quarta-feira, julho 03, 2024

Extremos

Pode ver e ouvir aqui a minha conversa com Pedro Bello Moraes, sobre as eleições francesas:

https://cnnportugal.iol.pt/videos/nao-equiparo-nunca-a-extrema-direita-a-extrema-esquerda-em-franca-ou-em-portugal/66851c7a0cf2a41c2ee0193d

Nela tive oportunidade de dizer que não me revejo minimamente na ideia de que a política francesa esteja polarizada entre a extrema-direita e a extrema-esquerda. 

De facto, num dos polos está a extrema-direita, com a sua agenda excludente, xenófoba, em suma, sinistra, perante os valores da decência, europeus e humanistas.

Porém, do outro lado não está apenas uma agenda com atores extremistas - embora também esteja. Há por ali socialistas, ecologistas e até um Partido Comunista que, nos dias de hoje, tem como bandeira um programa sensato e nada radical. E, de caminho, lembrei que a esquerda foi responsável por muitos e bons anos de gestão governativa em França.

Mas disse mais: sublinhei, nessa conversa, que por muito que algumas das propostas da "esquerda da esquerda" me possam ser alheias, eu não equiparo nunca a extrema-direita à extrema-esquerda. Em França ou em Portugal.

A propósito, recordo um texto com mais de quatro anos, em que falo disto. Leiam-no aqui: https://duas-ou-tres.blogspot.com/2020/02/extremos.html

5 comentários:

J. Carvalho disse...

Nos diferentes países da Europa (do sul) a esquerda foi-se canibalizando e a direita foi ganhando asas, tendo a extrema-direita por perto. Os campos ideológicos foram-se diluindo, ainda que se continue a chamar “esquerda” ao que já o não é de todo.

Atualmente, a “esquerda” é um arremedo do que foi, aburguesou-se, enredou-se nos jogos de poder e perdeu o élan renovador que tinha. Por sua vez, a direita ganhou folgo, cresceu, muitas vezes impulsionada por gente que andava pelas esquerdas, o mesmo sucedendo com a extrema-direita.

Hoje, os resultados eleitorais em França e a postura dos diferentes protagonistas mostram que o que está em causa é a disputa entre dois grupos que agregam posturas tão diversas quanto contraditórias, seja o designado “esquerda”, seja o da “direita” que comunga com a extrema-direita.

O resultado será, admito, a vitória da direita toda junta. Apesar de tudo, une-os o apelo do poder (económico e financeiro) e a vontade de derrotar a “esquerda”. A Macron (cuja evolução foi sempre para a direita da direita) resta tudo fazer para que a vitória (da “direita” ou da “esquerda”) não dê uma maioria absoluta.

Registo que são muitos os que se preocupam (e bem) com a extrema-direita francesa, contudo, não se fala da extrema-direita que acaba de formar governo na Holanda. Será que esta é uma extrema-direita mais “democrática”, menos má? Ou será que a rebatizada Holanda é um país especial, com poderes especiais?

Anónimo disse...

"...até um Partido Comunista que, nos dias de hoje, tem como bandeira um programa sensato e nada radical..." é verdade, contrariamente à France Insoumise. Até dá para o ex-primeiro ministro, alvo da fúria do embaixador, votar por eles "tenant d’une ligne «ni-RN ni-LFI», Édouard Philippe votera PCF face à une lepéniste au Havre" (do Figaro).

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Entre o niilismo e o idealismo vai um mundo de diferença. Infelizmente essa equivalência entre os extremos faz alguma escola em setores ditos democráticos, nomeadamente à direita, o que muitas vezes se traduz na tal amenização de conceitos para nomear o pólo extremo.

Francisco Seixas da Costa disse...

Há um tal João Cabral que, a partir de hoje, passou ao estatuto de ex-comentador deste blogue.

Francisco Seixas da Costa disse...

Esclareço João Cabral, seja nome ou pseudónimo, que quando se frequenta casa alheia - e esta é a minha casa - se deve ser cortez face ao anfitrião. Optando por o não ser...

O que é demais...

Nesta noite de esmagadora vitória trabalhista, que muito me satisfaz, não posso deixar de registar aqui a imagem de dois estimáveis rostos d...