domingo, junho 29, 2025

43,5 ºC !


Na vida, lembro-me de ter apanhado caloraças inimagináveis. Algumas na quase vintena de países africanos por que passei, outra num deserto da Ásia Central, mas também nos centros do Rio e de Nova Iorque, num fim de tarde na Tailândia, num meio-dia em Atenas, numa jornada em Córdova (no "Verão quente"), até na minha Vila Real da juventude, em domingos sinistros de pasmaceira, nos anos 60. Tenho tantas, muitas memórias de ocasiões com um calor quase insuportável, coisa que foi quase sempre agravada pelo facto de eu ser como o leite que se usa cá em casa: meio gordo.

Nunca, porém, como nesta tarde no Alentejo: sair do ar condicionado do carro, numa área de serviço (estou a perder qualidades geracionais: já não digo numa bomba de gasolina) e levar com um bafo espesso de calor como jamais tinha sentido, que até me dificultou o andar nos poucos metros até à loja, onde comprei sei-lá-bem-o-quê, desde que bem gelado. Depois, sair a medo, sob o sol infernal (não sei se há sol no inferno, mas o calor não pode ser pior), regressar ao carro e, pela milésima vez, pensar na injustiça que é nunca terem dado um Prémio Nobel ao inventor do ar condicionado.

43,5° C foi o que há horas registei no meu carro. Isto está a mudar! Qualquer dia já temos camelos a andar por aí. E não, não é desses!

10 comentários:

João Cabral disse...

O senhor embaixador estaria em Lisboa no início de Agosto de 2018? É que se registou o valor recorde de 44 graus.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Uh la la...
Até aqui pelos oestes a coisa tem andado quentinha, mas nada a esse nível, 'traumemte, hoje até corria brisa e pelas praias pairava nevoeiro, se chegou aos 30 foi muito.

Nunca me esqueço de um passeio a Campo Maior no verão de 1999, nem debaixo de telha com portadas fechadas se respirava.

Falando em termómetros de carros tenho um que é de uma precisão nipónica, curiosamente o outro não faz muito jus à tecnologia alemã, demora a acertar e mete-lhe uns dois graus em cima.

Lúcio Ferro disse...

Sevilha, Julho de 2015. Chegámos à cidade seriam duas e meia, estariam uns 45 graus, fizemos o check in, a cara metade, que tinha vindo a conduzir desde Lisboa, ficou a dormir a sesta e eu, que tinha a mania de que ainda era rijo, resolvi ir andar a pé, tirar fotos. As fotos ficaram uma delícia, muito boas, não havia ninguém, zero pessoas que interferissem com a beleza dos postais que fiz. Mas eu, enfim, fiquei doente e perdemos um dia de férias por causa disso. Putz, desde então passei a redobrar os cuidados, entre outros, não me voltaram a apanhar ao ar livre ou em viagens com temperaturas acima dos 35 graus, não senhor, frio suporto e até é bom para caminhadas, já vagas de calor é à sombra, entre quatro paredes mais ventoinha, visto que não há dinheiro para AC.
PS - Curiosamente, no interior do Alcazar, sem qualquer AC, a temperatura era amena, os antigos bem sabiam como construir.

João Cabral disse...

"levar com um bafo espesso de calor como jamais tinha sentido"

Senhor embaixador, provavelmente levou uma rabanada de vento suão. Quem conhece, sabe que até a pele queima.

Anónimo disse...

Curiosamente nesse mesmo Alcazar há mais de trinta anos, na suíte (era só o que havia ás 21 horas a 32,500 escudos) ás duas da manhã desligaram o AC norma do hotel com quase 50°, fiz uma guerra com a recepção mas não valeu de nada. O que nos safou foi levar os colchões para a sala e janela da suíte, já todos encharcados vindos da banheira e passámos pessimamente a noite, as filhas ainda dormiram mas só elas.
Já agora, Sr Embaixador, parece um Jaguar dos adultos, ou estou enganado...

Anónimo disse...

Bom dia. Vi hoje um post de Raquel Varela no instagram, onde diz que ao contrário do que as noticias apregoam, não se morre de calor, morre-se de abandono e falta de condições, na habitação. na saude, e na falta de socorro quando é preciso. Estou inteiramente de acordo com ela, o calor é só, como outra qualquer, uma desculpa para a incúria.

ematejoca disse...

O calor excessivo tem-lhe esgotado a vontade de escrever?

Anónimo disse...

Aqui, no Alentejo, repete-se, em dias como estes, o que aconteceu a dois compadres alentejanos, da Amareleja, que morreram num acidente de automóvel, a caminho de Beja. Depois de serem encaminhados por S. Pedro para o Inferno ( ao qual bastou saber que eram Alentejanos), Um deles ia resmungando, vez e vez, contra o calor que ia aumentando à medida que avançavam no interior do Inferno, enquanto o outro mantinha um teimoso silêncio. Já intrigado com o mutismo do camarada, o mais palavroso inquiriu-o; aí o compadre lá desabafou para o companheiro de caminhada. -Ó compadre venho cá a pensar que se isto aqui está assim com esta calorina, como é que não estará na estrada de Beja… MB

Luís Lavoura disse...

os antigos bem sabiam como construir

Depende do ponto de vista.

Construíam paredes de pedra, portanto muito maciças e com grande inércia térmica. Só que, o trabalho de transportar e assentar essas pedras ficava caríssimo.

Se hoje em dia fôssemos a construir como os antigos, pois não teríamos casas para toda a gente, porque ficaria caríssimo assentar essa pedra toda (além de que só é possível em casas de um ou dois pisos).

Sou proprietário de uma casa no Porto construída em pedra, também tem essas caraterísticas - é muito quentinha no inverno e fresquinha no verão. Mas lá está, é uma casa pequenina e num prédio só com dois andares.

josé ricardo disse...

Estou a ver que nunca andou pela minha terra (Torre de Moncorvo) em tempo de estio. Dê uma volta pelo Vale da Vilariça e vai sentir saudade dessa bomba de gasolina alentejana.

Expo

Estava assim em junho de 1996. Dois anos depois, inaugurávamos a Expo 98. Ah! Pois é!