«---SER ESCASSO EM TERRITÓRIO OU EM MEIOS MATERIAIS NÃO LIMITA DE PER SI A CAPACIDADE CIVILIZADORA: UM POVO PODE GERAR EM SEU SEIO PRINCÍPIOS NORTEADORES DE ACÇÃO UNIVERESAL, IRRADIAR FACHOS DE LUZ QUE ILUMINEM O MUNDO…» SALAZAR
Pode parecer estranho misturar uma coisa com a outra, mas há um fio condutor entre as duas coisas, e não é coisa de somenos.
J. Carvalho
Uma União de países livres e prósperos que desejam a paz e lutam freneticamente contra o genocidio em Gaza. Salvo algum erro, ainda hoje aprovou o 18º pacote de sanções económicas contra Israel. Depois da nossa mais prestigiada diplomata ser eleita Presidente da AGNU.
Depois de garantir que não se preocupa com os seus eleitores e que não devemos ter vergonha de alvejar hospitais e escolas em Gaza se garantirmos a segurança de Israel. O que deixou a relatora especial da ONU para a Palestina - Francesca Albanese - com os cabelos em pé.
Uma semana antes de dois colegas da Academia terem sido proibidos de entrar na Alemanha para participar numa Conferência contra o genocidio. E quem compareceu foi detido. Antes das autoridades alemães terem proibido definitivamente a Conferencia por causa das tosses. E o mesmo em França e no UK. E não podemos esquecer o Premio Carlos Magno para premiar o fracasso absoluto e o belicismo quase impar - e talvez ofuscar a investigação - da nossa querida Presidente Ursula. Claro que ir a Israel ungir o genocida Bibi deve ter sido determinante. No caso de Ursula até para os dados dos seus misteriosos telemoveis desaparecerem, sabe-se lá onde, no muro das lamentações. E por favor, não culpem o género.
Em resumo, para quem ainda não percebeu que a Europa foi totalmente tomada pelos mercados financeiros durante o ultimo crash. Mas não se preocupem porque agora vamos rearmar-mo-nos para crescer e manter a paz na Europa porque os russos vêm aí. E nem a propósito, Mark Rutte acaba de nos dizer a todos onde podemos enfiar o estado social na Europa. A grande ambição da oligarquia financeira e de quem corre o mundo a derrubar Govts. Como em Kiev ou em Tripoli para a BP. Hitler também acabou com o desemprego na Alemanha no crash de 29. Antes de quase acabar com a Alemanha e a Europa. Porque nenhuma empresa pode stockar o seu periodo eternamente não é? Veja-se o Complexo Militar nos US. No minimo, precisa de uma guerra quase todos os anos. Portanto, melhor ideia era impossivel. Depois do fracasso absoluto do ultimo grande plano "Acordo verde" para relançar a Europa, da Ursula. Que tenho a certeza, já ninguém se lembra. Daqui o Prémio! Siga a propaganda.
p.s. É precido reconhecer que o que torna impossível debater o conflito da UA em Portugal é o seu dano colateral mais danoso para a Democracia – a propaganda que encobre a verdadeira guerra económica. Ou de saque, já que o objectivo de Biden como até Lula acabou de confesarr era simplesmente dividir a Russia. I.e., derrubar Putin e voltar a tomar os recursos da Russia. Também para privar a Europa e a China desses recursos em nome da hegemonia. Mas se a maioria dos portugueses chegam a casa e ouvem que a Russia está a bombardear a população civil em Kiev, torna-se impossível rebater as televisões. Sobretudo com a verdade, que centenas de drones e dezenas de misseis russos em áreas residenciais quase não causam mortes.
Areas residenciais onde até o El Pais reconheceu há muito tempo que o regime de Kiev implanta unidades de fabrico de drones e defesa aérea para depois se vitimizar. Crimes de guerra com os ucranianos como escudos humanos. E já ninguém se lembra como os US mataram centenas ou milhares de pessoas no Yemen ainda recentemente. Ou como destruíram toda a infraestrutura do Iraque nas primeiras horas, enquanto na Ucrania as pessoas continuavam a fazer a vida de sempre nas maiores cidades passado três anos de guerra. Dito isto, parece que desta vez a Russia vai ser obrigada a restabelecer a dissuasão nuclear. O que eu também acredito que vai desincentivar as provocações da NATO na fronteira russa. Para o bem de todos e infelizmente, muito tarde para a Ucrania.
Entretanto, li o discurso completo e gostei.
Eu sou suspeita, porque Lídia Jorge é uma das minhas favoritas autoras portuguesas.
Recomendo o artigo do historiador João Pedro Marques, publicado hoje no "Observador", acerca das imprecisões e incoerências no discurso de Lídia Jorge.
Ainda a semana passada, lia-se nas notícias que 2 em cada 5 portugueses seriam pobres sem prestações sociais, mas depois lemos aqui que afinal até somos ricos e fazemos brilharetes nas classificações. Oh meus senhores...
Uma coisa é o país ter muitos pobres, outra coisa é o país ser pobre.
J. Carvalho
Sim, nós Portugueses, somos pobres e injustos, e demonstramos isso de muitas maneiras. Em como tratamos emigrantes e imigrantes, e em como tratamos os desfavorecidos e os vulneráveis entre nós.
Quer ver como nem tudo na vida se resume a um factor único?
Também deve ter lido nas notícias que Portugal em 2023 foi o 3º país do mundo com maior percentagem de transplantes em percentagem da população.
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