domingo, setembro 24, 2023

A Eslováquia na guerra dos cereais

Ver aqui.

8 comentários:

manuel campos disse...


Dois aspectos importantes que foca e não parecem colher o entusiasmo dos que olham para isto tudo a preto e branco.
Como estamos aqui na outra ponta não passa pela cabeça a muitos de nós que haja países que, não só estão a ajudar a Ucrânia (e até bem mais que nós), como estão a sofrer as consequências negativas permanentes (diárias) do que se está a passar.

Daí a criticar de forma imediatista e normalmente injusta as decisões difíceis que os respectivos governos têm que tomar no dia-a-dia, de modo a salvaguardarem aspectos da vida das suas populações que nem sequer imaginamos, pois não as sofremos e sabemos que não as iremos sofrer nunca, o que sofremos também eles sofrem "além de".
É sempre fácil “evacuar” sentenças quando os problemas são dos outros, toda a vida nos habituámos a ver que os que mais as “evacuam” são os que menos as tomaram nas próprias vidas, há uma aparente necessidade de compensarem a falta de certezas nas suas vidas com as certezas sobre a vida dos outros.

O outro ponto é a actual posição da Polónia, que tanto tem ajudado a Ucrânia sob todos os pontos de vista e desde a primeira hora.
A Polónia é o país europeu que mais desejoso estará de uma grande derrota russa, como esteve há mais de 80 anos de uma grande derrota alemã, um povo que sofreu como poucos no mundo sofreram, ali "entalado" no sítio errado.

Quando andei por Varsóvia em trabalho ali a meio dos anos 80, ainda no tempo do Sr. Jaruzelski, das lojas com prateleiras vazias, das filas de idosos à porta das lojas a fazer as compras da família e dos criados de restaurante que nos vinham segredar ao ouvido os pratos que estavam na lista (tal era o hábito de segredar tudo), contaram-me por lá uma anedota ilustrativa.

Aqui vai.
Um polaco passeia-se no campo quando encontra um objecto que, ao pegar-lhe, sai de lá o “Génio da lâmpada” que lhe diz que pode pedir três desejos.
Assim o homem pede que o exército da China invada a Polónia.
O Génio acha estranho mas lá lhe diz que sim senhor e peça outro.
O homem então pede que o exército da China invada 2ª vez a Polónia.
O Génio vai de espanto em espanto mas que remédio, lá acede e venha o último pedido.
Aí o polaco pede que o exército da China invada 3ª vez a Polónia.
Nessa altura o Génio não se contém e diz que tudo bem, foi o combinado, mas por que raio ele faz aqueles três pedidos tão estranhos para um natural do país.
Responde o homem “É que assim o exército da China tem que atravessar seis vezes a União Soviética”.

Joaquim de Freitas disse...


Creio que se pode falar dos outros quatro aliados de Kiev, que opuseram um embargo aos cereais ucranianos; Polónia, Hungria, Roménia e Bulgária! Todos bons amigos, mas quando as importações de cereais ucranianos destabilizam os mercados internos !

Proteger os agricultores das importações acusadas de baixar os preços nos mercados locais é “de boa guerra” ! . Estas medidas permitiram mesmo assim, que os produtos em causa continuassem a transitar através destes cinco países, mas sem poderem ser vendidos nos seus mercados.


A Polónia é, no entanto, um dos principais aliados de Kiev na sua guerra contra a Rússia e a ajuda militar ocidental passa principalmente através do seu território.

Mas, além deste tema dos cereais, surgiram tensões na sequência das declarações feitas terça-feira pelo presidente ucraniano na ONU. Volodymyr Zelensky declarou que “alguns países fingem solidariedade em relação à Ucrânia apoiando indirectamente a Rússia”. A Polónia convocou “urgentemente” o embaixador ucraniano para protestar.

O Ocidente, isto é os amigos de Zelensky, começam a descobrir o “aliado” que escolheram (ou lhe impuseram!), que é muito exigente: até tem preferências em aviões militares! O Mirage 5 é bom para a sucata, segundo ele! Prefere o Rafale, a 150 milhões de euros, falta de F-16 …

Mas este Zelensky é louco! Este assunto de cereais começa a ir mais longe…

Sendo a Polónia o país que acolheu mais refugiados ucranianos desde o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e esteve na linha da frente no apoio ao seu vizinho oriental e na luta contra o regime de Moscovo, o bom relacionamento entre Varsóvia e Kiev é despedaçado.

“Já não transferimos armas para a Ucrânia”, declarou esta quarta-feira o primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki na televisão privada Polsat News.

