Tenho visto por aí algumas pessoas desiludidas com a "performance" e as declarações (ou falta delas) de António Costa, na sua qualidade de presidente do Conselho Europeu.
Nada que não fosse expectável. Lembro-me do que escrevi num artigo no site da CNN em 2 de Dezembro de 2024:
" (...) E isso leva-me a uma ideia que me parece evidente: no futuro, não devemos confundir António Costa com António Costa.
O primeiro foi um chefe de governo português que, com uma leitura sensata dos equilíbrios e objetivos da União, soube definir, em nome de Portugal, durante oito anos, uma certa perspetiva da evolução possível e desejável da Europa que aí está.
O outro passa agora a ser o representante do “mainstream” prevalecente no seio do Conselho Europeu, que é feito de consensos acomodadores de agendas estratégicas de oportunidade, de interesses e de poder.
Só por milagre o primeiro António Costa virá a coincidir, em absoluto com o segundo.
Por isso, não é garantido que quem, por cá, apreciou o António Costa líder português venha, necessariamente, a sentir-se confortável com aquilo que o António Costa que agora representa o Conselho Europeu virá a titular no futuro. À bon entendeur..."
3 comentários:
Boa tarde, Senhor Embaixador. Julgo que a carapuça serve igualmente a António Guterres e Durão Barroso. O que me parece ser relevante quanto à incapacidade da democracia portuguesa produzir lideranças. Ou melhor, quanto à sua propensão para produzir contra-lideranças alienadas. Umas autênticas Marias vai com as outras. Com os melhores cumprimentos
Pois é, senhor embaixador, acertou na "mouche" e está-se a ver. O mesmo diria de António Guterres, que na minha opinião deixou saudades no seu primeiro mandato, mas que agora parece apenas dizer o que lhe põem à frente, desfasado do mundo e da realidade, e sem se sobressaltar. Acho que quando uma pessoa deixa de se sobressaltar é muito mau sinal.
Ou seja, António Costa não é confiável, no sentido de que adapta os seus princípios à correlação de forças que se lhe depara. É bem flexível.
Por cá, ele tinha o poder executivo (até dizia que não gostava de cargos não executivos) agora que se acomodou num alto cargo (não executivo) que papel lhe resta?
Até agora, pelo que se sabe, está a portar-se segundo os ditames do poder estabelecido, talvez para garantir mais dois anos de mandato.
Que grande desígnio, para quem pretendia impulsionar uma nova governança, um novo futuro para a Europa.
J. Carvalho
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