Não há qualquer acordo sobre a língua que possa obviar a desentendimentos semânticos. No Brasil, quando um diplomata vai para uma embaixada no exterior, diz-se que foi “lotado” nessa missão diplomática, isto é, que passou a fazer parte do “lote” do pessoal aí em serviço. E quando sai de um posto para outro, ou segue de regresso à sua capital, diz-se que foi “removido” desse posto, no sentido de ter sido “transferido”. Entre nós, dizer-se de alguém que foi “removido”, soaria estranho: remove-se um obstáculo ou um empecilho, não (em regra) um servidor público. Também pode acontecer, só que não se diz…
Ainda na ressaca de dois dias que passei na Fundação Calouste Gulbenkian, a discutir o futuro das relações entre Portugal e o Brasil, no ano em que se comemoram os 200 anos da independência deste último e em que o coração (físico) do primeiro imperador brasileiro surgirá como uma “vedeta” mórbida dos festejos, lembrei-me do que sempre pensei: somos, afinal, dois povos separados por “tanto mar” e por uma língua incomum.
Vem isto a propósito da notícia, hoje conhecida, de que o presidente ucraniano decidiu mudar a sua embaixadora em Lisboa. Há pouco, na CNN, perguntado sobre isto, estive quase para repegar nos dois termos - o usado em Portugal e o usado no Brasil - e especular: a embaixadora foi transferida ou removida?
Não fui por esse caminho. Disse, com toda a sinceridade, que entendia que a embaixadora tinha tido uma reação extremamente profissional, ao dizer, à comunicação social portuguesa, que se tratou de uma mudança já programada, até porque ela própria tinha tido a indicação de que iria sair, numa comunicação que lhe havia sido feita pelo respetivo ministro. Quando? Há dois dias.
5 comentários:
A noticia sobre a Embaixadora da Ucrânia tinha saído há pouco e já os repórteres lhe estavam a fazer perguntas. Gostei da sua resposta, não sei se é verdade mas os repórteres ficaram caladinhos.
Eis porque o Acordo Ortográfico para nada serviu, senhor embaixador. Uma perfeita inutilidade.
João Cabral. O que tem a ver um Acordo Ortográfico com a semântica? Informe-se melhor.
O senhor embaixador não percebeu. De nada vale um Acordo Ortográfico alegadamente unificador, se depois existem os mais variados problemas semânticos e sintácticos, além dos de pronúncia. Ou seja, os problemas de compreensão entre os dois países nunca foram ortográficos. É o mesmo que tentar pintar duas casas com a mesma cor para dizer que são iguais, mas tudo o resto nelas ser diferente. Fui mais claro agora?
Parece que houve atraso na entrega dos 15 personnel armoured vehicles da treta, eficazes em operações de policiamento, aquele lixo que o Costa prometera aos gajos no calor emocial provaco pelos oligarcas dos merdia; é capaz de estar relacionado, enfim, slava ukraini, talvez que em seguida seja o zel a ser removido, e é capaz de nem serem os russos a removê-lo, pode acabar (como aliás previ aqui há uns meses) pendurado. Pelos seus próprios lugares tenentes, que estão a ver o caso muito mal parado, o zel anda cabisbaixo e no Donbass é o colapso.
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