O porta-voz do governo polaco, Piotr Muller, também declarou recentemente que a Polónia poderá terminar no próximo ano a ajuda prestada aos refugiados ucranianos, dos quais acolhe quase um milhão.

O mesmo tambor de guerra entre amigos começa a ouvir-se em Washington…Os americanos vão acabar por dizer basta. É preciso ler o discurso do Senador Republicano Rand Paul : “Não podemos salvar a Ucrânia condenando a economia dos EUA’”

Joaquim de Freitas disse...

O Senhor Manuel Campos disse: "A Polónia é o país europeu...um povo que sofreu como poucos no mundo sofreram, ali "entalado" no sítio errado.

Creio que não lemos a mesma História, Senhor Campos. Comparar os 6 milhões de polacos vitimas civis e militares da Segunda Guerra Mundial, com os 26 milhões de soviéticos, é , pelo menos, uma falta de respeito por aqueles sem os quais a vitoria não teria sido a mesma ...

O Senhor Manuel Campos disse: "A Polónia é o país europeu...um povo que sofreu como poucos no mundo sofreram, ali "entalado" no sítio errado.

Creio que não lemos a mesma História, Senhor Campos. Comparar os 6 milhões de polacos vitimas civis e militares da Segunda Guerra Mundial, com os 26 milhões de soviéticos, é , pelo menos, uma falta de respeito por aqueles sem os quais a vitoria não teria sido a mesma ...

Quanto à sua frase: "que haja países... que estão a sofrer as consequências negativas permanentes (diárias) do que se está a passar.".

Gostaria de conhecer a sua opinião sobre a origem das directivas que condenaram os países ocidentais ao fiasco da guerra económica do Ocidente contra a Rússia.

Como sei que é um fino observador da politica, sabe de certeza que numa mistura de irrealismo geopolítico, diplomacia espectacular e atlantismo cego, a União Europeia sacou a sua arma económica para combater a invasão russa na Ucrânia. Estas sanções provaram ser prejudiciais para os europeus. Então de quem nos devemos queixar? De Madame Úrsula Von Leyen ou de Putine?

Por exemplo, a França é o principal empregador privado na Rússia, com quase 160.000 empregados. Cerca de 500 empresas francesas operam no país de Vladimir Putin, incluindo 35 empresas CAC 40 (grupo Mulliez com as suas subsidiárias como Auchan, Leroy Merlin, Décathlon e até Total, Société Générale e Renault, etc.).

Na Alemanha, 66% do gás consumido vem da Rússia. É por isso que Berlim, mesmo tendo votado a favor das sanções, garantiu que estas não afectavam os seus interesses vitais, em particular renunciando a um embargo energético total contra a Rússia. Mas Olaf Scholtz tinha esquecido Biden e os seus habilidosos aquáticos…E Gazprom saltou, num puro acto de sabotagem criminoso!
Esta é, portanto, uma capitulação lamentável e hipócrita por parte da União Europeia.


Quanto à política de sanções contra o petróleo russo, também é um fiasco.
No final, as sanções energéticas desejadas pelos europeus são nada mais nada menos do que um suicídio económico e industrial para a Alemanha, mas também para todos os estados europeus que necessitam de energia ecológica abundante. Petroleiros de GNL!) e baratos.

manuel campos disse...


Sr. Joaquim de Freitas

Gostaria V. Exa. de conhecer a opinião deste fino observador da política que eu sou (“fino” na sua opinião, não na minha) mas não vai conhecer.
Nem sequer vou mais uma vez explicar-lhe que é cansativo que o Sr. Freitas ponha por sistema nos meus textos afirmações que não estão lá de todo ou pegue em situações que tira totalmente do contexto para as encaixar nos raciocínios que lhe convém fazer.
Isso não é bonito, mesmo nada bonito.
Como isto tudo é feito com o único objectivo de vender o seu peixe a seguir, venda o peixe sozinho, que ninguém o impede.

Não terá reparado (nem tinha que o fazer) que deixei de “conversar” com umas pessoas e continuo a “conversar” com outras e a razão é simples: hoje em dia ninguém convence ninguém cara a cara quanto mais na internet.
E para andar a explicar a infinidade de tons de cinzento a quem só conhece o preto e o branco, passo, já dei o suficiente para esse peditório.

As pessoas radicalizaram-se, enfiaram-se nas suas trincheiras e disparam para todo o lado (incluindo para os próprios pés) sempre que alguém não diz exactamente o que elas queriam que esse alguém dissesse.
Isto tornou-se tudo doentio e perigoso para a democracia.
Mas não será talvez por acaso, os verdadeiros democratas andam ensonados.

Joaquim de Freitas disse...


