Ontem, entre o final da tarde e o início da madrugada, li um livro, uma autobiografia, de cuja existência me tinham falado, com umas escassas centenas de páginas, de um autor cujo nome que não vem nem virá ao caso. Olha-se para aquilo tudo e perguntamo-nos: que raio de vida terá sido aquela, em que quem se cruzou de forma positiva com o autor, disso justificando alguma nota, terá sido um número muito escasso de gente e, ao invés, dali emerge uma onda de acrimónia em relação a uma montanha de outras pessoas, a maioria chamada pelo nome (vá lá!). Tudo, quase sempre, num registo de baixo ajuste de contas. Se alguém chega aos últimos anos da sua existência e o que tem para apresentar, como saldo do que viveu, foi apenas aquilo que deixou impresso - e imagina-se que, se essa pessoa escreveu aquilo, é porque não tinha outra vida para descrever - podemo-nos perguntar se essa pessoa foi feliz assim. É que, se acaso o foi, se ela acabou por se sentir bem nesse mundo de que foi o ácido protagonista que orgulhosamente se descreve, então é porque não deve ser boa rês. (Alguns se perguntarão: mas por que não revelar o nome do livro e do autor? Porque isso seria dar-lhe importância e cair no mesmo “naming names” agressivo em que ele incorreu. E nada tenho a ver com essa pessoa.)
terça-feira, junho 21, 2022
Um livro
Ontem, entre o final da tarde e o início da madrugada, li um livro, uma autobiografia, de cuja existência me tinham falado, com umas escassas centenas de páginas, de um autor cujo nome que não vem nem virá ao caso. Olha-se para aquilo tudo e perguntamo-nos: que raio de vida terá sido aquela, em que quem se cruzou de forma positiva com o autor, disso justificando alguma nota, terá sido um número muito escasso de gente e, ao invés, dali emerge uma onda de acrimónia em relação a uma montanha de outras pessoas, a maioria chamada pelo nome (vá lá!). Tudo, quase sempre, num registo de baixo ajuste de contas. Se alguém chega aos últimos anos da sua existência e o que tem para apresentar, como saldo do que viveu, foi apenas aquilo que deixou impresso - e imagina-se que, se essa pessoa escreveu aquilo, é porque não tinha outra vida para descrever - podemo-nos perguntar se essa pessoa foi feliz assim. É que, se acaso o foi, se ela acabou por se sentir bem nesse mundo de que foi o ácido protagonista que orgulhosamente se descreve, então é porque não deve ser boa rês. (Alguns se perguntarão: mas por que não revelar o nome do livro e do autor? Porque isso seria dar-lhe importância e cair no mesmo “naming names” agressivo em que ele incorreu. E nada tenho a ver com essa pessoa.)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
"Quem quer regueifas?"
Sou de um tempo em que, à beira da estrada antiga entre o Porto e Vila Real, havia umas senhoras a vender regueifas. Aquele pão também era p...
15 comentários:
Não precisa de dizer, senhor embaixador, só pode ser Cavaco Silva.
Sr. Embaixador, estarei errado mas ocorreu-me de imediato MFM.
Mas aceito, escusado dizer, que mantenha o nome em aberto.
Cordiais saudações.
há livros que acabam por ser muito tristes Sr. Embaixador
também há filmes assim, com moral ou objetivos difíceis ou impossíveis de entender
também é muito triste a situação das mulheres prestes a dar à luz que vemos pelas notícias, tendo dentro de si uma nova vida, desamparadas quando elas e os seus bébés se encontram em situação de tamanha vulnerabilidade, transportadas de um lado para o outro, reféns de “conflitos” de hospitais?!
Talvez seja bom relembrar que tanto a nível de pagamentos, como a nível de orçamento do país, os portugueses não tratarão assim tão mal os profissionais de saúde, no mínimo para que não se apresente a situação como terceiro-mundista (com todo o respeito por certos territórios)
É porque lemos este tipo de notícias, por exemplo
17/01/2019 — https://eco.sapo.pt/2019/01/17/portugal-e-o-pais-da-uniao-europeia-com-maior-numero-de-medicos-generalistas-por-habitante/
há 6 dias — Portugal está no top 10 mundial em número de médicos por habitante. … O investimento do país em saúde é dos mais altos do mundo..
10/11/2021 — Pelo contrário, o número de médicos por mil habitantes em Portugal é superior à média da OCDE (5,6 contra 3.5). Estarão estas notícias e outras semelhantes, erradas?
Caro João Manuel Vicente. Se não vou dizer o nome do autor do livro, posso no entanto dizer quem ele não é. E as iniciais MFM não me dizem nada, com toda a sinceridade.
Caro João Cabral. Sobre Cavaco Silva, já disse, há cinco anos, o que tinha para dizer: https://duas-ou-tres.blogspot.com/2017/02/o-livro.html?m=1
Pois eu calho de achar que se trata de alguém que, não sendo Cavaco Silva, partilha uma coisa com ele... Para além do ressentimento, bem entendido...
MST of course
Não sei quem é o MST, mas garanto que não é o “meu” autor, pessoa de quem, muito provavelmente, nunca terá ouvido falar
JAS?
Leio todos os dias
Vivo longe ,mas ajuda me mentalmente
Mas estes esconderes e pseudocódigo de ,eu sei tudo.
Olha eu fico aqui e não percebo nada.
Mas gostava se os bois tivessem nome
Kanimambo do Thokollossha
Ao “unknown” que lê todos os dias. A minha nota não é sobre um determinado livro, com nome e história do autor. É sobre os livros cujo sumo é só ácido, de quem se sente feliz a falar mal dos outros.
Suponho que seja " Eu e os outros " de José António Saraiva (JAS)
VPV
Pode chegar-se ao fim da vida atafulhado de ressentimentos: quando a narrativa/interpretação do hemisfério esquerdo “doesn’t fit” com o que o hemisfério direito efetivamente viveu. Este último, estando “certo”, bioquimicamente esmorecerá. O primeiro, estando errado, persistirá até ao fim.
O Sr. Embaixador faz uma apreciação muito certeira das pessoas que vivem nesse registo, em geral são pessoas que criaram um modo de sobrevivência emocional assente numa fantasia de grandeza que os outros devem reverenciar, como, salvo exceções, os outros não estão para aí virados o que sobressai é este complexo de serem vítimas constantes de inveja e de ingratidão e o seu modo de vida é a competição destrutiva permanente e a rechaça dos mais patéticos pormenores.
Enviar um comentário