O Senhor tem todo o direito de não responder nem mesmo sequer comentar o que quer que seja neste blogue. Mas que escreveu as duas frases que chamaram a minha atenção, não pode desmentir.
E por isso reagi. E como só o autor do blogue pode impedir-me de o fazer , não me privo.

Mas posso compreender que a evidência o contrarie. Sim, porque afirmar que a Polónia “, cito: “um povo que sofreu como poucos no mundo sofreram,” é um insulto para os 26 milhões de soviéticos que sofreram muitíssimo mais.

A russofobia ambiente, em Portugal e na Europa, permite tudo.

Quanto à segunda frase, cito:” que haja países que, não só estão a ajudar a Ucrânia (e até bem mais que nós), como estão a sofrer as consequências negativas permanentes (diárias) do que se está a passar.”, escreveu-a ou não ?


Mas sei que é difícil acusar os culpados deste sofrimento generalizado dos europeus, causado pelo fiasco das medidas da EU, sem passar por um putinista…

E em Portugal, pior que algures, com o seu palmarés de russofobia no mundo! Sem que nada o possa justificar. Excepto o obscurantismo que afecta o povo português desde décadas…

manuel campos disse...


Sr. Joaquim de Freitas

Eu sei que o senhor não tem mais nada com que se ralar na vida nem mais nenhum assunto o rala um caracol, os temas permanentes e únicos dos seus comentários estão aí para o provar ao longo dos tempos.
Deve ser óptimo não termos mais nada com que nos ralar na vida e o futuro nos ser indiferente, pois já não vamos andar por cá muitos anos nem vamos cá deixar muitas ralações a que já não iremos poder acudir.
Eu tenho muito com que me ralar, é um problema só meu e por acaso os meus problemas ralam-me mais que os seus, sou um bocado egoísta.

Não sou russófobo, o senhor não encontraria aqui uma única linha minha russófoba se alguma vez lesse o que eu escrevo, mas como só lê o que eu NÃO escrevo é natural que eu seja tudo aquilo que diz (e muito mais) e me queira pôr a pagar por isso, é típico.
Não gostou da anedota, queixe-se aos polacos, eu só contei o que eles pensavam há quase 40 anos para enquadrar as situações, não disse sequer que a anedota tinha graça e me tinha rido muito.

Mas há aqui dois pontos a focar.
O primeiro é que escrever "povo que sofreu como poucos no mundo sofreram" não traz agarrado nenhum insulto para os que sofreram muito mais, como é óbvio, é preciso retorcer muito tudo o que foi dito para tirar as conclusões arrogantes e malcriadas que o Sr. De Freitas tirou sobre mim.
Se de cada vez que alguém constata um facto aparecesse alguém a dizer que é uma ofensa aos que sofreram muito mais estávamos feitos, porque há sempre quem tenha sofrido muito mais.

Quanto à 2ª frase, que teve a suprema lata de tirar do contexto e de que deu mostras evidentes de nem sequer o ter percebido, é bem mais grave porque sou dos que nunca aplaudiram a actuação da UE e não nutro nenhuma simpatia pela actual liderança (ou melhor dizendo, falta dela).
Também disso não se deu conta, mas aí já eu tinha "direito a falar porque disse o que o senhor pensa" (a frase é modificada mas tem direitos de autor, aqui presente).
Mas isto sou eu, que tenho filhos e netos a lutar pelos empregos e a pagar prestações de casas neste contexto imprevisível que aí está e vai ficar, com toda a Europa a empurrar com a barriga, não me posso dar ao luxo de grandes tiradas gongóricas porque tenho várias vidas aí fora.
Costumo aliás aconselhar as pessoas que só têm muita "conversa" que arranjem uma vida e se metam dentro dela (quando ainda vão a tempo, claro, há casos perdidos).

Passe V. Exa muito bem no "real" já que no "virtual" eu sei como passa

PS- Gongorismo: caracterizado pela extravagância, o mau gosto, o exagero nas comparações e metáforas, o desequilíbrio da composição, o excesso de ornamentos, a linguagem rebuscada e obscura.

Joaquim de Freitas disse...




O Senhor Campos perdeu a sua calma no se PS-e passou aos insultos. Claro que é mais fàcil que concentrar-se no texto. Nao precisava de nos contar a sua vida para isso. Passe bem, Caro Senhor, e boa noite.

manuel campos disse...


Sr. Joaquim de Freitas

Como todo o texto merece resposta para mim, aqui vai: não percebi nada do seu.

"Quem quer regueifas?"

Sou de um tempo em que, à beira da estrada antiga entre o Porto e Vila Real, havia umas senhoras a vender regueifas. Aquele pão também era p...